A Rede Globo estreia na quinta-feira, dia 4 de novembro, logo após "A Grande Família" a série "Clandestinos - o sonho começou". A produção de sete capítulos conta a histórias de jovens de diferentes lugares do Brasil que sonham com o sucesso.
Inspirado nos relatos de vida de 17 atores selecionados em um teste de elenco, João Falcão escreveu esta trama que aproxima realidade e ficção. Fábio (Fábio Enriquez) é autor e diretor de teatro e resolve fazer uma audição para sua próxima peça. Para isso, conta com a ajuda de sua fiel assistente e produtora, Elisa (Elisa Pinheiro). O casal enfrenta dificuldades de montagens, orçamento, dilemas de diretor/autor e produtores de uma maneira divertida e poética.
Esta é uma história “sobre esses moços e moças que sonham nessa cidade esse sonho de ser artista”. A fala de um dos personagens da série apresenta com propriedade o tema do programa que vai além da arte e fala a todos da jornada seguida pela juventude em busca de seus objetivos. A história surgiu quando João Falcão escutava relatos de jovens que buscavam em um teste para o teatro o ponto de partida para o sucesso. A peça virou sucesso de público e crítica, ganhou os prêmios APTR (Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro) de melhor autor, Qualidade Brasil de melhor direção em comédia e agora ganha adaptação para a TV .
Depois de contar suas histórias em uma trajetória de sucesso no teatro, o mesmo grupo de atores foi escolhido por João Falcão para a adaptação em TV. “Eu queria pessoas que estivessem representando algo que eles estariam vivendo de verdade”, explica João. Embora estreantes em televisão, a diretora Flávia Lacerda garante que não houve dificuldades na hora das gravações: “Eles são excelentes atores, o que torna mais fácil o ajuste para a mídia televisiva. Até porque eles já tinham essa longa vivência dos personagens”, garante.
Ao contrário do processo tradicional de criação de um roteiro, em 2008, João Falcão decidiu compor seu enredo a partir dos personagens. Foi então que publicou na internet um chamado para um teste de seleção de elenco para jovens de 18 a 28 anos. Em resposta, centenas compareceram ao teste e, após ter o elenco escolhido, as histórias foram escritas com base na entrevista e convívio com os rapazes e moças, dando então origem a ‘Clandestinos - o sonho começou’.
A partir daqui, realidade e ficção se confundem, assim como criatura e criador. A partir de suas experiências de vida, seus medos, pontos fortes e fracos de cada candidato, os atores trouxeram aspectos únicos para seus papéis. As dificuldades de montagens de uma peça, orçamento, dilemas de diretor/autor e produtores são também exibidos de uma maneira divertida e poética. A montagem apresenta os personagens de maneira dinâmica, utilizando-se do artifício do flashback para desenhar por completo o perfil de cada um deles.
À procura de uma história
Fábio (Fábio Enriquez) é autor e diretor de teatro e resolve fazer um teste de elenco para sua próxima peça. Sem história, orçamento ou um planejamento, ele publica uma convocação para audições na internet. O chamado acaba surtindo um efeito melhor do que o esperado: um mar de gente formando uma fila na porta do teatro na hora do teste. Jovem muito sonhador e idealista, Fábio (Fábio Enriquez) conta com sua fiel assistente e produtora, Elisa (Elisa Pinheiro), para ajudá-lo a tomar decisões e organizar suas ideias. Como os dois já viveram um romance no passado, suspeita-se que a motivação do convite seja mais do que profissional.
Os candidatos ao teste são verdadeiros personagens de mundos muito diferentes, mas com algumas semelhanças: jovens que acreditam no seu talento e alimentam o mesmo sonho de viver da sua arte.
A história destes moços e moças
Já na fila formada à porta do teatro, é possível conhecer um pouco mais sobre a história de cada um dos candidatos. Eduardo (Eduardo Landim), por exemplo, tem 17 anos e foi criado por sua avó, que é a sua maior preciosidade e está muito doente. Persistente, busca uma saída para os papéis estigmatizados para negros para os quais ele sempre foi escolhido, desde a época de teatrinho da escola.
