
Quando tudo está desmoronando.
Spoilers Abaixo:
Com o choque da semana passada, todos 
estávamos curiosos sobre o que podia acontecer essa semana.  Como seria 
para Théo encarar a morte inesperada de um paciente e se essa fatalidade
 atingiria as outras sessões. Conforme o esperado, a semana não 
decepcionou e abordou a morte de Breno de maneira completa. Não 
conseguiram dizer adeus ao personagem que tanto fez e que indiretamente,
 ajudou a desmoronar certezas nessa semana.
Segunda- Júlia
Quando Théo ouviu aquela mensagem que o 
avisou sobre a morte de Breno, pensei imediatamente no fato dele não ter
 impedido a volta de Breno ao trabalho, não ter dado uma opinião. 
Opinião. Desde a primeira sessão de Breno, vimos que ele nunca se 
importou com a opinião de Théo, quando ele finalmente a pediu, Théo 
resolveu racionalmente ignorar uma sugestão baseada em um 
pressentimento.
O velho triângulo Théo-Júlia-Breno é 
relembrado nesse episódio, em que Júlia nos mostrou mais uma vez que é 
especialista em não se apaixonar por caras que ela considera como 
“legais”, como Breno. Mas a função dela foi além, Júlia ajudou a 
desmistificar Théo, a lembrá-lo que ele era só o terapeuta e nada podia 
fazer além daquele consultório. Essa imagem de Théo como alguém 
perfeito, vem sendo quebrada há um bom tempo na série. Acredito que não 
foi em vão que escolheram na versão brasileira, o nome Théo para o 
terapeuta. Théo significa deus, mas como Breno bem falou, esse deus está
 em ruínas.
A faceta egocêntrica de Júlia apareceu 
mais uma vez, com ela dizendo que se sentiu, de certa maneira, aliviada 
em saber que Breno tinha morrido e não que Théo estava rompendo tudo com
 ela. A ligação dos dois ainda parece forte, ele temeu a reação dela 
sobre a morte do Breno, mostrou fotos da família, ela fez questão de 
contar que André está namorando (parecendo querer restabelecer a 
terapia) e os dois dividiram a certeza de que estão sozinhos.
Júlia também foi a porta-voz de como 
Théo afetou a vida de Breno. Como passou a vida inteira sem ninguém que o
 ouvisse e entendesse, Breno encontrou em Théo, uma fonte de inspiração.
 Ele sonhava em velejar e conquistar os mares a partir da coleção de 
barcos que via no consultório de Théo, queria submergir nas águas do 
sentimento, mas acabou por ganhar, muito cedo, os céus. A história da 
outra terapeuta mostrou que mesmo que Théo esteja consciente de que não 
tem culpa direta no que houve, ele pensou em como a sua profissão não 
tem poder sobre o mundo. Ali dentro, ele cuida de uma pessoa, mas fora, 
há um mundo de imprevisibilidades. Théo enxergou a sua impotência e não 
gostou.
Agora a atitude que eu mais esperava do 
Théo, veio no final do episódio, quando ele afirmou para Júlia que não 
quer cometer o mesmo erro que seu pai, que deixou a casa para ficar com 
uma paciente. A recusa de uma carona para o cemitério, só provou isso. 
Espero que ela agora entenda que não vai conseguir nada com Théo porque a
 questão é acima dos dois, é muito mais uma tentativa de Théo de não se 
assemelhar ao homem que tanto o machucou. Mas óbvio que isso não é uma 
certeza, já que parece que ele só avisou Júlia sobre o ocorrido.
P.S: Óbvio que a 
tremida na câmera foi algo intencional e feita só para nos deixar 
intrigados. Não pareceu uma demonstração de que aquilo tudo era uma 
“ilusão”, foi apenas uma tremida de câmera, um detalhe, nada mais.
Terça- Pai de Breno 
Fiquei me perguntando o que fariam na 
terça-feira, já que Breno morreu. A saída encontrada foi muito 
satisfatória e gerou o episódio mais tenso da semana. Não tínhamos mais o
 Breno, mas o entendemos mais, conhecendo seu pai.
