quarta-feira, 24 de março de 2010

SESSÃO AUTORES: Yves Dumont


Em 1963, aos 17 anos, Monteiro, então estudante, começou a carreira jornalística, por acaso, no arquivo dos Diários Associados, veículo fundado por Assis Chateaubriand, para ajudar a família, que enfrentava problemas financeiros. “Eu sonhava em ser engenheiro, mas me apaixonei e fui ficando”, conta.

Depois de chegar a diretor de redação, aos 25 anos, ele aceitou o convite para criar um telejornal na extinta TV Tupi, onde ficou por três anos. Mas durante uma viagem de avião, ele conheceu o publicitário Rodolfo Martensen, que estava montando o departamento de comunicação da Gessy Lever, no início dos anos 80. “Com 33 anos, eu estava em outra fase. Me atraía a idéia de ter um bom salário, expediente fixo, fim de semana e férias”, conta o autor.

No final dos anos 90, quando completou 35 anos de trabalho, ele se aposentou como jornalista e começou a pensar num novo projeto de vida, para dali a dois anos, fora da Gessy. Eis que foi surpreendido com um convite inesperado de um amigo, dono de uma produtora independente: ‘quer escrever uma minissérie bíblica, O Desafio de Elias, para a TV Record?’ “Respondi ‘sim’ sem pensar”, lembra. “Tive apenas um fim de semana para elaborar a sinopse e quase cai para trás quando vi que só havia meia dúzia de linhas na Bíblia sobre o tal desafio.”

O desafio, literalmente, valeu a pena. Monteiro não só gostou da experiência, como ainda ganhou um bom dinheiro com a produção que se passava em Israel em 900 a.C, vendida para dez países. Um mês depois, o mesmo amigo dono da produtora voltou a abordá-lo, desta vez com o convite para escrever uma novela. “Era loucura, mas topei”, diz Monteiro. Ele admite que já pensava em sair da Gessy, mas não repentinamente, afinal de contas, se a carreira de novelista não vingasse, quem contrataria alguém de 52 anos?

Disposto a encarar a nova empreitada sem abrir mão do cargo na empresa, onde respondia como diretor de Comunicação, ele adotou um pseudônimo, Yves Dumont (Yves de Yves Montand e Dumont que junta as inicias de seu nome e sobrenome) e começou a buscar referências em filmes e vivências para a sua trama.

Vida dupla – Estrela de Fogo, uma trama rural com trilha sertaneja, que foi ao ar em 1998, registrou 10 pontos no Ibope, recorde para a TV Record no horário. Durante um ano, no entanto, Monteiro deixou de ser pai e marido. Cumpria expediente das 9 às 17 horas na Gessy e passava as madrugadas, em casa, dedicando-se à novela. “Eu já não sabia o que era tremer com um desafio, eu não sentia aquilo desde os meus 17 anos”, confessa. “Esses saltos inesperados trazem muita motivação, te renovam por dentro. É muito bom”.

Ainda bem que a vida dupla tinha prazo: 140 capítulos. Mas, diante do sucesso, o diretor da emissora decidiu esticar a novela em mais 100 capítulos. “Não ia agüentar, tinha de abrir o jogo na empresa e sair”, conta o autor, que foi procurar o presidente da Gessy. “Ele quase caiu para trás quando expliquei que estava exausto porque estava escrevendo uma novela.”

Mais duas novelas na Record, o “novato” já era assediado pela líder do mercado, a TV Globo. Em 2000, convidado pela então todo-poderosa Marluce Dias da Silva, ele assumiu o recém criado núcleo de dramaturgia internacional da emissora, cujo projeto era competir com a mexicana Televisa no mercado internacional. Monteiro escreveu uma versão de Vale Tudo, de Gilberto Braga, (1989) para o público hispânico. Mas por diversos problemas, o projeto não vingou.

Depois de três anos, já com uma reserva financeira, Monteiro abriu o seu escritório de comunicação, e foi se dedicar a uma antiga paixão, o rádio, como produtor e apresentador de programas.

Yves Dumont é o pseudônimo utilizado pelo ex-executivo da Gessy Lever Durval Monteiro para escrever telenovelas brasileiras. Optou por usar este nome em homenagem ao ator francês Yves Montand, completando-o com a junção abreviada de seu nome e sobremonme (Du[rval]mont[eiro]).

Contratado pelo SBT, adaptou a novela Maria Esperança e foi o autor responsável pelos textos do "Câmera Café", esquete cômico baseado em formato francês, que a emissora exibiu recentemente, em várias edições diárias, com grande sucesso. Já fez trabalhos para a Record e Globo, além de outras emissoras. Era o supervisor de texto da telenovela Revelação, até ser demitido com a entrada de Del Rangel na direção de teledramaturgia da emissora.

Trabalhos
Revelação (telenovela, 2008) - Supervisor, no SBT
Câmera Café (esquetes cômicos, 2007) - autor, no SBT.
Maria Esperança (telenovela, 2007) - autor principal, no SBT.
Vale Todo (telenovela, 2002) - adaptação da novela Vale Tudo, de Gilberto Braga, produção da Rede Globo para o mercado hispânico dos EUA.
Tiro e Queda (telenovela, 1999) - supervisor, na Rede Record.
Louca Paixão (telenovela, 1999) - autor principal, na Rede Record.
A História de Ester (minissérie, 1998) - autor principal, na Rede Record.
Estrela de Fogo (telenovela, 1998) - autor principal, na Rede Record.
O Desafio de Elias (minissérie, 1997) - autor principal, na Rede Record.

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