A mineira Adelaide (Adelaide de Castro) vem de uma família humilde. Saiu de Três Rios com o dinheiro contado apenas para fazer o teste no Rio de Janeiro. Dotada de um olhar romântico em relação à cidade, tem a certeza que vai esbarrar com Fábio Assunção assim que pisar lá. Já as gêmeas Giselle (Giselle Batista) e Michelle (Michelle Batista) enfrentam um dilema de querer conquistar carreiras independentes e deixarem assim de ser “a mesma pessoa”. Conhecidas pelo papel que interpretaram em ‘Malhação’ como irmãs gêmeas, já tentaram ser diferentes, mas quanto mais tentam se distanciar, mais sucesso fazem juntas.
Ao longo dos episódios, serão mostradas outras realidades. Como a de Junior (Junior Vieira), jovem ator negro, filho de diplomata. Viveu muito pouco no Brasil, mas deseja interpretar um verdadeiro bandido em cena e vai convencer Fábio (Fábio Enriquez) de seu talento de uma forma bem convincente. Já a nordestina não assumida Chandelly (Chandelly Braz) vem para o Rio sonhando com o sucesso e acredita que só aprendendo o sotaque carioca vai conseguir seu espaço como atriz. Ela trabalha em uma lanchonete onde conhece Edmilson (Bruno Heitor). Ele se apaixona pela moça de Olinda e vai fazer de tudo para realizar seu desejo, até ensiná-la a falar “carioquês”.
Fábio (Fábio Enriquez) consegue reunir também pessoas com os mais diversos talentos, como é o caso de Marcela (Marcela Coelho). Do interior de Minas, ela saiu de casa para estudar teatro e seu forte está nos musicais. O mesmo vale para o baiano “branquinho”, Emiliano (Emiliano D´Ávila), que é fã de Daniela Mercury e sabe dançar axé, jogar capoeira e mexer com as mulheres como ninguém.
Encontros inesperados
A cada teste, Fabio fica mais ansioso por novos relatos de vida e Elisa (Elisa Pinheiro) mais aliviada pela previsão de fim das audições. Para surpresa do diretor, alguns personagens de seu passado responderão à convocação de elenco. Um deles é Hugo (Hugo Leão), amigo com quem contracenou no teatro na época de escola, em Brasília, e de quem acababou se afastando por motivos que ele prefere não revelar.
Fábio (Fábio Enriquez) também irá rever uma ex-namorada da época de faculdade, Nanda (Nanda Costa). A ideia de fazer uma peça sobre atores iniciantes foi compartilhada com ela, no passado, mas ficou esquecida a partir do momento em que ela passou em um teste para televisão que acabou separando o casal. A presença da atriz irá abalar o diretor e instigar o ciúme de Elisa (Elisa Pinheiro).
Outra surpresa será o reaparecimento de Luana (Luana Martau), que foi apresentadora mirim de um programa de TV quando tinha 11 anos e dividia o palco com alguns meninos, um deles era o Fábio (Fábio Enriquez). Desequilibrada, ela culpa-o pelo declínio de sua carreira que começou no dia em que ele recusou o convite para ser seu par, ao vivo, no programa infantil. Convicta que este é o motivo de seu fracasso, ela retorna para cobrar dele um papel que vai trazê-la de volta aos holofotes, e usará de métodos nada convencionais para convencê-lo a cumprir seu desejo.
Os últimos serão os primeiros
Outro teste nada convencional será o de Alejandro (Alejandro Claveaux), que se incomoda por, após interpretar um modelo em uma novela, ter ficado estereotipado pelo público. Ele é capaz de fingir ser gago e até mesmo forjar uma amnésia para provar a Fábio (Fábio Enriquez) e Elisa (Elisa Pinheiro) que não é ator de um papel só. Já Renata (Renata Guida) é uma paulistana que veio para o Rio escalada para protagonizar uma novela, mas não chegou a gravar uma cena sequer. Sua vontade é voltar para o teatro alternativo, mas seu pai, um político milionário, utilizará suas facilidades para mudar os planos da filha.
Ao contrário de Renata, Deborah (Deborah Wood) tem o apoio de seu pai para tudo. Ele é o maior incentivador da filha para seguir a carreira de atriz. Contudo, Deborah está cansada de fazer papel de gordinha hilária e sonha em interpretar a mocinha. Em paralelo, um ator em crise comparece ao teste apesar de todas as dificuldades que sua vida impôs à sua profissão. Esse é Pedro (Pedro Gracindo), que, diante da surpresa de uma gravidez não planejada de sua esposa, acabou deixando sua profissão de lado para tornar-se pai e “dona-de-casa” por tempo integral. Com o tempo, ele passa a achar a profissão de médica seguida por sua mulher muito mais importante que a sua, mas ela não vai deixar que ele abandone seus sonhos com tanta facilidade.