O homem de aço citado em 
todas as 
sessões com Breno, finalmente apareceu. Gostei da atuação de Norival 
Rizzo, que teve uma ótima química com Zécarlos Machado, mesmo aparecendo
 pela primeira vez. Seu Antônio é um homem rígido, que matou o pai 
quando jovem (sufocou o pai para que ele não tossisse e os entregasse 
para ditadura), aprendeu que tinha que ser o melhor e ensinou as mesmas 
coisas ao filho. Só que o filho não era como ele. Dói só de pensar em 
como foi difícil para Breno construir uma pose de machão e ter que 
deixar de fazer as coisas que realmente gostava, como música, literatura
 e cinema.
 Seu Antônio foi ali para tentar 
descobrir se o que ouviu durante o enterro de Breno era verdade, queria 
saber que Théo confirmava se Breno era gay. Percebi o quanto a atuação 
de Norival estava boa, quando me peguei o achando detestável logo de 
cara, ainda mais em saber que ele só estava preocupado com a sexualidade
 do filho e não em saber se ele era feliz. Quantas pessoas tem a mesma 
opinião sobre a psicologia que Antônio tem, pensam que é só uma questão 
de bagunçar a vida dos pacientes e ganhar dinheiro. O episódio também se
 concentrou em questionar até que ponto a terapia é benéfica, como seu 
Antônio questionou, será que está certo recordar de coisas passadas, ir à
 origem do trauma e desvendar o subconsciente?
Breno estava no meio de uma ação e de 
repente, começou a atirar, causando o espanto de todos, que afirmaram 
que ele era o único responsável por sua morte. O pai de Breno culpa a 
terapia por isso, dizendo que Breno não aguentou todas as coisas que 
descobriu e preferiu morrer a assumir sua sexualidade. A incerteza sobre
 o que passou na mente de Breno naquele momento, é o que nos assusta e 
mexe com Théo, o terapeuta que sempre buscou respostas, se vê diante de 
uma morte sem explicação. Não sabe se foi um erro, ou um desejo de 
morrer de Breno, não sabe até que ponto a terapia influenciou na mente 
de um atirador que não pode pensar durante uma ação. Nunca ter sentido 
nada em vida, já evidencia que Breno estava morto em vida.
Quero destacar duas situações marcantes 
desse episódio: a alucinação de Théo e o tapinha que Théo deu no joelho 
de Antônio. A alucinação, mostrou como Théo enxergou a culpa do pai de 
Breno, chorando e se dizendo arrependido pelo que fez com Breno. 
Acredito que é dessa forma que seu Antônio se sente, mesmo que não 
transpareça isso. Ainda na alucinação, depois seu Antônio começou a 
passar mal e Théo o chamou de “pai”, entendi que Théo associou o seu 
Antônio com o pai dele, vale lembrar que Théo também tem uma relação 
caótica com o pai, ali enxergou em como seria perder o pai e pediu 
perdão, o que mostra a vontade de Théo em fazer as pazes com o pai. 
Depois, a maravilhosa cena do tapinha no joelho, no momento em que 
Antônio mais precisava de consolo, ele recebeu o mesmo gesto de 
indiferença que dava ao filho, a reação do tapa a seguir, mostrou o que 
faltou ao Breno, colocar pra fora que aquele gesto o incomodava. Théo 
foi preciso ao colocar o pai na pele do filho, só precisou de um simples
 gesto para mostrar o que Breno passava. Todos nos sentimentos vingados 
naquele momento.
P.S: Tem de tudo nessa gaveta do Théo né? Álbum de fotografias, cobertor, etc. 
Frase do episódio: “Pra mim, 
você é igual puta.” Antônio dizendo que Théo só queria ganhar dinheiro e
 não se importava com seu filho.
