sexta-feira, 5 de março de 2010

Crítica ‘Uma rosa com amor’ não empolga


Para se ter uma ideia do que foi a estreia de “Uma rosa com amor” (de Tiago Santiago, e direção de Del Rangel), anteontem no SBT, basta imaginar que chegou a dar uma ponta de saudades de Íris Abravanel. As cenas iniciais foram aéreas (recurso manjadíssimo para mostrar investimento de produção). Mas foi quando Cláudio Lins (Claude) saltou do helicóptero e entabulou o primeiro diálogo com um milionário americano que a história começou e não foi em português. Claude é francês. Ele quer fechar um negócio de US$ 10 milhões com seu interlocutor, o americano Mr. Smith (Roberto Arduim). Mas depende de obter um visto de permanência no Brasil. Ambos capricharam no sotaque. Empolgante, não?

Este impasse (do visto versus os US$ 10 milhões) foi tema do primeiro terço do capítulo numa longuíssima sequência dentro de uma festa barulhenta. A cifra era gritada aos berros cada vez que um novo personagem entrava na discussão. Desta forma, a problemática foi sendo reexplicada ad nauseam. A estreia de “Uma rosa com amor” foi, em suma, um longo exercício de fixação.

Na tal festa, Claude encontrou a namorada, Nara (Mônica Carvalho). Já está de madrugada e ele a convida para ir embora. “Não posso”, responde ela, “tenho aula de ioga [iôga], tem meus filhos e ainda preciso fazer limpeza de pele”. Assim foram se sucedendo diálogos que ficaram entre o nonsense e o repetitivo explicadinho.

Mas nem tudo se resumiu ao tapa que Claude quer dar nesta grana. No núcleo do cortiço, Betty Faria, Edney Giovenazzi e Lúcia Alves garantiram os únicos momentos razoáveis desta estreia. As tramas deles, e a de Serafina (Carla Marins), a solteirona que manda rosas para si própria, fingindo que tem um admirador, também não chegam a empolgar. Mas os veteranos, com boas atuações, salvaram a pátria do desastre total.

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