“Papai Noel existe”, apresentado pela Globo anteontem, foi a feliz mistura de uma boa história com um elenco excelente. Regina Casé era Francis, uma vendedora do comércio popular na Saara. Usou de todo o seu carisma e poder de comunicação para encarnar a personagem que ela definiu em entrevista como “um Maracanã de mulheres de 15 a 60 anos, que conheci em muitos trabalhos”. Francis ficou exatamente com a envergadura que a atriz almejou.
Rodrigo Santoro, que o público acaba de ver como um galã levado ao paroxismo em “Afinal, o que querem as mulheres?”, esbanjou versatilidade num papel bem diverso. Ajudado pela caracterização, construiu sem cair na caricatura um tipo cariocão e malandro, meio belicoso mas “com um grande coração”. Katiuscia Canoro também brilhou como Suelen, um papel cômico como aqueles que o público está acostumado a vê-la fazer em “Zorra total”, mas ainda assim diferente do que conhecemos.
A história de Patrícia Andrade, Péricles Barros, Estevão Ciavatta (também diretor), Regina Casé e Guel Arraes misturou drama e comédia bem dosados. Foi um conto clássico, ao mesmo tempo universal e brasileiro. Uma dose de crítica social atribuiu ao programa uma certa atmosfera alusiva a Charles Dickens.
Finalmente, surpresa das surpresas e, vai ver, prova até de que Papai Noel existe mesmo: o menino Pablo Vinícius teve um desempenho impecável. É algo raro entre atores-mirins na TV brasileira, sempre embalados por um irritante tatibitate. O garoto é fera. E o programa, muito bom.
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