Quando a comédia extrapola suas raízes.
Falar mal de “Sai de Baixo” é difícil para um fã que gravava todos os episódios no videocassete, para depois assisti-los segunda-feira, depois da escola. Mas graças aos deuses nórdicos, as críticas negativas são bem poucas, e a balança pendeu para o lado positivo.
Assim como seus atores tiveram a liberdade de extrapolar o roteiro da semana, sinto-me nessa mesma condição e, por termos somente quatro episódios, esse texto é uma oportunidade única para eu falar tudo o que eu penso dessa série que, ao lado de “Os Normais” são as minhas comédias favoritas da televisão brasileira.
Fiquei extremamente feliz quando o anúncio desse especial foi divulgado, e ansioso quando amigos sortudos me contaram tudo quando assistiram às gravações. Caco Antibes é meu personagem favorito, mas gostaria de rever mais uma vez o desbocado Ribamar.
Creio que a maioria das pessoas que estão acompanhando esse especial não está ligando muito para a história em si; queremos é relembrar o passado através de um programa tão marcante. Poderia não haver história alguma e todos nós estaríamos lá assistindo do mesmo jeito.
Mas teve. E o segundo capítulo foi mais importante para uma personagem em especial: Neide, a doméstica. Após perder todo o dinheiro para o falso-mordomo e falso-francês Tony Ramos, Neide voltou a vestir seu velho uniforme de guerra, apesar de não ter feito faxina alguma.
Mas se “trabalho” é a palavra que não pode ser mencionada, essa família tinha que buscar outra saída. Foi quando recebemos a notícia de que Caco estava noivo de Henriqueta, uma rica fazendeira goiana, que quase deu um cheque de meio milhão ao seu deus nórdico.
Ingrid Guimarães até tentou levar o “convite” a sério, mas não conseguiu se segurar. Também, quem conseguiria segurar a onda ao lado de um Caco fazendo gracinhas para Cassandra? E por falar nela, a atriz interpretou outro personagem no episódio da semana.
Como bem disse Neide Aparecida, Vavá foi o único que pensou em trabalhar para reverter a miséria das sardinhas. Sua agência de “estrelas” começou logo com a rainha do Iê Iê Iê, só que de segunda linha, interpretada por uma Aracy que se divertiu relembrando um pedaço de seu passado, com direito à peruca e dancinha.
Mas foi outra parte de seu histórico que acabou roubando as risadas do episódio, quando Falabella decidiu contar que a amiga já havia faturado. Essa pequena (e torta) homenagem foi muito bacana e serviu como um reconhecimento da carreira dessa veterana.
Eu não sei quanto a vocês, mas essa cena logo me fez recordar um depoimento dado por Lolita Rodrigues na época da morte de Hebe Camargo. Questionada se voltaria a atuar, ela disse que dificilmente, porque não gostaria de receber um papel de quarta categoria como fizeram com sua amiga, praticamente uma figuração.
O que importa é que todos os cinco atores presentes nesse episódio são excelentes, e por isso estão revivendo esse seriado. Como bem dito nos comentários da review anterior, é claro que Claudia Jimenez e Tom Cavalcante fazem falta, além de outros que passaram pela série.
Mas creio que o ponto principal disso tudo seja celebrar o passado. Realmente não sei o que vai acontecer nos próximos dois capítulos, e se haverá ou não novas participações especiais. O que eu sei é que eu vou assistir e relembrarei dos meus tempos de escola, da antiga abertura, da burrice da Magda e dos devaneios de Caco.
PS: gostaria que os leitores mais velhos me respondessem a uma dúvida: as piadas de tomate soaram bem “passadas” para mim, do tipo “perderam o momento, e o legume nem está mais caro”. Na época em que era transmitida, a série sofria desse problema também? Ou os roteiros eram mais “frescos”?
PS2: torta de sardinha é bom!
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