terça-feira, 28 de setembro de 2010

Araguaia tem estreia lenta, mas deve agradar


Estreou na última segunda-feira a nova novela das seis da Rede Globo, Araguaia. A trama assinada pelo experiente autor Walter Negrão (Como uma Onda) tem um objetivo muito claro: superar as dificuldades que uma novela do horário enfrenta no final de ano, como Horário de Verão, festas de fim de ano, férias e Carnaval e, ainda assim, conseguir números significativos de audiência.

Este desafio se torna ainda mais complexos quando se olha para trás e nota-se a dificuldade que os folhetins do horário vem enfrentando quando o assunto é audiência. Mesmo que as últimas tenham conseguido - com dificuldade, diga-se - atingir a nova meta de 25 pontos de média determinada pela emissora, conquistar números significativos e de destaque não tem sido tão comum (basta notar que a maior audiência de Escrito nas Estrelas e Cama de Gato foi de apenas 33 pontos e num único capítulo).

Com tantos objetivos e dificuldades, assim estreou Araguaia, uma história que se aproxima bastante do estilo anos 80 de se fazer telenovelas para o horário e resgata a magia, o misticismo inocente, as histórias de amor arrebatador, mas principalmente, resgata o "arroz com feijão" do formato. Não a toa desde as chamadas já começaram as comparações com Paraíso, novela exibida há pouco tempo também no horário das 6.

Walter Negrão fez tudo neste primeiro capítulo, menos ousar em seu texto. Extremamente tradicional, a estreia do folhetim não trouxe grandes emoções, mas serviu para apresentar com tranqüilidade cada personagem - entre os mais importantes - e principalmente cada história a ser contada nos diferentes núcleos. Quem assistiu não teve dúvidas do caráter e da personalidade de cada um dos que já apareceram e começaram a destrinchar suas histórias na tela.

Num ritmo que faria inveja a mais lenta das tartarugas, Araguaia mostrou que não tem pressa para contar sua história, que não haverá agilidade, muito menos falas rápidas e cortes precisos na cena, ao contrário, tudo é muito longo, visão panorâmica de paisagens bucólicas, textos longos, cenas que as vezes dão a impressão de serem infinitas deram o tom deste primeiro capítulo. Em tempos em que o telespectador clama por velocidade, tudo isso pode soar ruim, mas não é, a lentidão não é algo necessariamente ruim quando se há boa história.

O único destaque desta estreia foi o trabalho de Regina Duarte que, mesmo sem ter textos, mostrou uma composição primorosa de sua personagem e chamou a atenção de todos apenas por sua forma de olhar. O destaque fora do elenco foi a direção que conseguiu dar a trama o ritmo que o texto pedia, principalmente com o enquadramento das cenas e as visões panorâmicas lindas, souberam aproveitar o ambiente. Com tudo isso, mesmo sendo lenta, monótona e, até modorrenta, Araguaia parece ter uma boa história e, se tiver, vai agradar.

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