quarta-feira, 21 de abril de 2010

‘Separação?!’ é a melhor estreia da temporada


Há muito tempo a TV não produzia um programa tão divertido quanto “Separação?!”. Estrelado por Débora Bloch e Vladimir Brichta, o seriado entrega sua autoria no primeiro minuto do primeiro tempo: é um filhote de “Os normais”, também de Fernanda Young e Alexandre Machado e igualmente dirigido por José Alvarenga Jr.. Mas, ao contrário de “Os normais”, em que os personagens eram noivos eternos e caminhavam para o casamento, aqui o roteiro gira em torno de uma relação azeda. “Separação?!” é uma grande e infrutífera “d.r.” (discussão de relação) que descamba para a comédia rasgada.

Karen (Débora) é uma professora de pré-escola que já não aguenta Agnaldo (Vladimir). Os motivos: ele faz barulho quando mastiga, suas noções de higiene são diferentes das dela, ela acha que ele não presta atenção quando ela fala etc. Por sua vez, a Agnaldo tem restrições à histeria dela, e não a suporta ouvir falando sem parar e repetindo “48 vezes a expressão ‘eu mesma’”.

Os autores brincam com algo que todo mundo já viveu — os clichês que se apresentam em qualquer relação falida — e arrastam seu humor para o absurdo. O resultado não poderia ser melhor. Os chavões servem para construir a identificação com as situações apresentadas. Feito isso, o público está ganho para viajar no que os roteiros apresentam de mais absurdo. E bota absurdo nisso.

Débora Bloch é uma das melhores atrizes de sua geração e Vladimir Brichta, um par à altura dela. Destaque ainda para Cristina Mutarelli, maravilhosa num papel menor. A narração, um risco, também funciona porque o texto é ótimo. Por exemplo, no último episódio, a voz em off explicou: “Murphy fez a lei de Murphy quando estava se separando de Murphy”. É que as regras existem para organizar a vida. A de Murphy é a expressão concreta da desorganização. “Separação?!” é justamente sobre isso.

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