segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Fernanda Rodrigues fala da sua primeira vilã na TV


Fernanda Rodrigues está adorando se ver ruiva, tatuada e má em "Negócio da China". Stelinha, a vilã escrita por Miguel Falabella para o horário das 18h, é o tipo de personagem que a atriz - cara conhecida das novelas desde os 11 anos, quando estreou na TV com "Vamp" - buscava neste momento de sua carreira.

- Queria que as pessoas me vissem com outros olhos - reforça Fernanda, que completa 30 anos em outubro. - Já fiz fofoqueira, patricinha e menina rebelde, mas a Stelinha é um personagem que me desafia. Agora tenho que ter a maldade embutida no olhar o tempo todo. Ela é instintivamente má - define.

E também é durona. Tanto que para compor a vilã, Fernanda - que apareceu para a entrevista, num parque da Barra da Tijuca, com a mão imobilizada depois de machucar o dedo numa gravação - treinou kung-fu com o professor Dani-Hu.

- Desloquei o dedão ao gravar uma cena, mas não foi nada de mais - minimiza a atriz, que estava escalada para a trama das 18h desde o início. - Era para estar na novela desde o capítulo 50, mas só entrei mesmo no 70, porque a trama passou por um processo de mudanças. Foi bom porque assim tive ainda mais tempo para treinar kung-fu. Nas gravações me sinto dentro do "Kill Bill". Parece que eu arraso nas cenas de luta, mas é que sou muito dedicada. Quando fiz uma flautista em "Sabor da paixão", fui aprender flauta transversal. Já para "A lua me disse" tinha uma personagem que jogava bola. Eu ficava na praia driblando cone - diz.

"Negócio da China" é a 12 novela de Fernanda, que esteve ainda nas duas primeiras temporadas de "Malhação" - em 1995 e 1996 - e na minissérie "Aquarela do Brasil", exibida em 2000.

- Sou uma cria da TV e não tenho vergonha nenhuma de dizer isso - afirma a atriz, que contabiliza 26 anos de carreira. - São 17 anos só de Globo - detalha.

Modelo infantil desde os 3 anos, Fernanda gravou vários comerciais - seu primeiro trabalho foi a participação no clipe de "Lindo lago de amor", de Gonzaguinha - antes de estrear em novelas. Diz que sempre se divertiu com este tipo de trabalho, mas que desde muito pequena sabia que aquilo era sério. Filha de uma pedagoga, ela afirma que precisou abrir mão de algum lazer por conta do trabalho. Mas não se queixa de ter perdido parte da infância e adolescência.

- Lembro que concorri ao papel de "Vamp" com 50 outras meninas. Todas eram muito "montadas" e eu cheguei de macacão jeans e rabo de cavalo - conta a atriz, que decidiu que seguiria mesmo a profissão em sua terceira novela, "A viagem", quando interpretou a rebelde Bia.

- Aquele foi o primeiro papel que exigiu de mim uma disposição maior - recorda.

Apesar de a infância e a adolescência já terem ficado lá atrás, Fernanda revela que é constantemente lembrada como aquela garotinha lourinha de "Vamp".

- As pessoas ainda me veem muito como menina e isso é difícil de tirar. A frase que mais escuto é: "eu te acompanho desde garotinha". - conta a atriz, que hoje diz usar a cara de adolescente a seu favor - Na minha profissão isso significa vida útil. Mas já me incomodei muito por ter cara de garota, principalmente quando estava com 17 e 18 anos e era barrada nos lugares - confessa a atriz, que já cursou dois períodos de Comunicação Social e tem vontade de fazer Psicologia.

Dizendo-se cada vez menos ansiosa - antes ela não conseguia encerrar um trabalho sem já pensar no próximo -, Fernanda talvez volte ao teatro quando a novela acabar, em março. Ela quer muito fazer a montagem de Ulysses Cruz para "A comédia dos erros", de Shakespeare, mas não sabe se conseguirá conciliar a reta final de "Negócio da China" com a peça.

- Essa proximidade dos 30 anos me deixou mais serena e tranquila - acredita a atriz. - Entrar no meio de uma novela como fiz agora era o tipo de coisa que me deixaria insegura. Mas hoje confio no meu trabalho. Sempre fiz muitos planos e isso me fazia mal, me deixava um pouco angustiada - revela.

Adepta do pilates há seis meses, Fernanda ensaia um discurso zen: diz estar mais consciente do que quer e do que não quer; garante ter aprendido a apreciar as "pequenas coisas"; e que hoje prefere "ir com calma" no trabalho.

- Depois de "O profeta" (novela de 2006) fiquei um ano em cartaz com o Bruno Mazzeo na peça "Enfim, nós". Quando tudo acabou passei quatro meses viajando pelos Estados Unidos com uma amiga. Acho que tudo começou a mudar ali. Hoje estou amando a idéia de fazer 30.

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