terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Retrospectiva 2012: Séries e Minisséries que marcaram a TV

Fafy Siqueira e Heloísa Périssé em “Dercy de Verdade” (Foto: TV Globo)

A TV Globo tem configurado desde o ano passado a sua estruturação para séries e minisséries. Acabaram-se as minisséries longas da década de 2000, aquelas em torno dos 50 capítulos, apresentadas a partir de janeiro. As minisséries hoje são mais curtas, uma ou duas semanas, as “microsséries”. Foi assim ano passado e este ano e será assim no ano que vem. Em contrapartida, as novelas das onze – mais curtas (“mininovelas”?) – 60, 70 capítulos, exibidas no meio do ano – vieram para substituir as minisséries longas.

Na segunda semana deste ano, foi exibida a microssérie “Dercy de Verdade” – uma excelente produção biográfica, mas que pecou pela sua duração. Os cento e três anos de vida de Dercy Gonçalves foram comprimidos em apenas quatro capítulos. Tudo pareceu corrido demais. A vida da artista, tão rica e intensa, merecia, no mínimo, mais uma semana. Ficou aquela sensação de “quero mais” e de que o apresentado foi pouco para conhecer a “Dercy de verdade”.


 

A microssérie “O Brado Retumbante” foi exibida na sequência e mereceu uma atenção maior da Globo, pelo menos na duração: duas semanas. Narrada em tom de fábula, a estética cinematográfica conferiu um tom de documentário a uma história fictícia, onde o país era de mentirinha – mas no qual todos reconheceram o Brasil.

Entre as séries exibidas em 2012, apenas duas estiveram na grade da Globo durante o ano todo, e continuarão em 2013. Depois de onze anos no ar, “A Grande Família” – que enfrentou problemas de bastidores esse ano, como o desentendimento entre os atores Pedro Cardoso e Guta Stresser, já superado – continua dando mostras de fôlego para, pelo menos, mais um ano – apesar de, a cada nova temporada, se cogitar o seu cancelamento. Apenas lamenta-se o desperdício do talento de atores como Marieta Severo e Marco Nanini, há tanto tempo presos aos mesmos personagens.

 

Tapas e Beijos” – na mesma linha humorística e popular de “A Grande Família” – segue firme e forte. Inserindo novos personagens e tramas, a série se reinventa – um ótimo recurso para a manutenção e reciclagem do próprio programa, o que garante a sua sobrevida.

 

 A série “As Brasileiras” não conseguiu dar continuidade ao bom desempenho e à qualidade de sua irmã “As Cariocas” (exibida em 2010), da qual se originou. Talvez, os 21 episódios (apresentados ao longo de todo o primeiro semestre de 2012) tenham cansado o público e desgastado a grife, já que oscilavam entre textos e histórias muito boas com outras nem tanto. Uma curiosidade: os episódios de maior repercussão nas redes sociais foram os protagonizados por Ivete Sangalo, Sandy e Xuxa.

 

Seguindo uma boa proposta de sitcom, com texto ágil e inspirado, uma direção que abusa de clipagens e câmera nervosa, a solar e colorida série “Louco Por Elas” trouxe um diferencial. A boa repercussão garantiu não só a segunda temporada dentro de 2012, como uma terceira, para 2013.

O já conhecido mundo da dupla Alexandre Machado e Fernanda Young voltou à tona em “Como Aproveitar o Fim do Mundo”. Mas, desta vez, sem muita “ins-piração”, a não ser o já visto em trabalhos anteriores, como “Os Normais”, “Os Aspones”, “O Sistema” e “Separação?!”. Até algumas piadas eram as mesmas, já usadas anteriormente. Mudou-se apenas a ambientação, uma fábula sobre o fim dos tempos (temática já explorada na novela “O Fim do Mundo”, de Dias Gomes, em 1996).

 

Suburbia” trouxe novamente o universo do diretor Luiz Fernando Carvalho, sempre apresentado como “biscoito fino”, mas nem sempre facilmente digerível pelo telespectador médio. A série, que começou agitada na estreia, foi perdendo o gás ao longo de seus oito episódios. Um subúrbio carioca que misturou realismo e lirismo, com referências no filme “Cidade de Deus, no cinema blaxploitation americano da década de 1970 e na minissérie “Hoje É Dia de Maria”. O elenco, formado na maioria por atores desconhecidos, revelou o carisma de Érika Janusa, a Suburbia do título.

 

O ano de 2012 foi difícil para a dramaturgia da Record, que enfrentou sua pior crise desde 2004 (quando o setor foi renovado). A emissora viu suas duas novelas (“Máscaras” e “Balacobaco”) naufragarem no Ibope. Em contrapartida, o sucesso de sua minissérie bíblica “Rei Davi” mostrou que a emissora está no caminho certo ao explorar esse filão. Com uma produção mais apurada que as minisséries anteriores (“A História de Ester” e “Sansão e Dalila”), o retorno foi proporcionalmente maior. “Rei Davi” chegou a liderar o horário no qual era exibida em mais de vinte ocasiões. Em janeiro de 2013 estreia uma nova produção: “José do Egito”.

Nesta última semana de 2012, a Globo apresenta ainda “Xingu”, a versão televisiva para o filme de Cao Hamburger, exibida como microssérie (4 capítulos).
 

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