Autor de folhetins de sucesso como "Tieta" e "Senhora do destino", Aguinaldo Silva não teve o menor pudor em sugerir significativas alterações na sinopse de "Laços de sangue", escrita pelo português Pedro Lopes, que prontamente acatou as mudanças propostas pelo brasileiro. Supervisor da novela, Silva permanece em Portugal até setembro, data de estreia do folhetim. Envolvido ainda com dois projetos para a TV Globo - a série "Lara com Z", protagonizada por Susana Vieira, e a novela "Fina estampa", prevista para setembro de 2011 e que trará Lilia Cabral no papel principal -, o novelista conversou com a Revista da TV no Hotel Tivoli, em Lisboa. Adiantou seus próximos trabalhos, falou sobre parcerias e garantiu que irá se aposentar em 2014: "Novela não é coisa para velho".
O GLOBO: Qual a principal diferença entre a novela brasileira e a portuguesa?
AGUINALDO SILVA: Os portugueses têm uma certa resistência ao melodrama rasgado, apesar do fado. Eles não gostam de nada muito derramado. Mas eu conheço bem Portugal e quis puxar a novela para o lado mais popular daqui. A TV portuguesa não é tão assumidamente popular como a brasileira. Quis resgatar a fala coloquial nos diálogos. Vamos incluir também temas que interessam aos portugueses, como insegurança e desemprego.
Como está sendo o trabalho com a equipe de roteiristas portugueses?
SILVA: Sabia que isso só funcionaria com a adesão do Pedro Lopes e do grupo de colaboradores dele. Mas na primeira reunião já estávamos tendo ideias e trabalhando juntos. O Pedro falou que essa novela representa seu despudor. Tem que ser derramado porque a vida é derramada.
O senhor mexeu muito na sinopse de "Laços de sangue"? Quais foram suas contribuições?
SILVA: Logo que peguei a sinopse e vi que a irmã rica seria a vilã, pensei: "Isso está errado!". Inverti tudo. A boa será a rica. Eles não estavam acostumados com isso. A inversão alterou toda a trama. Outra preocupação minha era dar ambiguidade aos personagens. Mesmo a grande vilã terá uma motivação para fazer suas maldades.
O senhor também foi supervisor de "Tempos modernos". Por que não funcionou?
SILVA: Logo percebi que minha participação ali seria mínima. Esse negócio de fazer supervisão de novela é delicado. Ou você conta com a adesão do autor ou se retira. O Bosco Brasil queria fazer a novela dele.
É complicado opinar no trabalho de outra pessoa?
SILVA: Novela é uma coisa descartável. Quando acaba, acaba. Eu não complico muito essa coisa de autoria e por isso sempre trabalho em parceria. Vejo que faltam novos autores e me preocupo com isso. No Brasil, os mais jovens são o Walcyr Carrasco e o João Emanuel Carneiro.
O senhor vai estrear a novela "Fina estampa" ano que vem na Globo, mas também já apresentou um novo seriado para a emissora, não foi?
SILVA: A novela foi criada durante a minha primeira master class (aulas de roteiro ministradas por ele) e irá ao ar no segundo semestre de 2011. Este ano não consegui parar. Acabei a segunda master class em maio, numa sexta-feira, e fui para Paris terminar a sinopse da novela. No meio disso ainda preparei a sinopse de "Lara com Z", série de 12 capítulos.
A série "Lara com Z" será sobre a personagem de Susana Vieira em "Cinquentinha"?
SILVA: Sim. Vou aproveitar uns seis ou sete personagens do elenco original de "Cinquentinha". A história se passa um ano e meio depois. Lara agora captou dinheiro para fazer um filme, mas gastou tudo para comprar um teatro. Como o filme não fica pronto, ela irá presa. É como o Guilherme Fontes, que pegou dinheiro público para filmar "Chatô" e até hoje não mostrou o filme. A diferença é que ele não foi preso (risos).
"Fina estampa" seria protagonizada por Glória Pires, mas o papel ficou com a Lilia Cabral...
SILVA: A Lilia é uma mulher muito inteligente. Tenho conversado muito com ela por e-mail. Ela vai pegar uma personagem altamente popular.
O Eduardo Moscovis ainda será o mocinho após essa mudança da protagonista?
SILVA: Não sei mais se o Du Moscovis vai estar na novela, acho que ele não quer fazer TV. Esses atores têm uma coisa estranha... Preferem fazer filmes que ninguém vê.
