Glória Pires e as telenovelas brasileiras têm uma 
semelhança curiosa: o mesmo tempo de existência. No ano em que a atriz 
nasceu, 1963, surgiam também os folhetins diários. Para encerrar a 
temporada do "Damas da TV", o programa do dia 29, às 21h, será sobre Gloria, a mais nova entre as vinte e três homenageadas da atração. Com
 trabalhos no teatro, televisão e cinema – que lhe rendeu diversos 
prêmios –, a convidada faz um panorama de sua carreira e destaca a TV 
como seu grande palco. "Sempre vivi da televisão. Comecei 
muito cedo – aos cinco anos - e até hoje ainda tenho prazer em trabalhar
 nela. O cinema entrou depois. Não sei como é viver de teatro ou de 
fazer cinema. Minha vida toda foi construída na TV", assume. 
 
 
Glória Pires no "Damas da TV"
 
Apesar da extensa trajetória artística, que inclui papéis marcantes, como Fátima de "Selva de Pedra" (1972), sua estreia em telenovela; Maria de Fátima em "Vale Tudo" (1988) e Sandra de "Água Viva" (1980), Gloria conta que teve que driblar algumas questões internas até o começo da adolescência: "Foi
 um começo muito sofrido para mim. Eu tinha um senso de responsabilidade
 bastante grande, muito compromisso e medo de errar. Lembro que 
questionava: 'Se eu esquecer? E se eu errar?'. Era sempre uma 
preocupação", diz.
 
 
Glória Pires como a inesquecível Maria de Fátima em "Vale Tudo" (1988)
 
Mas o dia a dia foi mais fácil com a ajuda do pai, o humorista 
Antônio Carlos Pires, cujos ensinamentos serviram de base e norteiam a 
atriz até hoje. "A escola que tive foi com ele. Por muito tempo, me guiou como um professor na lida de textos, em como falar ou pausar". A veterana conta ainda que foi com ele que aprendeu a não se preocupar em decorar os textos. "Ele sempre me aconselhou que eles servem como base e tenho certeza que a orientação dele é o que tem me levado. Sigo a risca", define.
 
 
Como Sandra Fragonard na novela "Água Viva" (1980)
 
Entre os personagens consagrados, Gloria também destaca Zuca de "Cabocla" (1979), sua primeira protagonista. Na época, ela engatou um romance com Fabio Jr., seu par romântico na trama. "Foi
 um novo desafio, porque era uma personagem que não tinha nada a ver 
comigo. Eu morria de medo de cavalo! Não queria fazer um sotaque, achava
 que não ia ficar bom. Então, foi bem complicado. Mas a história era 
linda, a novela foi linda!". Já Marisa de "Dancin' Days" (1978), a convidada considera como um divisor de águas em sua carreira. "A personagem era incrível, a história impecável. Uma das novelas que mais gosto". Para entrar no elenco da trama, ela lembra que participou de um teste com 200 meninas. "Estudei a cena durante uma semana. E foi uma maravilha, foi uma escola".
 
 
Em Dancin' Days como Marisa, em 1978
 
Ruth e Raquel, gêmeas interpretadas por Gloria em "Mulheres de Areia" (1993) também ajudaram a construir sua trajetória na televisão. "Foi
 um 'tour de force', porque eram dois personagens. A Antônia (filha da 
atriz) estava com três meses. Eu trabalhava em dobro. Até aprender como 
fazer, era uma trabalheira louca. E houve grandes momentos. Lembro de 
quando gravei a cena em que a Ruth esbofeteia a Raquel. Fizemos o take 
onze vezes até ficar perfeito", explica.
 
 
Glória Pires como Raquel na novela "Mulheres de Areia"
 
Ao programa, a Gloria também admite que teve muita sorte ao longo dos anos: "Além
 de ter sido chamada para os papeis mais incríveis, tive a oportunidade 
de trabalhar com todo mundo que eu admirava. Todos os artistas que eu 
acompanhava, que eu curtia, acabei encontrando. Realmente foi muita 
sorte, porque conheci o melhor de cada um deles, que foi atuando, em 
cena", conclui.
No fim do programa, o "Damas da TV" faz uma homenagem a divas da teledramaturgia que já partiram. Entre
 elas, Cleyde Yáconis, Nair Belo, Leila Diniz, Dercy Gonçalves, Lílian 
Lemmertz, Sandra Bréa, Dina Sfat, Isabel Ribeiro e Zilka Salaberry. 
Muitas dessas atrizes, que se dedicaram a uma das maiores paixões 
nacionais, ainda podem ser vistas na tela do VIVA.
 


 
  
  
  
  
 















