domingo, 19 de outubro de 2008

Luciana Braga conta por que ficou longe das novelas por quase 15 anos


Quando um ou outro fã parava Luciana Braga na rua perguntando por que ela estava sumida da televisão, a atriz não tinha o que responder. Nem ela mesma sabia os motivos de estar afastada das novelas desde 1995, quando fez "As pupilas do senhor reitor", no SBT. Na Globo, sua última personagem foi a Sandra de "Renascer", em 1993. Depois, só algumas participações especiais. Os convites simplesmente não vinham, ela explica. Até que chegou Miguel Falabella - que foi seu professor de teatro no colégio - e a chamou para ser a amargurada Denise de "Negócio da China". Luciana, claro, aceitou. (Ouça um trecho da entrevista com a atriz)

- Eu não fico pedindo trabalho. Se não acontece, eu deixo não acontecer. Fiquei fazendo muito teatro nesses últimos anos, também me casei e tive duas filhas. Foi tão bom focar nelas quando eram bebezinhas, acompanhar aqueles primeiros anos - conta Luciana, que também credita o sumiço à sua pouca ou nenhuma animação com a fama. - Eu não tenho essa vaidade de querer estar com a cara no vídeo. Acho até que, se eu lidasse bem com isso, não teria ficado tanto tempo longe da televisão, porque aí eu ia correr atrás. Mas não foi desconfortável estar longe, não sofri. Eu me perguntei algumas vezes, sim, até porque as pessoas me cobravam. Pensava: "Pô, realmente, será que nunca mais vou fazer TV de novo?".

Enquanto esteve fora, Luciana fez teatro. E Miguel Falabella foi um de seus grandes parceiros nos palcos, assim como Flávio Marinho, colaborador em "Negócio da China" ("Por isso vejo esta minha volta à TV como a cereja que faltava no meu bolo", conta ela, animada). Nos palcos, ela se exercitou bastante na comédia, o que foi uma novidade para uma atriz acostumada ao drama. E ela discorda de quem reclama que não dá para viver de teatro.

- Comecei no teatro e, naquela época, nós não pensávamos em fazer TV. Havia até um certo preconceito. Hoje, é cada vez mais clara a importância que a televisão tem no Brasil. E é conciliável com o teatro, uma coisa não atrapalha nem desmerece a outra. Eu venho me dando bem no teatro e não tenho dado as caras na TV. Claro que viver de teatro é mais difícil, o Brasil culturalmente não é evoluído. Uma minoria freqüenta o teatro, e não é por falta de desejo, mas porque é muito caro. Mas estou vivendo dele há muito tempo, e vivo feliz - diz ela. - Adoraria ganhar muito dinheiro com a minha profissão, mas se não ganhar não vou ser infeliz. Na minha época, éramos muito idealistas, e eu me preparei para não ser uma pessoa rica. Sou de outra geração.

Luciana sabe que os mais novos não se lembram dela na TV, mas não lamenta. Conta que os mais velhos ainda a apontam nas ruas como Maria Imaculada, uma das rolinhas do coronel Artur da Tapitanga (Ary Fontoura) em "Tieta" (1989). Depois, fez par romântico com Fábio Assunção - com quem contracena agora de novo - em "Meu bem, meu mal" (1990). De lá para cá, a televisão mudou bastante, e a atriz sente agora a diferença.

- Descobri que estava com saudade de fazer novelas, mas a TV mudou muito. E a diferença que eu mais sinto agora é a aflição em relação ao ibope, que vai dos atores aos técnicos. Antes a gente não pensava nisso, novela na Rede Globo dava ibope e pronto. Hoje tem muita concorrência, é uma guerra mais árdua. A gente sempre tem o desejo de acertar, mas agora vai além, é de acertar e vencer. Mas, por enquanto, ainda não senti essa preocupação tão evidente no estúdio - diz Luciana.

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