segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Elenco da próxima novela das sete, cuja trama envolve dinossauros e tecnologia, grava em Tóquio


Quando pequena, Adriana Esteves nunca foi muito ligada nessa história de dinossauros, tema que fascina crianças de todas as gerações, a começar por seu filho caçula, Vicente, de 4 anos. Mas ultimamente ela tem decorado nomes de fósseis e andado com um pequeno réptil marinho pré-histórico pendurado no pescoço. A corrente com o pingente de ouro é parte do figurino da personagem que levará Adriana de volta às novelas, depois de cinco anos. Júlia, uma paleontóloga criada por Walcyr Carrasco, será a protagonista da próxima trama das 19h e já transportou a atriz a um lugar com o qual ela sempre sonhou mas, no fundo, achou que nunca conheceria: Tóquio, seus arredores e suas contradições - cenário que costuma deixar olhos e câmeras em delírio.

- A gente sempre imagina como será pisar do outro lado do mundo, né? Mas quando você chega aqui, não acredita. É tudo muito acima das minhas expectativas - diz Adriana ao GLOBO, num intervalo das gravações na capital japonesa.

O Japão dominará os primeiros capítulos da trama de Carrasco, ainda sem título, cuja sinopse enfatiza o contraste entre o antigo e o moderno - uma das características mais marcantes da sociedade japonesa.

A estreia está prevista para março, mas a logística de filmar num ponto tão distante do Brasil já mobiliza um time grande. Comandadas pelo diretor geral Rogério Gomes, o Papinha, 30 pessoas gravaram no Japão durante 20 dias, com o auxílio de mais 15 do IPC, afiliada internacional da TV Globo no país. É uma operação de peso mesmo para os padrões globais.

- Eu já tinha esquecido como é trabalhar com um grupo tão grande - conta Adriana, que não faz novela desde "A lua me disse": - É bacana esse clima meio família. Eu me sinto parte de uma banda de rock ou de um timão de futebol, sabe?

A "banda" no Japão incluiu Mateus Solano, também protagonista; Bárbara Paz, Paulo Vilhena e Michel Bercovitch, além de duas atrizes com traços orientais, Luana Tanaka e Camila Chiba, que viverão imigrantes brasileiras (decasséguis).

Seis carros, um microônibus e um caminhão levaram a equipe e os muitos quilos de equipamento a alguns dos pontos mais conhecidos de Tóquio. Entre eles Ginza, bairro que tem as lojas mais chiques da capital; Akihabara, meca dos eletrônicos; e Roppongi, a área dos bares e baladas. Mas além de cenários urbanos, o público também vai ver um Japão mais tradicional, com templos e jardins. E, ainda, o símbolo maior do país, o Monte Fuji.

- É muito impressionante gravar no meio da loucura noturna de Roppongi e, depois, se ver diante do Fuji, com aquela paisagem tomada pela calma - vibra Bárbara.

Há dez anos, Papinha também trabalhou numa novela que começou em Tóquio: "Laços de família".

- Mas a experiência agora é diferente, porque o país vai ter um peso grande na trama, que falará de paleontologia e robótica - adianta o diretor: - A modernidade dessa terra é absurda e a gente quer mostrar bem isso - avisa, definindo a novela como uma comédia romântica.

As locações foram escolhidas por Carrasco, que fez a mesma viagem antes de as filmagens começarem.

- Sempre quis retratar esse universo em uma novela. Fui criado em Marília, no interior de São Paulo, local de grande concentração de imigrantes japoneses. Desde pequeno, convivi com essa cultura, desde a culinária até a pintura. Agora, recentemente, aliei a esse fascínio o meu interesse pela robótica e fui conhecer os avanços tecnológicos japoneses - explica o autor, enfatizando a importância do país para a trama: - Representa a união entre a tradição e a modernidade, entre antigos sentimentos e futuros possíveis. E tem a questão da tecnologia. Hoje, no Japão, já são construídos androides semelhantes a seres humanos.

Para juntar dinossauros e robôs numa história, o texto de Carrasco vai carregar no humor. Um resumo: Júlia é uma paleontóloga, noiva do inglês John Lewis (Bercovitch). Ela vive em Londres e vai ao Japão fazer escavações aos pés do Fuji, buscando fósseis. Ícaro (Solano), ao contrário, pesquisa o futuro: quer construir um robô igual à mulher que perdeu (Flavia Alessandra). Bárbara e Vilhena interpretam assistentes da protagonista, que vai perder tudo e se mudar para o interior de São Paulo, onde achará um novo amor (Marcos Pasquim).

- A Júlia é um coquetel molotov de Sandra Bullock, Angelina Jolie, Jennifer Aniston e Andréa Beltrão - brinca Adriana, louríssima para viver a cientista, que pelo menos em Tóquio desfilava bem chiquezinha, de saia e terninho pretos, botas longas de salto e cabelo chanel.

A atriz já foi uma heroína de Carrasco na bem-humorada "O cravo e a rosa" e diz que fica feliz por poder mergulhar num universo que não tem nada a ver com o seu dia a dia. Para entender melhor a paixão de Júlia, tem frequentado o Museu de História Natural da UFRJ e conversado com a equipe de pesquisadores.

- E um cenário como esse ajuda, né? - atesta ela, caminhando entre as galerias cheias de fósseis gigantes do Museu de Ciência e História Natural de Tóquio.

A novela foi gravada em ritmo acelerado, madrugada adentro, e até a Torre de Tóquio - um marco da cidade - ficou iluminada além do horário normal para uma das cenas. Nas horas vagas, a equipe virava turista. Com guias e mapas à mão, o marido de Adriana, o ator Vladimir Brichta, de férias, encontrava a mulher no intervalo das gravações e já se mostrava totalmente à vontade num dos metrôs mais movimentados do mundo. A cordialidade e a eficiência dos japoneses foram os pontos mais destacados pelo grupo.

- É um lugar de muitas regras e, no início, a gente estranha, mas, depois, entende que essa é a maneira correta de fazer as coisas aqui e tudo começa a funcionar de um jeito perfeito - compara Papinha.

Bercovitch resume bem o fascínio:

- O Japão vira a gente do avesso.

(Colaborou Tatiana Contreiras)

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