A
 frustração com “Máscaras”, novela que a Record estreou em 10 de abril, 
não é apenas do público e da direção da emissora. O próprio autor, Lauro
 Cesar Muniz, tem se manifestado criticamente sobre o seu trabalho. De 
forma corajosa, ele já chama a novela de um “pesadelo”.
Enquanto os espectadores se afastam e os executivos da Record quebram
 a cabeça pensando em como recuperar a audiência perdida no horário, 
Muniz tem dado algumas pistas sobre as causas do insucesso.
Em duas entrevistas que deu nos últimos 30 dias, uma para o site da 
própria Record e outra para um blog independente, o autor tratou 
abertamente dos problemas da novela.
Em 19 de abril, questionado sobre a baixa audiência dos primeiros dias, Muniz deu a seguinte explicação:
É uma novela com temas muito fortes: depressão pós-parto (DPP), 
um sequestro com bebês envolvidos, uma garota morrendo com câncer, uma 
festa de descasamento. Não acenei para a alegria e a felicidade. Fui 
radical e estou pagando por isso.
Provocado a culpar o público pelos baixos números da novela, o autor preferiu responsabilizar as novelas concorrentes:
O público gosta de novidades, mas tantas foram as novelas de 
fácil comunicação, esquemáticas, simples demais, que os telespectadores 
tomaram o formato como padrão. Todos parecem querer ver a mesma coisa 
sempre, mudando um pouco a história mas mantendo sempre o maniqueísmo. 
Há exceções, claro. Mas não pesam pela avalanche de histórias simples 
demais. ‘Máscaras’ está contra a corrente dos mais acomodados,  está 
mexendo um pouco com o universo dos telespectadores. É bom que isso 
aconteça, mas nós temos que ter paciência.
Indagado se tinha planos de mudar alguma coisa, ele disse:
Eu já ultrapassei o capítulo 40. Não vou mexer em nada até aí. 
Seria desorganizar uma história que está bem amarrada. A novela vai 
reagir. Calculo umas duas semanas ainda.
Quase
 um mês depois, em 16 de maio, sem que a audiência da novela tenha 
melhorado, mas sim piorado, Muniz deu outra entrevista e explicações 
diferentes, ainda mais francas. Frustrado com o próprio trabalho, o 
autor disse:
Eu acho que me empolguei demais em criar uma trama policial cheia
 de mistérios e cometi o grave erro de abrir esses mistérios sem 
fechá-los em pouco tempo. Isso deu a sensação de trama sem clareza. No 
ar, a maioria das respostas está sendo dada, mas talvez seja tarde. O 
público tem pressa. Como eu não tinha quando escrevi – a novela ainda 
não estava no ar – eu perdi essa perspectiva. Foi o erro mais grave que 
eu cometi.
Fez uma crítica, também, à direção de “Mascaras”:
Meus diálogos são simples e realistas. Se dão a alguns a 
impressão de serem “literários” (no mau sentido) é porque a direção da 
novela se equivocou no tom, dando aos atores certa solenidade. Por mais 
que eu alertasse, no início, não obtive a atenção dos diretores, pois 
estavam envolvidos com uma gravação dificílima em um navio. Ao voltar 
havia um atraso considerável e as reuniões não sanaram este problema.
No trecho mais forte da entrevista, Lauro Cesar Muniz reconheceu o seu “equívoco” e tratou de “Máscaras” como um pesadelo.
Não me sinto injustiçado, não. Ao contrário me sinto “justiçado” –
 cometi um erro grave e estou pagando por isso. É uma pena que eu tenha 
errado em minha última novela. “Máscaras” vai para meu rol de equívocos 
como “Os Gigantes”.  Eu gostaria de acordar desse pesadelo.
 
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