Quarta- Nina
Nina quer livrar-se de suas culpas, 
medos, segredos. Seus cabelos, pela primeira vez mostrados soltos, 
simbolizam esse desejo de liberdade. O problema é como começar a mudar, 
tomar a iniciativa quando se vê tudo que você acredita, desmoronando ao 
seu redor. Nina não sabe o que fazer e para onde ir, e incrivelmente, 
acredito que agora será o momento dela se encontrar.
Nina estava diferente nesse episódio, 
sem agressividade com a mãe e Théo, tirando o momento em que ela 
levantou sua blusa para que ele visse as manchas em seu corpo, mas 
depois, ela própria reconheceu que exagerou. Ter alguém com quem dividir
 um segredo, fez bem para Nina. Desde o começo, ela “falava” por sinais 
com Théo, avisava pelo olhar que algo estava errado e o terapeuta, soube
 no momento certo, invadir o espaço dela.
A sensação de estar sempre errada e 
culpada, a levou causar um acidente, dói para Nina ver algo desabar. 
Lembram quando Théo comparou Nina com a Dorothy? Hoje quero compará-la 
com o Peter Pan com seu medo de crescer e ver que nada será como antes. 
Ela sabe que seu pai não vai voltar e não querer atende-lo só prova 
isso. Como podem ter machucado tanto essa garota? O pai destroçou os 
sonhos da menina de 7 anos que o considerava um herói e a mãe que não a 
protegeu de ver essa cena e nem leu seu diário.
Nem na ginástica, ela se sente mais sob 
controle, seu medo da trave e a alergia em seu corpo, mostram uma Nina 
assustada com tudo e que ainda vai ter que focar nas eliminatórias para 
as Olimpíadas. Théo tentou durante toda sessão, retirar essa culpa de 
cima da paciente, ajudá-la a entender que as coisas não são uma 
consequência só dos atos dela e nisso, o terapeuta tem sido perfeito.
Nós acabamos por entender os motivos da 
Nina, queremos secar suas lágri
mas, na tentativa de impedi-la de 
continuar carregando esse fardo. Eu espero que ela também queira deixar a
 criança assustada para trás.
P.S: Texto de Nina para a Nina menina:
“Nina menina, eu preciso da sua ajuda, 
tô muito triste. Eu sei que você deve tá brava comigo, eu no esqueci de 
você. Eu tava escondendo as coisas porque tinha medo da minha mãe achar e
 ler tudo. Eu ainda te amo e sei que você tem saudades de mim e eu 
também tenho. Agora é só a gente, só eu e você, e a gente vai ficar 
junto pra sempre.”
P.S. 2: Esse foi o único episódio da semana, em que Breno não foi citado.
Quinta- João
Finalmente, um episódio focado no João. 
Quem acompanhou minhas reviews anteriores, sabe o quanto eu queria 
conhecê-lo individualmente, sem a sombra do casamento com Ana. João 
voltou sem ser na terapia, com a desculpa de pedir remédios, quando 
sabemos muito bem, que ele só queria uma ajuda, desabafar com alguém.
Todos os pacientes de Théo se perderam 
de suas convicções, todos estão com aquela sensação “Pra onde eu vou 
depois de tudo isso?”.  João também tem uma relação conturbada com os 
pais, assim como os demais pacientes de Théo. Théo aproveitou isso para 
estabelecer uma comparação entre os pais e a relação com Ana, já que 
João disse que enxergava a  mãe em Ana, uma mulher engraçada que se 
interessava por intelectuais, um homem poderoso, que ele não é.
Não acho repetitivo essa questão de 
todos os problemas dos personagens serem causados pelo que eles passaram
 na infância, a terapia busca ir ao subconsciente e encontrar a origem 
do trauma. Todos nós somos afetados por algo que aconteceu em nossas 
casas, seja algo bom ou ruim. O que vem de casa, afeta nossas vidas. O 
menino depressivo que queria ser cowboy quando criança e ter uma família
 unida e feliz, cresceu como um ator fracassado, com o casamento 
arruinado e vendo que o filho terá que lidar com a separação. Théo 
incentivou João a viver novamente o sonho de infância, buscar o sucesso 
profissional e tentar resgatar o casamento com Ana. Lembrando-o de que 
há muito mais pela frente e dizendo indiretamente que ele tem que deixar
 essa depressão para trás.
