segunda-feira, 12 de setembro de 2011

CRÍTICA/ 'Barata Flamejante' e a baixa qualidade no Multishow


Nos primórdios da TV paga, há mais de 15 anos, ninguém do ramo trabalhava para 11 milhões de assinantes (o número aproximado alcançado hoje, segundo a Anatel). Na época, era possível experimentar, investir em públicos restritos, apostar em programação elitizada e errar bastante sem que muita gente percebesse. Foi um grande aprendizado para muitos.

Com o crescimento do setor, os canais tiveram seu alcance ampliado e muitos redesenharam sua programação para atender a plateias diversas, menos elitizadas. Isso aconteceu com o GNT, por exemplo, que enveredou por um caminho mais popular. Outros foram abandonando as legendas das atrações estrangeiras e adotando a dublagem para agradar ao espectador recém-chegado.

Neste cenário, as mudanças mais misteriosas são as ocorridas com o Multishow. Originalmente dedicado a música e espetáculos, o canal passou a buscar o público jovem, o mesmo que prestigiava a MTV. Até aí, ok. O problema é que sua programação, com algumas honrosas exceções, não valoriza de verdade seu espectador. Ser jovem não é sinônimo de fazer por menos. E no canal da Globosat estão prosperando atrações da pior qualidade com a desculpa de que elas são voltadas para essas plateias.

Há vários exemplos, mas o mais ilustrativo deles é a série brasileira “Barata Flamejante”. Basta uma pesquisa para descobrir que seu criador, Ian SBF — que também assina o roteiro e direção —, declarou ter tido “a ideia do personagem na adolescência”. Como todo mundo sabe, muita gente tem ideias incríveis na adolescência. Felizmente, o mercado é competitivo e nem todas elas se materializam, como aconteceu com esta produção. “Barata Flamejante” não é um “programa para o público jovem”. Ao contrário, trata-se de um insulto à inteligência desse espectador. É algo tão constrangedor que não mereceria estar na TV por assinatura nem nas priscas eras em que havia poucas testemunhas.

O Multishow, com seus altos e baixos, deve buscar um maior controle da qualidade. Certas derrapadas podem comprometer o todo seriamente.

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