Durante anos a telenovela carregou o ranço de ser uma atração  exclusivamente feminina, estigma que só foi perdendo a partir do final  dos anos 60.
 
Como há décadas já não é mais exclusividade delas, relembro 10  novelas em que as mulheres tiveram papel fundamental. Tramas femininas,  sobre mulheres. As histórias independem do gênero, mas elas foram as  protagonistas absolutas.
10. Éramos Seis (Tupi, 1977 / SBT, 1994) escrita por Rúbens Ewald Filho e Silvio de Abreu.
 
Baseada no romance de Maria José Dupret, a história narra a triste história de Dona Lola  (Nicette Bruno / Irene Ravache), uma mulher batalhadora que lutou a  vida toda para harmonizar seu lar – marido e quatro filhos -, mas que,  ao final da vida, termina sozinha, já que o marido e o filho mais velho  morreram e os outros filhos a abandonam num asilo. A versão do SBT é  considerada a melhor novela da história da emissora.
9. Vitória Bonelli (Tupi, 1972-1973), escrita por Geraldo Vietri.
 
Outra saga sobre uma mulher batalhadora e zelosa pela família. Vitória Bonelli  (Berta Zemel) é uma mulher que, por uma série de circunstâncias, ficou  enclausurada durante vinte anos em seu quarto, vivendo fora da  realidade, num mundo particular. Quando o marido morre e a falência  financeira se abate sobre a família, ela é obrigada a sair de seu  refúgio para enfrentar um ambiente hostil, vivendo através dos problemas  de seus quatro filhos e tentando conscientizá-los dessa nova realidade.  Preocupada em manter a família unida, Vitória deixa de lado o conforto  no qual se criara, abandona os hábitos burgueses e abre uma cantina para  dela tirar o sustento de sua prole.
8. Locomotivas (Globo, 1977), escrita por Cassiano Gabus Mendes.
 
Kiki Blanche  (Eva Todor), uma antiga vedete do teatro rebolado, vive às voltas com  seu salão de beleza e os quatro filhos, dos quais, apenas a mais velha, Milena (Aracy Balabanian), é a legítima. Mas Fernanda  (Lucélia Santos), uma das filhas adotivas de Kiki, desconhece que é na  realidade filha de Milena, já que as duas se tratam como irmãs. Um  atrito inevitável acontece quando Milena e Fernanda se apaixonam pelo  mesmo homem e passam a disputá-lo. A palavra “locomotiva” era uma gíria  dos anos 70 que significava mulher sensual e poderosa.
7. Xica da Silva (Manchete, 1996-1997), escrita por Walcyr Carrasco (sob o pseudônimo de Adamo Angel).
 
A história da escrava que virou rainha em pleno século XVIII. Bela, atrevida e muito esperta, a escrava Xica (Taís Araújo) conquistou o coração de seu senhor, tomando-lhe da noiva fidalga, Violante Cabral  (Drica Moraes). O contratador João Fernandes (Victor Wagner) assume em  público a sua relação com Xica, dando-lhe todos os luxos e  satisfazendo-lhe todos os caprichos. Isso provoca a ira de Violante –  inconformada por ter sido preterida por uma escrava – que faz de tudo  para destruir a responsável pela sua infelicidade.
6. A Favorita (Globo, 2008), escrita por João Emanuel Carneiro, Denise Bandeira, Fausto Galvão, Márcia Prates e Vincent Villari.
 
Flora (Patrícia Pillar) cumpriu pena por ter matado Marcelo, o amante, deixando a filha dos dois, Lara, para ser criada por Donatela  (Cláudia Raia), esposa de Marcelo. Quando sai da cadeia, Flora luta  para provar a todos que foi presa injustamente e que a assassina de  Marcelo é na verdade Donatela. Ela quer convencer a filha Lara  (Mariana Ximenes) de que é inocente. Lara foi criada por Donatela e se  vê em meio a um fogo cruzado quando suas mães se acusam mutuamente. A  garota se torna o alvo de disputa entre as duas mulheres que, um dia,  foram amigas. Donatela teme que Flora se aproxime de Lara, a quem diz  amar como se fosse sua própria filha. Enquanto o objetivo de Flora é se  reaproximar de Lara, Donatela faz de tudo para impedir que isso  aconteça. Mas, quem está dizendo a verdade afinal?
5. Elas por Elas (Globo, 1982), escrita por Cassiano Gabus Mendes.
 
Sete amigas de colégio se reencontram depois de vinte anos separadas. A reaproximação reacenderá antigas desavenças: Adriana (Ester Góes) reencontra o namorado da juventude que a trocou pela amiga Helena (Aracy Balabanian). Natália (Joana Fomm) investiga a morte do irmão, pois desconfia que uma de suas amigas foi a responsável. Wanda (Sandra Bréa) descobre que Márcia (Eva Wilma) é a esposa de seu amante. As demais amigas são Carmem (Maria Helena Dias) e Marlene  (Mila Moreira). Entre elas, as confusões do atrapalhado detetive Mário  Fofoca (Luiz Gustavo), irmão de Wanda, que desperta o interesse de  Márcia.
4. Senhora do Destino (Globo, 2004-2005), escrita por Aguinaldo Silva, Filipe Miguez, Glória Barreto, Maria Elisa Berredo e Nelson Nadotti.
 
