De uns tempos para cá, Ana Paula Arósio tem feito trabalhos pontuais na TV. Tanto que seu último papel foi como a Laura de "Ciranda de Pedra", em 2008. Antes disso, participou do "Casseta & Planeta, Urgente!", em 2007, e interpretou a Olívia de "Páginas da Vida", em 2006. Agora, na pele da promotora Ana Beatriz, de "Na Forma da Lei", a atriz acha necessário fazer um bom intervalo entre um personagem e outro. "Quando se está iniciando uma carreira, é preciso se dedicar mais. Acho que hoje consigo um equilíbrio maior", analisa. "Sei que preciso dessa energia dedicada ao trabalho, mas isso não é possível eternamente. Tenho de ter um tempo para respirar também", completa.
Mas o momento não é de descanso. Afinal, Ana Paula encarna uma personagem com sede de justiça. Ainda mais depois que o noivo de Ana Beatriz, Eduardo, vivido por Thiago Fragoso, é assassinado por Maurício, de Márcio Garcia, que continua impune e cometendo uma série de atrocidades. "Grande parte da revolta do meu papel vem do fato de o assassino estar livre", explica. A partir de então, a promotora se une a outros quatro amigos da época da faculdade de direito para lutar por justiça. "As pessoas vão achar algumas cenas pesadas. Por mais que não sejam esteticamente, a mensagem ali é forte", adianta.
Na história de oito episódios, escrita por Antônio Calmon e dirigida por Wolf Maya, Ana Beatriz é uma mulher honesta, que adora trabalhar como promotora. "Minha personagem é totalmente dedicada à profissão. Ela quase não tem vida pessoal", analisa. Tanto trabalho e a perda do noivo fazem com que Ana Beatriz fique muito fechada. Mas o romance ganhará lugar quando ela deixar Célio, vivido por Leonardo Machado, se aproximar. "O Célio, coitado, fica esperando uma brecha desde o início. É difícil chegar na Ana Beatriz, mas ele chega. No final, mas chega", adianta. O convite para o papel partiu de Wolf Maya, que já conhecia Ana Paula desde quando ela protagonizou "Hilda Furacão", em 1998. "Acho que, quando ele me mandou o texto, já sabia que eu ia aceitar. Ele é danado e sabe que me apaixono por personagens intensos", constata, aos risos.
Para viver a promotora, Ana Paula leu livros sobre filosofia do direito e filosofia jurídica. Com os estudos, a atriz pôde entender melhor o universo em que se passa a série. "Um dos livros dizia que pessoas que convivem com esse tipo de energia carregam uma melancolia porque lidam com o pior do ser humano. Mas a minha personagem lida com o melhor também", alivia-se. Ainda assim, a atriz teve de fazer algumas aulas de tiro. Foram cerca de quatro para que Ana Paula tivesse uma noção básica de como segurar uma arma. Apesar de ser um instrumento temido por muitas pessoas, ela achou o laboratório interessante. "Foi bom até para desmistificar um pouco. É importante encarar como um jogo. Se eu preciso aprender isso para fazer a cena, vou aprender", ressalta ela, que também cortou os cabelos para interpretar Ana Beatriz. "Nunca tive o cabelo assim tão curtinho. Gostei bastante", diz.
Diferentemente do que ocorre em novelas, as gravações de "Na Forma da Lei" acontecem fora da ordem cronológica, de acordo com os cenários montados. Por isso, Ana Paula já muitas fez cenas do final da série, mas não fez algumas do início. "É engraçada essa relação. Mas como a gente tem o texto fechado, consegue fazer a curva do personagem e estudá-lo", explica a atriz, que torce para uma segunda temporada. "Não sei se vai ter porque grande parte do elenco é assassinada", destaca. Quando a produção chegar ao fim, Ana Paula deve voltar a se dedicar ao que gosta de fazer quando não está no ar: administrar seu sítio, no interior de São Paulo. Lá, a atriz cuida da produção de feno. A vocação para o trabalho no campo, aliás, vem de família. "Tenho ascendência italiana. Eles vieram para cá para cuidar de cafezais, aquela coisa toda de 'Terra Nostra'. Por isso aquela personagem foi tão marcante para mim", lembra, referindo-se a Giuliana da novela de Benedito Ruy Barbosa, exibida pela Globo em 1999.