O que dizer das cenas de queda de 
energia? Na minha primeira vez, João imaginou Théo dizendo que ele não 
tem mais jeito, nessa alucinação, Théo falou como o inconsciente de 
João, mostrando a nós, como ele está desejando a morte nesse momento tão
 complicado. Na segunda vez (dessa vez foi real), João perguntou o 
porquê de Théo querer tanto salvar o casamento dele, pensei que Théo ia 
falar de Clarice, mas ele preferiu apenas dizer que um paciente havia 
morrido, compartilhando dor com João. Breno não foi esquecido nesse 
episódio, seja na confissão final ou na alucinação em que Théo o 
enxergou em João no início do episódio, dá pra sentir que Théo não está 
conseguindo superar essa perda.
P.S: Só uma criança mesmo, pra sonhar em ser cowboy  
  
Sexta- Dora
Diante dos acontecimentos da semana, 
esperei muito pela sessão com Dora, mas lembrei de Clarice e temi que 
Théo não transferisse muita coisa. Portanto, fiquei satisfeita ao ver 
que Clarice decidiu não ir, tudo porque segundo Théo, eles estão sem se 
falar.
Théo disse que tem inveja dos escritores
 que podem controlar histórias e vidas, ele não se conforma em não poder
 ajudar os pacientes na vida, sente que seu papel é limitado a uma 
conversa num sala. Ele revelou o que todos já sabíamos, que ele não 
consegue dormir, tem pesadelos, vê Breno em todos pacientes, enfim, Théo
 se sentiu sem controle diante da vida. Não são apenas os pacientes que 
estão numa situação delicada, Théo também. Ele passou a questionar a 
profissão, se realmente vale a pena questionar e trazer a tona coisas 
guardadas no fundo de cada ser humano, seu direito de demonstrar ou não 
sentimento para o paciente e até onde ele tem responsabilidade pelas 
vidas que ficam de frente pra ele no consultório.
Abalado, ele colocou palavras na boca de
 Dora e fez questão de dizer que ela foi covarde quando não fugiu com o 
paciente que a amava para ficar com o marido que a traía. Desde o 
começo, Dora passou a impressão de ser uma profissional dura, que não se
 envolve, sempre contra Théo, funcionando como uma antagonista do nosso 
querido personagem principal. Nessa sessão, vimos que ela não é assim. 
Dora disse, emocionada, que Théo faz uma projeção errada dela, que ela é
 uma mulher emotiva, mas que a cada sessão tem que se impor diante das 
críticas de Théo. Finalmente, vimos Dora responder e desvendar a 
história do paciente que a amava, ela não fugiu com ele por medo, mas 
porque não o amava. Mesmo que improvável, ela ficou com o marido por 
amor e percebeu isso até a morte dele.
É como se Théo tomasse essa história de 
Dora como exemplo e desculpa para fazer o que ela não teria feito. Ele 
comparou seu caso com o dela e nos fez achar que ela fosse uma covarde e
 se ele fugisse com Júlia, seria uma atitude certa. Ao descobrirmos a 
verdadeira história, entendemos quando Dora disse que se Théo quisesse, 
podia fugir com Júlia, porque não ela não iria mais impedir. Dora está 
cansada, ela também desmoronou ao dizer que está farta dessas brigas com
 Théo, desse “se me bater, eu devolvo”. Ela realmente quer que eles 
tenham um relacionamento amigável, que haja vida e amor naquela sala. 
Sem palavras, Théo pareceu surpreso em perceber que nem a imagem que faz
 da Dora, é de fato, real. Naquele momento, ele percebeu que não estava 
certo. A agressividade foi deixada de lado, para a clareza e a 
sinceridade, finalmente aparecerem.