
Imagem do filme Jean Charles, que deu origem à série Brazucas (Foto: Divulgação)
A Globo engavetou o projeto de realizar uma série em Londres.
Intitulada Brazucas, a série mostraria as agruras de  brasileiros vivendo na Inglaterra. Os protagonistas seriam um "playboy" e  um motoboy. Os dois teriam um conflito inicial, mas, depois de perder a  mesada do pai, o playboy precisaria da ajuda do motoboy.
Com roteiro de Henrique Goldman (diretor do filme Jean Charles), Brazucas estava em gestação desde 2009. Em junho deste ano, finalmente a Ancine (Agência Nacional do Cinema)  aprovou o uso de recursos de incentivos fiscais para a produção dos  seis primeiros episódios da série, que custariam, ao todo, R$ 6,4  milhões.
Para realizar o programa, a Globo usaria R$ 3 milhões de recursos  vinculados à Ancine, em um mecanismo de incentivo fiscal chamado Artigo  3A. Pelo mecanismo, as emissoras abertas de TV podem destinar para  produções televisivas 70% do imposto que pagariam pelo envio de dinheiro  ao exterior.
Por exemplo, se a Globo paga US$ 10 milhões pelos direitos de um  evento esportivo, ela pode destinar US$ 1,050 milhão para a produção de  séries, minisséries e telefilmes. Somente no primeiro semestre deste  ano, a Globo recolheu na Ancine R$ 9,6 milhões de recursos para esses  fins.
Para usar esse dinheiro, no entanto, as emissoras têm se submeter a  algumas regras. A principal delas é que a produção seja independente. No  caso de Brazucas, a série seria produzida pela O2, do  cineasta Fernando Meirelles.
O que levou Brazucas para a gaveta foi uma outra norma da  Ancine. Embora use recursos de incentivo fiscal atrelados a uma emissora  de TV, a produtora independente é que fica com os direitos patrimoniais  definitivos da obra. E, após cinco anos, a emissora não tem mais poder  nenhum sobre o produto, ou seja, não pode mais reprisá-lo ou  comercializá-lo em formato alternativo. A produtora fica 100% dona dele.
Como a Globo iria investir quase R$ 3 milhões de recursos próprios (a  Ancine não permite mais de R$ 3 milhões incentivados por obra), a rede  achou correto negociar com a agência um prazo maior para uso de Brazucas, de dez anos.
Mas a Ancine não cedeu. Quem mais perdeu? O telespectador.
 
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