Em 14 de julho de 1980 – há 33 anos, portanto -, a TV Tupi de São Paulo (“a Pioneira”,
inaugurada em setembro de 1950) encerrava suas atividades, deixando
órfãos milhões de fãs de sua programação. Na época, os programas ainda
eram gravados em fitas, e os métodos de preservação de acervos dependiam
muito da boa vontade das emissoras – ainda era comum o hábito de
reutilizar as fitas, como medida de economia. Durante décadas, os fãs
saudosos da Tupi se perguntaram como rever os antigos programas da
Pioneira – questão também válida para os acervos da TV Manchete,
Excelsior e outras emissoras.
Há dez anos, procurei a TV Cultura,
pois fiquei sabendo que ela possuía algo do acervo de novelas da Tupi
em fitas. Na época, ainda era possível agendar um horário no setor de
Copiagem da Cultura para assistir programas de seu acervo. Recebi uma
lista com a relação de tudo que a emissora possuía de novelas da Tupi e,
durante duas tardes, pude assistir capítulos de dez títulos, entre eles
“Éramos Seis” (1977), “Ídolo de Pano” (1974-1975), “A Barba Azul” (1974), “Vitória Bonelli” (1972-1973), “O Profeta” (1977-1978), “A Viagem” (1975-1976), e outros.
A Cinemateca Brasileira,
em São Paulo, é o órgão que possui o maior acervo de programas da TV
Tupi, mas o acesso sempre era limitado, para não dizer impossível.
Sempre me questionei e fui questionado do porquê de órgãos como a TV
Cultura e a Cinemateca não disponibilizarem de uma forma mais facilitada
este rico acervo à população (estudantes, jornalistas e o público em
geral). Não falo apenas de novelas, mas também de programas
jornalísticos, humorísticos, musicais, de shows, teleteatros, etc.
Agora é possível! E sem precisar sair de casa. Recentemente entrou no ar na Internet o Banco de Conteúdos Culturais da Cinemateca Brasileira.
Trata-se de um portal da Cinemateca elaborado juntamente com o Centro
Técnico Audiovisual a partir de uma parceira do Ministério da Cultura
com o Ministério da Ciência e Tecnologia. O site apresenta coleções
digitalizadas de fotografias de filmes brasileiros do acervo da
Cinemateca, registros destes filmes, além de reportagens de telejornais
da Tupi e capítulos de várias novelas da emissora paulista.
Vou me ater ao assunto foco de meu blog. O Banco de Conteúdos Culturais
já disponibilizou 168 vídeos de novelas, em sua maioria capítulos
inteiros (alguns apresentam apenas takes). A base de dados é atualizada
periodicamente com o acréscimo de novos vídeos. No geral, está tudo em
bom estado. Alguns vídeos apresentam problemas de imagem e som, mas nada
que impossibilite assistir.
As novelas mais antigas são “Antônio Maria” e “Beto Rockfeller”,
ambas exibidas entre 1968 e 1969. A maioria dos títulos é da década de
1970, dos últimos dez anos da Tupi. Por enquanto, os folhetins com mais
vídeos são “Éramos Seis” (1977), 42 vídeos; “O Profeta” (1977-1978), 13; “O Direito de Nascer” (o remake de 1978), 12; e “Os Inocentes” (1974), 10.
No
ano em que a telenovela diária completa 50 anos, este site da
Cinemateca chega a ser uma homenagem e tanto. Além de um sonho realizado
para quem sempre quis rever o acervo da Pioneira. Eu mesmo estou me
deliciando, relembrando minha infância e matando a curiosidade de
novelas que nunca vi.
Acesse AQUI o Banco de Conteúdos Culturais da Cinemateca Brasileira para a relação de vídeos de novelas da Tupi.
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