domingo, 25 de julho de 2010

Texto de Domingos Oliveira inspira série 'Anjos do sexo', produção da Band


A verve do dramaturgo Domingos Oliveira para retratar relacionamentos é a principal matéria-prima de "Anjos do sexo", seriado da Band com estreia prevista para o próximo dia 3 de agosto, às 22h15m. Com 26 episódios, a atração indica uma nova postura da emissora paulista, que raramente produz dramaturgia. O programa, com texto baseado na peça "Todo mundo tem problemas sexuais", de Oliveira, vai levar ao ar desejos, problemas, acertos e dúvidas comuns a qualquer vida a dois.

- Esta é a primeira produção de dramaturgia que a Band faz sozinha no Rio. Há anos que a emissora não produzia nada nesse sentido. Até hoje, ela comprava programas - diz o diretor de produção e conteúdo do canal, José Roberto Sanseverino, que contou com Oliveira na supervisão do roteiro: - Ele cedeu os direitos da série, escreveu dez episódios e o restante foi feito por um grupo de roteiristas.

As gravações, que envolveram cerca de 80 pessoas - entre elenco e produção -, foram realizadas com tecnologia de alta definição e, principalmente, em estúdio, complementado por locações externas. Seguindo a estrutura clássica de uma sitcom, a cada episódio, uma história com começo meio e fim é apresentada ao público. Entre os personagens, três são fixos: os anjos Santoro e Valentina - vividos por Orã Figueiredo e Carolyna Aguiar, respectivamente - e Deus, personagem interpretado pelo rapper Thogun.

Fora as figuras celestiais, o que sobra são humanos que precisam de conselhos para sair de suas crises de relacionamento, vividos por Marco Marcondes, Ludmila Rosa, Priscilla Rozenbaum, Dedina Bernardelli e Ricardo Kosowski, todos na pele de personagens diferentes a cada episódio.

Mais do que provocar risadas diante das trapalhadas de uma dupla de anjos inocentes - que nada entende de relações, mas se sente muito capaz de meter a colher em briga de marido e mulher -, a série pretende ter o tom do humor reflexivo.

- Os tipos são variados. Tem o homem traído, o que trai; o tarado por pornografia, o que coloca em dúvida a própria sexualidade; tem o marido que não dá a mínima para a mulher e a mulher que precisa do aval do marido para poder traí-lo; e tem quem admita suas fantasias eróticas - lista Marcondes: - Todos esses assuntos são levados ao público, mas não no formato de uma comédia rasgada. Domingos é um expert em conflitos humanos e esses sentimentos são verossímeis.

Transpor para a TV infinitos temas que envolvem a intimidade de um casal sem necessariamente esbarrar na vulgaridade é um dos trunfos do seriado, segundo Sanseverino:

- Mostramos que acima de tudo existe o amor entre duas pessoas. E sob esse chapéu, qualquer possibilidade de fantasia sexual é permitida.

Dito isso, ninguém precisa se chocar ou considerar pecado que anjos fictícios repitam - sem um pingo de maldade - frases do tipo: "Masturbação é uma forma de uso da imaginação" ou "Não há sexo sem fantasia".

- A gente fala tudo isso, mas o ato em si não vai aparecer em cena. Por isso, é leve e engraçado. Não precisa ter bunda nem peito à mostra - reforça Carolyna, um dos anjos. - Domingos tem uma forma afetuosa de escrever. Em todas as histórias, o que importa são os parceiros felizes. Não interessa o tipo de relação que eles tenham, se são mais convencionais, se são sadomasoquistas ou se acham natural se relacionar com mais de uma pessoa - diverte-se a atriz.

Na trama, os anjos Santoro e Valentina atravessam os capítulos transmitindo conselhos, com a melhor das intenções, para impedir que o amor de um casal vá para o ralo.

- Agimos como um alter ego de Domingos. A maneira como conduzimos os casos reflete o que ele pensa sobre amor, sexo e relacionamento - conta Orã Figueiredo.

Mas, como na vida real, vale dizer que também não se trata de um texto onde final feliz se torna sinônimo de "viveram juntos para sempre". Em "Anjos do sexo", a felicidade pode estar em cada um seguir um caminho diferente, se nem mais um pingo de afeto existir. Por que não?

- Na trama, as mulheres são as que mais procuram o auxílio dos anjos, enquanto os homens acham que podem resolver tudo sozinhos. Elas querem sempre arranjar um jeito de salvar a relação, mas, às vezes, a separação pode ser o ideal - defende Marcondes.

Em cena, Figueiredo e Carolyna imprimem um jeito atrapalhado às figuras angelicais. Por exemplo: seus personagens, Santoro e Valentina, acham que um par de óculos escuros é um ótimo disfarce ou, então, tentam se fazer entender apenas numa troca de olhar, o que nem sempre dá certo. E, no meio de um problema para resolver, um anjo pode não rezar pela cartilha do outro e a receita desandar.

Bombardeados com tantos problemas carnais, até eles acabam se humanizando e, com isso, estão sujeitos a errar como qualquer mortal.

- Ao longo dos capítulos, eles vão sendo contaminados com o que os humanos falam. Não entendem como eles insistem em brigar por liberdade quando, na verdade, todo mundo quer ter alguém. Passam a sentir ciúmes um do outro, a achar interessante a paixão - conta Figueiredo.

Depois de se envolverem tanto com essas histórias de amor, os anjos, que até então são seres assexuados, ficam curiosos para experimentar isso que mexe tanto com homens e mulheres.

- Mesmo com Deus dizendo que é um ato insano eles pedirem para trocar a eternidade pela paixão, os dois preferem arcar com as consequências e virar humanos. E, quando isso acontece, eles perdem a consciência de que um dia foram anjos - adianta o ator.

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