O senhor não fica cansado ao emendar um trabalho no outro?
SILVA: Não (risos). Eu adoro trabalhar e escrever qualquer negócio. Mas o meu contrato com a Globo vai até 2014. Tenho mais duas tramas para escrever e depois vou me aposentar.
Ainda não é cedo para se aposentar?
SILVA: Novela não é coisa para velho (risos).
O GLOBO: Qual a principal diferença entre a novela brasileira e a portuguesa?
AGUINALDO SILVA: Os portugueses têm uma certa resistência ao melodrama rasgado, apesar do fado. Eles não gostam de nada muito derramado. Mas eu conheço bem Portugal e quis puxar a novela para o lado mais popular daqui. A TV portuguesa não é tão assumidamente popular como a brasileira. Quis resgatar a fala coloquial nos diálogos. Vamos incluir também temas que interessam aos portugueses, como insegurança e desemprego.
Como está sendo o trabalho com a equipe de roteiristas portugueses?
SILVA: Sabia que isso só funcionaria com a adesão do Pedro Lopes e do grupo de colaboradores dele. Mas na primeira reunião já estávamos tendo ideias e trabalhando juntos. O Pedro falou que essa novela representa seu despudor. Tem que ser derramado porque a vida é derramada.
O senhor mexeu muito na sinopse de "Laços de sangue"? Quais foram suas contribuições?
SILVA: Logo que peguei a sinopse e vi que a irmã rica seria a vilã, pensei: "Isso está errado!". Inverti tudo. A boa será a rica. Eles não estavam acostumados com isso. A inversão alterou toda a trama. Outra preocupação minha era dar ambiguidade aos personagens. Mesmo a grande vilã terá uma motivação para fazer suas maldades.
O senhor também foi supervisor de "Tempos modernos". Por que não funcionou?
SILVA: Logo percebi que minha participação ali seria mínima. Esse negócio de fazer supervisão de novela é delicado. Ou você conta com a adesão do autor ou se retira. O Bosco Brasil queria fazer a novela dele.
É complicado opinar no trabalho de outra pessoa?
SILVA: Novela é uma coisa descartável. Quando acaba, acaba. Eu não complico muito essa coisa de autoria e por isso sempre trabalho em parceria. Vejo que faltam novos autores e me preocupo com isso. No Brasil, os mais jovens são o Walcyr Carrasco e o João Emanuel Carneiro.
O senhor vai estrear a novela "Fina estampa" ano que vem na Globo, mas também já apresentou um novo seriado para a emissora, não foi?
SILVA: A novela foi criada durante a minha primeira master class (aulas de roteiro ministradas por ele) e irá ao ar no segundo semestre de 2011. Este ano não consegui parar. Acabei a segunda master class em maio, numa sexta-feira, e fui para Paris terminar a sinopse da novela. No meio disso ainda preparei a sinopse de "Lara com Z", série de 12 capítulos.
A série "Lara com Z" será sobre a personagem de Susana Vieira em "Cinquentinha"?
SILVA: Sim. Vou aproveitar uns seis ou sete personagens do elenco original de "Cinquentinha". A história se passa um ano e meio depois. Lara agora captou dinheiro para fazer um filme, mas gastou tudo para comprar um teatro. Como o filme não fica pronto, ela irá presa. É como o Guilherme Fontes, que pegou dinheiro público para filmar "Chatô" e até hoje não mostrou o filme. A diferença é que ele não foi preso (risos).
"Fina estampa" seria protagonizada por Glória Pires, mas o papel ficou com a Lilia Cabral...
SILVA: A Lilia é uma mulher muito inteligente. Tenho conversado muito com ela por e-mail. Ela vai pegar uma personagem altamente popular.
O Eduardo Moscovis ainda será o mocinho após essa mudança da protagonista?
SILVA: Não sei mais se o Du Moscovis vai estar na novela, acho que ele não quer fazer TV. Esses atores têm uma coisa estranha... Preferem fazer filmes que ninguém vê.
O senhor não fica cansado ao emendar um trabalho no outro?
SILVA: Não (risos). Eu adoro trabalhar e escrever qualquer negócio. Mas o meu contrato com a Globo vai até 2014. Tenho mais duas tramas para escrever e depois vou me aposentar.
Ainda não é cedo para se aposentar?
SILVA: Novela não é coisa para velho (risos).
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