Regina Duarte é uma daquelas celebridades de nossa televisão que dispensam apresentações. Todo mundo já a viu em cena alguma vez, nem que seja apenas na TV. E já foi o suficiente para perceber o talento desta atriz, consagrada na televisão através de personagens marcantes e inesquecíveis. Ela completou 65 anos no domingo, 5 de fevereiro.
Durante a semana vamos relembrar a trajetória de Regina na televisão, citando cada trabalho seu, por décadas.
Regina Duarte fazia teatro amador e publicidade em TV quando foi chamada para uma conversa com o diretor Wálter Avancini, que estava montando o elenco de sua nova novela, A Deusa Vencida, escrita por Ivani Ribeiro. Era 1965 e Regina tinha 18 anos. Na época, a TV Excelsior de São Paulo era a maior produtora de telenovelas do país, e Ivani Ribeiro, a melhor novelista da casa. Na Excelsior, Regina estrelou oito novelas da autora, a maioria sob a batuta de Avancini.
Em A Deusa Vencida, Regina era Malu, uma moça sofrida, doente, órfã, que vivia com o tio alcoólatra e avarento (Altair Lima) e apaixonada pelo primo (Tarcísio Meira), que amava outra mulher (Glória Menezes). Malu se fazia de boazinha, frágil e doce, mas, ao final, revelou-se uma cobra quando todos ficaram sabendo que ela era a responsável pelas cartas anônimas que assombravam os personagens da história.
A novela seguinte, novamente com Ivani Ribeiro no texto e Walter Avancini na direção, foi A Grande Viagem (1965-1966). Regina ganhou um dos principais papeis da novela, Isabel, que viajava num transatlântico com seu tutor (Mauro Mendonça) para receber uma herança. No navio, ela se apaixonou por um médico (Daniel Filho) e o disputou com uma paciente dele (Flora Geni). O tutor de Isabel era um homem misterioso que, descobriu-se depois, queria eliminá-la para ficar com sua herança.
Na sequência, Regina atuou em outra novela da dupla Ivani-Avancini, Anjo Marcado (1966), onde viveu a personagem Lílian.
Em As Minas de Prata (1966-1967) – adaptação de Ivani Ribeiro do romance de José de Alencar, dirigida por Avancini e Carlos Zara – Regina viveu Inesita, a heroína romântica do livro, que amava um fidalgo (Fúlvio Stefanini) mas, por imposição da família, tinha que se casar com outro homem (Armando Bógus). A novela foi um dos maiores sucessos da Excelsior daqueles tempos e Regina já era estrela da casa.
O trabalho seguinte da atriz foi interpretar a personagem Beth de Os Fantoches (1967-1968), outra trama de Ivani, dirigida por Avancini e Carlos Zara.
Em 1968, Regina protagonizou O Terceiro Pecado – novamente Ivani, Avancini e Zara. Nesta história, ela era a boa moça Carolina, que precisava morrer, mas foi impedida por um anjo que se compadeceu de sua bondade (Gianfrancesco Guarnieri). Ele pediu ao Anjo da Morte (Nathalia Timberg) que levasse em seu lugar a irmã má (Maria Isabel de Lizandra) de Carolina, mas o pedido foi negado. Todavia, o Anjo da Morte adiou a passagem da heroína: ela morreria quando cometesse o terceiro pecado. Nisto, o anjo, já apaixonado pela moça, desceu à Terra para impedir que Carolina fosse levada tão cedo. O Terceiro Pecado recebeu uma nova versão na Globo, em 1989 (O Sexo dos Anjos), com Isabela Garcia no papel que havia sido de Regina Duarte.
Entre 1968 e 1969, Regina estrelou a novela Legião dos Esquecidos, escrita por Raimundo Lopes e dirigida por Waldemar de Moraes e Reynaldo Boury. Ela era Regina Célia, por quem o misterioso Felipe (Francisco Cuoco) se apaixonava ao chegar à pequena cidade de Esperança, uma vila de garimpeiros. A publicidade da época chamava a atenção: “Cuoco e Regina finalmente juntos!”. Mas a atração não fez sucesso.
A novela seguinte foi uma audácia para o gênero na época. No ano em que o homem pisava na Lua e os seriados americanos faziam sucesso com ficção científica, Ivani Ribeiro apresentou Os Estranhos, uma novela em que seres extraterrestres vinham à Terra para ajudar os homens a resolver seus problemas. Regina era a ET Melissa, com direito a figurino especialmente confeccionado e condizente com sua condição de ser de outro planeta. Uma curiosidade: Pelé também atuou nessa novela, sem se comprometer muito, já que seu personagem tinha poucas falas.
Em 1969 a Excelsior já estava em crise quando a emissora levou ao ar Dez Vidas, de Ivani Ribeiro, dirigida por Gonzaga Blota, Reynaldo Boury e Gianfrancesco Guarnieri, baseada na vida de Tiradentes. Regina Duarte vivia na novela uma rebelde do movimento inconfidente – Pompom -, quando foi chamada para uma conversa com Boni, da Globo. Ele e Daniel Filho estavam escalando atores para a novela Véu de Noiva, de Janete Clair. Com os salários na Excelsior atrasados, Regina não teve como recusar a proposta. A atriz abandonou a novela e foi substituída por Leila Diniz, que deu continuidade à personagem Pompom.
A publicidade de Véu de Noiva na época de sua estreia revelava: “Só mesmo Andréia traria Regina Duarte para a Globo!” Andréia desfazia seu noivado no dia do casamento, quando descobriu que o noivo (Geraldo Del Rey) estava apaixonado por sua irmã (Myrian Pérsia). Desiludida, a moça encontrou o verdadeiro amor nos braços de um corredor de automóveis (Cláudio Marzo). Quando sua irmã descobriu-se grávida, não quis assumir o filho sozinha, então abandonou a criança, que ficou sob a guarda de Andréia. Algum tempo depois, a irmã, já casada, pediu o filho de volta. A partir deste momento, a novela começou a girar ao redor da disputa das duas irmãs. Com quem ficaria a criança? Com a mãe adotiva ou com a mãe verdadeira, que a abandonara?
Véu de Noiva foi um sucesso que transformou Regina Duarte na mais nova estrela da Globo.
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