sábado, 26 de dezembro de 2009
'O vigilante rodoviário' é lançado em DVD
Ora na garupa de uma Harley-Davidson 1952, ora no estofado de um carro Simca Chambord 1959, o Inspetor Carlos, herói da série "O vigilante rodoviário", enfim vai pegar um atalho para a era digital. Demorou... mas o mais famoso guardião das estradas nacionais enfim chegou ao formato de DVD, em um pacote de quatro discos, distribuído pelo selo Spectra Nova, reunindo 35 dos 38 episódios exibidos em 1961 e 1962 pela TV Tupi.
- Fomos precursores de um formato que hoje as minisséries e até as novelas seguem - diz Carlos Miranda, coronel reformado da Polícia Militar, que interpretou o Inspetor Carlos no seriado.
Ocupado com a divulgação de sua autobiografia, "Inspetor Carlos, o eterno vigilante", Miranda, hoje com 76 anos, vive no município paulista de Águas da Prata, próximo a Poços de Caldas. De lá, acompanha a procura dos fãs pelos episódios de um programa que foi pioneiro no país ao abordar as aventuras de um homem da lei na TV. Rodadas em película, as peripécias motorizadas de Carlos e seu fiel pastor alemão Lobo traziam ao volante o cineasta Ary Fernandes, diretor de "Uma pistola para Djeca" (1969), com Amácio Mazzaropi.
- Eu estreei no cinema em 1949, como office-boy dos estúdios Maristela e, em 1956, quando a companhia já estava no fim, eu era gerente. Como tinha experiência em teatro popular, fui tentar um papel na série "O vigilante rodoviário". Para me preparar, passei seis meses treinando na Escola de Policiamento Rodoviário da PM de São Paulo, aprendendo ainda defesa pessoal, jiu-jítsu e boxe - diz Miranda, que participou de 17 longas entre 1958 e 1979.
Nos episódios reunidos no pacote de DVDs - carente de extras informativos -, como "A chantagem", "Terras de ninguém" e "Pânico no ringue", Miranda põe em prática toda a sua preparação física para encarnar o patrulheiro que marcou época no imaginário audiovisual da década de 1960. O rigor das tomadas de ação até hoje impressionam os pesquisadores de TV.
- É impressionante como "O vigilante rodoviário" não envelheceu, ao contrário do que aconteceu com muitos seriados americanos da mesma época - elogia o jornalista e pesquisador de TV Paulo Gustavo Pereira, autor de "O almanaque dos seriados". - O detalhe mais curioso é que a série de Ary Fernandes inaugurou a noção de série independente no país, recentemente repetida em produtos como "Cidade dos Homens". Ary filmou o seriado sem aporte de grandes emissoras.
As temporadas de "O vigilante rodoviário" foram produzidas com patrocínio da Nestlé. Mas, apesar do sucesso do programa, o alto custo dos negativos usados nas filmagens acabaram interrompendo a trajetória do Inspetor Carlos. Depois de seu encerramento, Miranda entrou para a Polícia, assumindo, na vida real, o personagem que imortalizou na ficção.
- Sobre a minha passagem da arte para a polícia, a Rosamaria Murtinho, uma colega querida, uma vez disse que eu deixei o meu talento pela minha vocação - diz Miranda.
Além da sobrevida que ganha em DVD, "O vigilante rodoviário" também está sendo exibido pelo Canal Brasil. A série pode ser vista às segundas-feiras, às 20h30m, às terças, às 15h30m, e aos domingos, às 11h.
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