por Leandro Schulai
Simplesmente um luxo!
Essa frase era um jargão utilizado por Ataíde Patrese, um
apresentador que visitava diversos países em um programa de televisão e
só mostrava a parte rica e fina de onde estava. Luxo para mim é a
palavra que define a série “O Negócio” até o momento. Quando escrevo
textos com primeiras impressões, gosto de esperar sempre dois episódios,
porque já tive situações em que o piloto foi maravilhoso e o restante
uma decepção (FlashForward) e vice-versa (Falling Skies). No caso dessa
série posso dizer que estou muito satisfeito com o que pude acompanhar.
Para começar já bato palmos para toda a produção. A trilha sonora é
sublime e remete ao luxo, riqueza, beleza, glamour, é sofisticada,
simples e muito bem colocada. A abertura faz jus ao que a série se
propõe a mostrar e o casamento do glamour com a sensualidade é um tiro
certeiro. A ideia de usar da prostituição para aplicar conceitos de
marketing foi uma sacada genial e muito realista, afinal, esse universo é
comprovadamente carente de marketing devido ao preconceito e facilidade
com as quais os “bookers” e cafetões tem para conseguir seus negócios.
Utilizar então de conceitos como da venda casada e aplicar isso em
situações reais com garotas de programa foi a união perfeita. A
prostituição é um tema bem conhecido, discutido e comentado no Brasil,
por isso, acho que para uma série nacional a escolha do tema foi
acertada, pois mesmo utilizando de um tema corriqueiro, não cai na
famosa pornochanchada que estamos acostumados a ver em alguns filmes e,
que em minha opinião, denigrem o Brasil. Não aceito que critiquem a
série dizendo que só sabem falar disso e que o Brasil só tem putaria.
Acho que o foco da série é o marketing e a graça da série é justamente
como aplicar conceitos intrincados nesse mundo tão explorado.
A chamada é muito bem bolada: o que seria da profissão mais antiga do
mundo se o marketing existisse? O que fazer com a profissão mais antiga
e menos atualizada? Só com esse take já se fica curioso para o que a
série se propõe a mostrar, mas ela vai além e isso se deve à trama.
Diferente de filmes como “Bruna Surfistinha” que focam em como uma
garota comum se transforma em garota de programa, O Negócio foca nas
garotas já em suas profissões e como são suas vidas no dia a dia.
Diferente do que já vimos, essas garotas não atendem qualquer um e são
consideradas “putas de luxo”. O interessante disso é que descobrimos um
pouco mais desse mundo tão misterioso como a figura dos bookers, das
festas privadas, do curso para herdeiros e de como funciona a mente de
executivos fora das empresas. As protagonistas até o momento, Karin e
Luna dão um banho em seus papéis e carregam bem o piano nas costas.
Enquanto Karin é a mulher fria, ambiciosa, solitária e que só demonstra
humildade num raro momento de isolamento próximo a Marginal Tietê
comendo lanche do Mac, Luna faz o papel da moça que ainda tenta
disfarçar a vida que leva e sonha em casar-se com o cara rico que a fará
feliz por toda a vida. A narração, feita por Luna, é muito bacana, a
atriz Juliana Schalch, além de linda, tem uma voz doce e suave e cai
como música para quem está acompanhando o episódio. Por sinal, as
protagonistas são lindas e só de ver a Luna sorrindo eu já ficaria vendo
e revendo a série toda rsrsrsrs.
Os episódios, apesar de terem cinquenta minutos passam rápido, pois
ao mesmo tempo em que a série mostra conceitos de marketing sendo
aplicados em negócios reais (como o clássico caso da fralda e da
cerveja), ela também mostra dramas familiares, um pouco de humor e muita
sensualidade, marca registrada da HBO.
Dos personagens secundários destaco o Ariel e seu restaurante
judaico. Muito boa as tiradas irônicas como a da lágrima e todo o
conflito dele com a Karin. Está meio óbvio que ele ligará atrás dela se
arrependendo, já que a Karin mostrou ao Osvaldo o que nenhuma outra tem e
convenhamos, para um cara chorar por uma garota de programa ela tem de
ser MUITO boa. A família da Luna me agradou também, como o irmão que eu
ainda acho que terá a sua transa com a Karin, e o falso namorado que
também espero ser explorado. A série apresentou muitos elementos bacanas
e o cliffhanger do final do segundo episódio foi demais e já estou aqui
confabulando que será a voz que descobriu que a Karin é na verdade
Joana.
O Negócio é uma série que se fosse falada em inglês eu duvidaria que é
nacional, pois tem muita qualidade, boas atuações, boa trama e muito
detalhismo que é marca “desregistrada” dos brasileiros. A HBO vem
acertando em produções nacionais e com essa não é diferente. Tenho
certeza que será um enorme sucesso. Potencial tem e muito!
Anotações do cliente fiel:
- Quando eu vi a noiva do cara do segundo episódio quebrando aquele porsche eu quase morri!
- Por que nenhuma série consegue autorização para colocar o Google nos computadores das pessoas. All Search fica muito tosco.
- Quem será a voz, hein no telefone, hein? Eu acho que é algum ex da
Karin, cheguei até a pensar no Osvaldo, mas ficaria muito óbvio e pobre.
- A região do Brookling / Itaim Bibi em SP é linda demais. Vale a pena visitar quem não conhece.
- “Homem não trai pelo sexo, mas pela galera” o que pensam disso?
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