segunda-feira, 22 de abril de 2013

A Grande Família – 13×01: Cozido é Pra Se Comer Brigando [Season Premiere]



Quando o passado traz novos ares.

Spoilers Abaixo:
A Grande Família é a série brasileira há mais tempo no ar. Começou em 2001 num horário ingrato (após o Linha Direta, um programa nada “família”) e hoje, 12 anos depois, estreia sua nova temporada com a próxima já garantida. O segredo do seu sucesso é a identificação do público com os personagens. Toda família tem um Lineu, uma Nenê, uma Bebel, um Tuco, um Agostinho.

Mas tanto tempo no ar traz desgaste ao programa. Afinal, muito do que poderia ser explorado, já foi. Problema semelhante ao que acontece com Os Simpsons na TV americana. Ano passado, tentaram renovar o programa com um salto temporal de quatro anos após um coma do Lineu. Não deu certo, e a temporada não empolgou crítica nem público.

Agora, é feita uma nova tentativa de renovação. E a ideia não poderia ser mais simples. Foram as situações do cotidiano desta família que fizeram da série um sucesso, anos atrás. E nada melhor para recuperar o interesse do público do que voltar ao básico: colocar todos para morar na mesma casa de novo e focar o roteiro nas relações familiares.

O artifício utilizado para que todos voltassem a viver sob o mesmo teto foi a decisão do Lineu e da Nenê de deixar os seus bens ainda em vida para os filhos. Como o Tuco precisava do dinheiro para investir na sua nova peça de teatro (uma montagem de Hamlet), livrou-se da sua parte da casa logo no primeiro dia, vendendo-a para a irmã.

Assim, Bebel e Agostinho retornaram ao lar dos Silva, mas desta vez como proprietários. E para comemorar, decidiram fazer o tradicional cozido da Dona Nenê (só que desta vez pelas mãos da Bebel, com ingredientes nada tradicionais como shitake e shimeji).

Todas as picuinhas familiares e as confusões causadas pelo conflito de gerações ganharam força por serem facilmente identificáveis como situações reais. Enquanto Bebel e Agostinho lutavam para provar que podem assumir a liderança da família, Nenê e Lineu protegiam os seus “cargos” originais com unhas e dentes.

Aplausos para o recurso narrativo de passar toda a briga principal em fast forward e depois colocar os personagens em frente à TV para assistir o que aconteceu. O peso da situação tornou-se maior ao vermos antes as feridas abertas e só depois o que as ocasionou.

Os coadjuvantes até apareceram neste primeiro episódio, mas foi a família Silva que teve espaço para brilhar. E para reverenciar seu próprio passado. Cenas dos doze anos do programa foram inseridas com maestria na narrativa deste que foi um dos episódios mais nostálgicos da série.

A Grande Família está de volta e, ao olhar para o seu passado, ganha fôlego para um longo futuro.

PS. Tem gente que não gosta de spoilers de séries e filmes. Lineu Silva não gosta de spoilers do telejornal. Afinal, qual a graça de ouvir uma notícia sabendo antes o que vai acontecer pela internet?

PS2. Que bom que a trama do Agostinho ex-presidiário não durou nem um bloco inteiro. Era preciso resolver isso para dar continuidade aos eventos do final da temporada passada, mas se alongar nessa história iria contra a nova proposta da série.

PS3. Ver o Rogério Cardoso nos flashbacks tornou o episódio ainda mais nostálgico. O ator interpretava o Seu Floriano, avô da família Silva, e morreu durante a terceira temporada da série.

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