sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
Review: Aline
Os especiais de fim de ano das emissoras estão chegando ao fim. E um dos especiais pouco divulgados pela Rede Globo tornou-se a grande (e agradável) surpresa. Estou falando de Aline, com Maria Flor no papel título. Baseada nas tirinhas do cartunista Adão Iturrusgarai, que criou o personagem em 1996, a historia sofreu severa adaptação para transformar-se em um programa de TV: nos quadrinhos Aline é agressiva e mal-humorada. Já na adaptação dirigida por Maurício Farias a personagem ficou mais leve. Maria Flor define sua personagem como “uma pessoa livre que acredita no amor e não se importa com o que os outros estão pensando”.
Na história, Aline e Otto (Bernardo Marinho) dividem um apartamento no centro de São Paulo, ainda sem um relacionamento definido (namorados, ficantes, amantes ou afins). Muitas dívidas e a geladeira vazia levam Aline a procurar uma terceira pessoa para dividir as contas, distribuindo flyers com a seguinte descrição:
Procura-se rapaz atraente, jovem, atlético de vinte poucos anos pra dividir apartamento.
Com isso, Aline e Otto conhecem Pedro (Pedro Neschling) e depois de muita convivência, os personagens passam a dividir além do apartamento, um relacionamento pra lá de moderno. Esta relação não agrada a síndica do prédio vivida por Camila Amado que, a partir do momento que descobre a relação de Aline e seus dois namorados, passa a querer expulsá-la do prédio em que vivem.
Peça fundamental para a construção do especial foram as locações escolhidas pela produção. Aline sai do estúdio e é gravada em locais como a Galeria do Rock e o parque do Ibirapuera. Até o apartamento que a protagonista divide com seus namorados é real, localizado no centro de São Paulo. O elenco também conta com Malu Galli e Daniel Dantas como os pais de Aline. Casal nonsense que não vê na relação da filha algo inapropriado. Alias, na cena em que descobre o relacionamento da filha, sua mãe solta a frase:
Por que você não faz como as outras garotas e namora vinte caras ao mesmo tempo sem nenhum compromisso?
E é exatamente essa frase que leva o público pensar na hipocrisia posta pela personagem Dona Rosa que não se incomodaria se Aline trouxesse vários caras diferentes para o apartamento sem declarar que qualquer um era seu namorado. Estranho foi também ver César Cardadeiro (o Pedrinho de Capitu) totalmente diferente da minissérie, com dreads e tudo que o seu personagem Max, colega de trabalho de Aline, tinha direito. Outro personagem inusitado é o analista de Aline.
A linguagem jovem e o roteiro acelerado, lembrando muito a linguagem utilizada pela MTV, fizeram com o que este especial fosse alvo certeiro para cair nas graças do público jovem, mas pela falta de divulgação muitos podem ter perdido o especial que também é um dos garantem vida longa na emissora, caso a resposta do público seja positiva.
Maria Flor atua de uma forma exagerada, mas não cai nos equívocos de uma atuação forçada. O mesmo se dá ao entrosamento com Bernardo Marinho e Pedro Neschling. Tanto sozinhos quanto com Maria Flor na cena, os três foram essenciais para o velocidade e jovialidade que o texto permitiu e exigiu. Mas algumas cenas me causaram estranhamento: a mudança de roupa no parque Ibirapuera, como por imaginação de Aline não deixou muito claro a que veio. Outro momento foi a coreografia adotada pelos três ao som de “You Know I’m No Good” de Amy Winehouse. Se isso era pra ser referência a alguma coisa, o tiro saiu pela culatra.
Será que a Globo queria repetir o mesmo sucesso de Alice da HBO?
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