- Não conheço ninguém que tenha feito o mesmo personagem depois de quase 30 anos. A novela é muito gostosa. Ia fazer só uma participação nos seis primeiros capítulos, mas pedi ao Jorginho ( Fernando, diretor) que desse a Maria Adelaide a ideia de eu ficar até o fim. Curto demais o texto dela, com quem ainda não havia trabalhado. É brilhante. Ela soluciona as situações resgatando o original e, ao mesmo tempo, homenageado o Cassiano ( Gabus Mendes, cunhado de Luis Gustavo e autor do folhetim original).
- Nossa... O Tatá é um gênio. É um ator diferenciado. Ele é tão bom que os personagens dele continuavam após as novelas. Foi assim com uns dois. Inventavam uma série ou um filme só para ele. Esse é o Luis Gustavo, nem precisa dizer mais nada - derrete-se em elogios o ator, citando Mário Fofoca e Beto Rockfeller, que deram origem a filmes e séries.
A rasgação de seda é mútua: Luis Gustavo diz que é fã de Benício há muito tempo, destaca sua atuação nas comédias e sua composição de um Victor Valentim totalmente novo e igualmente bem-sucedido.
- O Murilo é ótimo. Só ele tem esse tempo de comédia, essa pausa, essa ironia. Adoro o trabalho que ele está fazendo. É um Victor Valentim próprio, que não tem nada a ver com o meu. O dele é mais atual, moderno e engraçado. O meu era mais austero e tradicional. Ele montou um novo personagem, do qual eu gosto muito.
Quem assistiu à primeira versão de "Ti-ti-ti" faz uma espécie de viagem no tempo. Luis Gustavo conta que a ideia discutida com os diretores da novela foi buscar as referências de seu antigo personagem e não criar um terceiro Victor Valentim. Esse exercício, diz ele, tem sido difícil, mas recompensador.- Estou procurando resgatá-lo, na medida do possível. Claro que hoje estou de cabelos brancos, velho e barrigudo, isso não tem solução. Mas o olhar, a voz, o charme, isso eu consigo fazer - brinca o ator, dizendo que contou com a ajuda do diretor Jorge Fernando para entrar no clima da novela: - No início eu fiquei meio envergonhado. Numa cena, alguém me pergunta como falo espanhol tão bem e eu digo: "É porque eu sou amigo do Tatá, o Luis Gustavo, um ator que interpretou um personagem espanhol.". Olha como essa novela é louca! Mas depois entrei na onda.
Feliz por matar as saudades de seu personagem, o ator confessa que sentiu um tantinho de ciúme no início da trama. Um "ciúme entre aspas", segundo ele. Na verdade, uma mistura de nostalgia e saudade. A importância de Victor Valentim em sua carreira é visível na hora em que o ator descreve exatamente como se sentiu ao gravar sua primeira cena no remake.
- Não tinha ideia de como seria. Era uma cena com a Regina Braga, uma atriz incrível. Entrei no estúdio com muita coisa na cabeça: marcação, o texto em espanhol e o fato de ser uma atriz com quem eu nunca tinha trabalhado. Não estava exatamente nervoso ou preso, mas é algo quase como uma surdez, um transe. O engraçado é que disse a primeira fala e, quando ela respondeu, me soltei completamente. Parecia que tinham cortado a corda da âncora, sabe? Aí comecei a voar, a falar coisas que vinham na cabeça, do mesmo jeito que fazia antigamente. Você não ouve mais nada. Olha, foi uma das melhores sensações que eu tive nos últimos anos - diz, emocionado.
Benício afirma que se sente privilegiado em ver a performance de Tatá. Um dos aspectos que mais fascinou o ator, um iniciante na língua espanhola, foi o domínio demonstrado pelo veterano.
- Ele fala espanhol, não é como eu que preciso ficar estudando. O mais engraçado é que, em algumas cenas, eu não entendia nada do que ele estava dizendo. Era muito rápido, e ele ainda enfiava os palavrões no meio sem ninguém perceber - revela, rindo: - O meu Victor Valentim fala um espanhol totalmente enrolado, porque eu tive muitas dificuldades. Na primeira cena que fiz como Valentim, o estúdio teve que ser cancelado porque eu não conseguia dizer as falas. Tive muita ajuda do Rodrigo Lopez ( o Chico, na trama), que é filho de espanhol e ia lá em casa me ensinar. Coitado, ficava até 2h da manhã e eu não entendia nada.
Já na reta final da novela, o ator comemora o sucesso, mas admite que teve medo das comparações. Segundo Benício, o fato de reviver um personagem tão querido de uma novela tão bem-sucedida só atrapalhou sua preparação.
- O remake trouxe uma expectativa muito grande. Era, de certa forma, minha responsabilidade que a novela fosse boa. E o Tatá estava genial na versão original. Ou seja, era tudo contra. Mas deu muito certo. Acho que a Maria Adelaide superou qualquer expectativa. Além de juntar dois folhetins e reescrever maravilhosamente, ela partiu para esse universo de brincadeira entre os atores que é sensacional. Na verdade, eu diria que é mais que uma novela, é uma verdadeira homenagem ao Cassiano, esse autor maravilhoso que tivemos.
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