domingo, 24 de agosto de 2008

Autores reclamam da falta de adaptações na TV

Recentemente, Manoel Carlos reclamou não poder adaptar nada na Globo. Projetos de adaptações como as histórias de Shakespeare, Aluísio Azevedo e José de Alencar são abortados pela emissora. Outros diretores, do mesmo canal, preferem acreditar que as histórias de autores consagrados como Jorge Amado são muito boas mas não têm fôlego para segurar os mais de 200 capítulos que as novelas costumam ter para que a emissora possa ter algum tipo de lucro com ela.

Com a faixa das 6 reservada para remakes, a Globo vêm perdendo audiência ano após ano, o que deixa a emissora cada vez mais cuidadosa com a escolha de seus futuros títulos. A própria Record, que adaptou Escrava Isaura de Bernardo Guimarães e Senhora, Lucíola e Diva de José de Alencar em Essas Mulheres, já parece ter desistido. Com a baixa audiência da segunda, substituiu o meloso folhetim de saias-balão e diálogos carregados pelas praias do Rio de Janeiro em Prova de Amor, que em seu primeiro capítulo bateu todos os recordes da antecessora.

Ricardo Linhares e Marcílio Moraes ainda são mais sonhadores. O primeiro, que trabalhou junto com Gilberto Braga em Paraíso Tropical, sonha em um horário exclusivo para adaptações, provavelmente em uma emissora governamental e sem a preocupação com a audiência, ou seja, praticamente impossível ainda mais com as disputas mais acirradas de hoje. Já Marcílio, autor de Vidas Opostas e também de Essas Mulheres crê que o resgate da literatura devesse ser obrigatório em todas as emissoras de TV.

Embora a atitude seja objetivada para uma melhora na qualidade da televisão, os gritos de socorro de autores da Globo e Record ecoam cada vez menos. A Globo recentemente fez Queridos Amigos, adaptação da própria autora para a televisão que foi um fracasso de audiência, assim como Amazônia de Glória Perez e Mad Maria baseada no romance de Márcio Souza. Já na Record, tanto a exibição original quanto a reprise da novela que retratou os livros de Alencar tiveram baixas audiências, e no caso da reexibição, sendo abreviada e terminando antes de chegar ao 50º capítulo.

A falta de interesse do público por adaptações também chegou no SBT, que embora não tenha tradição na dramaturgia, reprisou As Pupilas do Senhor Reitor adaptada de Júlio Diniz no ano passado e obteve baixíssima audiência, cerca de 3 pontos em uma faixa que as produções mexicanas já haviam atingido 12.

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