por Thiago Leal
Caça, caçador…
Quando achei que “Amores Roubados” não poderia mais me surpreender,
eis que temos este terceiro capítulo espetacular que mudou tudo o que já
havia sido estabelecido na minissérie até então. Afinal, se nos dois
primeiro capítulos vimos todo o jogo de sedução de Leandro, que como um
exímio caçador conquistou os amores de Celeste e Isabel, colocando as
duas mulheres em seu rol de conquistas como troféus, aqui a situação
mudou por completo e Leandro se tornou caça, não resistindo aos encantos
de Antônia e se rendendo a uma situação que até então lhe é
desconhecida.
Desde as chamadas este romance já nos era prometido, mas foi tão
negligenciado pelo roteiro nos dois capítulos iniciais que eu já estava
quase certo que seria algo trabalhado cuidadosamente em um futuro
próximo. Imaginava que, neste momento, veríamos as dificuldades de
Leandro em equilibrar seus casos com Celeste e Isabel para, só então,
engatar em seu envolvimento com Antônia. Na minha cabeça não teríamos
este casal se formando antes do quinto capítulo, pelo menos.
Outra surpresa maravilhosa deste envolvimento entre Leandro e Antônia
foi o destaque dado às duas personagens, sobretudo àquela interpretada
por Ísis Valverde que estava estranhamente apagada para uma protagonista
nos últimos dois capítulos mas que, agora, apareceu com força e além de
conquistar Leandro também conquistou o público.
Portanto, é necessário assumir que quem roubou a cena neste terceiro
capítulo de “Amores Roubados” foi o próprio roteiro da minissérie, que
antecipou um acontecimento importante e deixou ao público tal qual
estava Leandro: desorientado. Tenho certeza que, assim como eu, neste
momento ninguém sabe definir bem o que esperar da série. Ninguém sabe se
prefere Leandro com Celeste, Isabel ou Antônia, mesmo sabendo que ele
não terminará com nenhuma delas, provavelmente.
E a grande brincadeira aqui é que, eu que imaginava que o título da
minissérie era uma referência direta a Leandro, mais uma vez me vi
surpreendido ao notar que, mesmo que o rapaz tenha roubado os amores de
duas mulheres casadas, foi a improvável Antônia que, na verdade,
roubou-lhe seu amor. Talvez por isso, este seja o mais perigoso dos três
relacionamentos que o rapaz possui já que assim como é certo que um Don
Juan fatalmente conquista suas presas, é mais certo ainda que este tipo
de homem, quando se apaixona, cega-se por completo.
E toda a construção deste romance nos mostrou exatamente isso “Ei
público, vocês não estão apenas vendo mais uma conquista de Leandro” ao
estabelecer tudo exatamente ao contrário do que havia sido estabelecido
com suas duas últimas conquista. A começar pela iniciativa, que partiu
de Antônia, depois o “acidente” que o deixou em uma situação de
submissão a uma mulher que até então não tínhamos visto. Mas, sobretudo,
o recado mais claro de que talvez este amor seja verdadeiro foi o fato
de Leandro não conseguir transar com Antônia em sua primeira noite
juntos.
Quanto aos outros dois vértices desse quadrilátero amoroso, mesmo que
em segundo plano, fomos presenteados com mais momentos memoráveis de
duas das maiores atrizes brasileiras: Patrícia Pillar e Dira Paes. Mesmo
que sem destaque, as duas mulheres tomaram por completo os poucos
momentos que lhes foram reservados pelo roteiro e transformaram em uma
verdadeira aula de atuação, sobretudo Patrícia Pilllar.
Que cena brilhante aquela em que ela se descontrola com o sumiço do
livro de poesias e tenta mostrar-se forte – ainda que em desespero –
perante a filha. Aquele livro despertou sentimentos e desejos tão
obscuros em Isabel que ele deixou de ser apenas um livro e se tornou
quase que um diário. É como se seus pensamentos mais sórdidos estivessem
ali, escritos nele dentre as poesias de Joaquim Carvalho e, exatamente
por isso, é de se aplaudir a atuação de Patrícia Pillar tentando conter o
descontrole pelo qual Isabel passava, sobretudo enquanto Antônia lia
“aquele” poema e “olhando para a câmera”, Pillar nos mostrava tudo o que
se passava pela cabeça de Isabel. Poucas atrizes no mundo são capazes
de composições como essa.
Até aqui tivemos três capítulos, cada um dedicado a uma das
protagonistas. Vimos a impulsividade de Celeste. A melancolia de Isabel.
A vivacidade e juventude de Antônia. No meio disso tudo temos Leandro
como um denominador comum que mesmo afirmando saber se virar sozinho
deveria dar ouvidos ao seu amigo Fortunato e perceber que ele está longe
de estar sozinho. Leandro não está apenas cercado de mulheres. Ele está
cercado de mulheres fortes, decididas e impetuosas, que sabem bem o que
querem. E no meio disso tudo temos Carolina, Jaime, João e Cavalcanti
que terão suas vidas impactadas diretamente por todos esses
relacionamentos perigosos.
Ou seja, todas as cartas já foram postas na mesa e, de agora em
diante, “Amores Roubados” nos convida para jogar… E que os jogos
comecem!
::: Alguns Devaneios Finais:
- Muita gente me cobra comentários sobre personagem A ou B, sobre
este ou aquele ator e tudo o que eu peço é calma. O próprio Villamarim
já adiantou que TODOS os personagens terão seu merecido destaque no
tempo certo e eu comento apenas o que os capítulos nos oferecem… Ou
seja, todos serão devidamente estudados quando seus respectivos momentos
chegarem. Por exemplo: sou louco por Cassia Kis Magro e tenho certeza
que Carolina vai ser uma das mais surpreendentes personagens, mas o que
nos foi mostrado dela até agora foi tão pouco que não deixarei de
comentar Antônia, por exemplo, para falar sobre ela. Eu sei que a hora
de Carolina vai chegar e, se duvidar, vai merecer uma review toda para
ela.
- Dito isso, nada impede de nestes devaneios finais, eu citar algo
que mesmo que não tenha sido destaque no capítulo merece atenção. Dito
isso, destaco a seleção de elenco inteligente que, juntamente com atores
consagrados como Murilo Benício, Patrícia Pillar e Dira Paes,
aproveitou para incluir no elenco atores pernambucanos talentosíssimos,
mas desconhecidos do grande público, e me refiro, obviamente, a Irandhir
Santos e Jesuíta Barbosa que são fantásticos e estão desempenhando seus
papéis – João e Fortunato, respectivamente – de maneira primorosa. E
novamente destaco: não se tratam de atores iniciantes, mas sim de atores
desconhecidos do grande público e que estão tendo a oportunidade de
mostrar o quão talentosos são também na televisão.
- “Amores Roubados” surpreendeu mais uma vez e não apresentou queda
na audiência de seu segundo capítulo, como é de se esperar normalmente
de qualquer atração. Desta forma, o capítulo de ontem obteve os mesmos
31 pontos de audiência da estréia. Sucesso absoluto!
- Tivemos no capítulo uma overdose de The XX, mas estou longe de
reclamar disto… Além de “Intro” – que continua tocando em loop eterno no
meu iPod todo dia – tivemos neste episódio “Angels”, que é o tema
romântico de Antônia e Leandro e traz em seu refrão uma repetição que
nada mais é do que a representação clara do relacionamento do casal…
Um comentário:
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