O Cenário
A cenógrafa Márcia Inoue conta que teve uma grande liberdade para experimentar um olhar diferente, não convencional, neste programa. Como a série tem um aspecto realista muito forte, eles recriaram o palco do Teatro Glória, o mesmo usado no teste de elenco para a peça ‘Clandestinos’, em 2008. Partindo daí, os recursos foram ficando mais elaborados, como o uso de maquetes e escalas, utilizando referências do filme ‘A Máquina’, e cenário virtual em 3-D. Para contar a história de cada personagem, foi utilizada uma mistura de trabalho manual e recursos tecnológicos, com a intenção de criar um clima romântico que traduzisse o ponto de vista do diretor da peça, que ouvia e imaginava a saga de cada um dos personagens que se revelava durante o teste. A construção de cada perfil foi feita de maneira diferenciada, como por exemplo o teatro do personagem Pedro, que era de papel e o de Renata, que era uma ilustração.
A Caracterização e o Figurino
A caracterizadora Mary Help conta que trabalhou em parceria com o figurinista Antonio Medeiros para criar um trabalho harmonioso. As referências ele conta que vieram de estudos da moda usada na rua das grandes cidades do mundo todo, como Amsterdam, Londres, Paris e até Xangai. “As ansiedades e pulsações dos jovens daqui não são diferentes dos de outras partes do mundo. Eles estão muito interligados”, explica Antonio. Já Mary comenta os desafios de caracterizar alguns dos atores em diferentes idades de seu personagem, como é o caso de Fábio que, em flashbacks, revive seus 13 anos, a adolescência em Brasília e depois, já mais velho, na faculdade estudando teatro.
“Nesses momentos, contamos muito com a parceria dos atores e neste caso foi ótimo, pois o Fábio concordou em usar uma peruca, raspar a cabeça e até fazer um corte estilo Menudos”, lembra a caracterizadora. João Falcão forneceu muitas informações sobre os personagens para a dupla, o que ajudou na composição de cada um deles: “Ele gostava e opinava, às vezes mudava o texto em função da caracterização. O que é muito gratificante para nós”, conta Mary.
A Trilha Sonora
Música é personagem importante em ‘Clandestinos – O Sonho Começou’. Começa com um Belchior de 1976 revisitado pela clandestina banda Vermelho 27 em arranjo concebido por Robertinho do Recife. “Apesar de muito moço, me sinto são e salvo e forte”, diz um verso de Sujeito de Sorte. “Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro”, diz um outro.
A série tem ainda mais nove canções produzidas especialmente por Ricco Viana, parceiro de João Falcão no teatro (“O pequeno Príncipe”, “Mamãe Não Pode Saber”, “Clandestinos – a peça”), e de João Falcão e Flávia Lacerda na Televisão (‘Sitcom.br’, ‘Dó Re Mi Fábrica’, ‘Laços’).
Tem Laila Garin, clandestina baiana, cantando “Se Eu Quiser Falar Com Deus”, de Gilbert Gil, e, vestindo apenas a guitarra de Carlos Martau, clandestino gaúcho de longa data, ela canta “Banho de Piscina”, de João Falcão. Tem Luana Martau, filha de Carlos, a Mirinda da série, cantando mais duas de João Falcão: “Fadinha da Paz”, antigo hit do seu personagem, e “A Outra Metade do Blues”, tema de Fábio e Elisa. Tem “Glass Morning”, de Coy Klark, clandestino carioca em Los Angeles sobre o piano de Toninho Van Han, do Rio Grande do Sul. Tem Bruno Heitor, do elenco, fazendo cello de contra-baixo em “You Don’t Know-me”, de Eddy Arnold e Clint Walker, Clarice Falcão cantando “I'm Nobody” dela mesma e “Ar de Chique” pelas clandestinas Luana Martau, Laila Garin e Elisa Pinheiro. Além de “Quem Quer Comprar Meu Samba”, de Ricco e João pelos Clandestinos do elenco.