Maria do Carmo teve sua filha Lindalva roubada quando ela era bebê. A  mulher que levou a criança é Nazaré Tedesco, que a criou como se fosse  sua filha, dando-lhe inclusive um novo nome: Isabel. A novela começa com  a luta de Maria do Carmo (Susana Vieira), mais de vinte anos depois, para reencontrar a filha. Isabel (Carolina Dieckamnn) nem desconfia que Nazaré  (Renata Sorrah) não é sua mãe verdadeira. Nem que ela é uma mulher  louca, capaz das piores atrocidades. Até que o destino une novamente  Maria do Carmo e Isabel. Ou melhor, Lindalva.
3. Mulheres Apaixonadas (Globo, 2003), escrita por Manoel Carlos, Maria Carolina, Fausto Galvão e Vinícius Vianna.
 
Como o próprio título sugere, a novela aborda a paixão feminina nos mais variados níveis. Helena  (Christiane Torloni) é uma mulher entediada com o casamento com Téo  (Tony Ramos), mas que sente reacender a paixão por um antigo amor, o  médico César (José Mayer). Mas César já é disputado por duas outras  mulheres, companheiras de profissão: a instável Drª Laura (Carolina Kasting) e a jovem médica Luciana (Camila Pitanga), filha de Téo. Lorena (Susana Vieira), irmã de Téo, é uma mulher madura que se sente atraída por um jovem rapaz. Heloísa (Giulia Gam), irmã de Helena, desenvolve um ciúme doentio pelo marido Sérgio (Marcelo Antony). E Raquel  (Helena Ranaldi), uma professora de educação física, desperta o amor  adolescente de um aluno. Só que essa relação é ameaçada quando entra em  cena o antigo namorado dela, o violento Marcos (Dan Stulbach), que tem  paixão por Raquel e por raquetes de tênis.
  

2. Essas Mulheres (Record, 2005), escrita por Marcílio Moraes, Rosane Lima, Bosco Brasil e Cristianne Fridman.
 
Novela baseada em três romances clássicos de José de Alencar: Senhora, Lucíola e Diva, dos quais saíram as três mulheres protagonistas. Aurélia, Maria da Glória e Mila são três amigas separadas pelo destino. Aurélia  (Christine Fernandes) herda uma fortuna, tonando-se a mais cobiçada  jovem da corte, tendo dinheiro inclusive para comprar o antigo noivo que  a abandonou quando ela era pobre. Maria da Glória  (Carla Regina) é uma jovem que, por doença na família, é obrigada a  renunciar a sua pureza, tornando-se Lúcia, uma prostituta de luxo. E Mila  (Myrian Freeland) é uma pintora de ideias avançadas numa época em que  apenas os homens expunham suas obras. Vai usar o pseudônimo de Paulo  Almeida e escandalizar a sociedade. Adoecida, Mila vive uma tumultuada e  conflituosa paixão com um médico negro.
1. A Vida da Gente (Globo, 2011-2012), escrita por  Lícia Manzo, Marcos Bernstein, Álvaro Ramos, Carlos Gregório, Giovana  Moraes, Marta Góes, Tati Bernardi, Dora Castellar e Daniel Adjafre.
 
A mais feminina de todas as novelas de nossa teledramaturgia, com  tramas abordadas sob a ótica feminina, com mulheres fortes se impondo  aos personagens masculinos. A jogadora de tênis Ana (Fernanda Vasconcellos) entra em coma após um acidente. Seu amado Rodrigo (Rafael Cardoso) e sua irmã Manuela  (Marjorie Estiano) criam a filha pequena, Júlia, e uma aproximação é  inevitável, haja vista que Manuela já era apaixonada pelo namorado da  irmã. Ao despertar do coma, Ana depare-se com a filha crescida, que  praticamente não a conhece, e a irmã casada com o namorado. E tem que  adaptar-se a essa nova realidade. É quando Rodrigo e Ana reaproximam-se,  o que faz com que Manu rompa com a irmã.
 
Outras novelas que contam histórias de personagens femininas marcantes:
 
Mulheres de Areia (Tupi, 1973-1974 / Globo, 1993), As Divinas e Maravilhosas (Tupi, 1973-1974), Dona Xepa (Globo, 1977), Dancin´ Days (Globo, 1978), Rosa Baiana (Band, 1981), Dona Beija (Manchete, 1986), Sinhá Moça (Globo, 1986 / 2006), Brega e Chique (Globo, 1987), Vale Tudo (Globo, 1988), Tieta (Globo, 1989-1990), Rainha da Sucata (Globo, 1990), Barriga de Aluguel (Globo, 1990-1991), Perigosas Peruas (Globo, 1992), Quatro por Quatro (Globo, 1994-1995), A Idade da Loba (Band, 1995), A Indomada (Globo, 1997), Por Amor (Globo, 1997-1998), Agora É Que São Elas (Globo, 2003), Celebridade (Globo, 2003-2004), Páginas da Vida (Globo, 2006-2007), Amigas e Rivais (SBT, 2007) e A Idade da Loba (Band, 1995-1996), .