sexta-feira, 13 de março de 2009

Paraíso fez sucesso em 1982 e chegou a ter cenas censuradas


As escritoras Edilene e Edmara Barbosa estréiam a próxima novela das seis da Globo no dia 16 de março. Mas é Benedito Ruy Barbosa o verdadeiro criador do Paraíso.

Em 1982, o autor escreveu a história original que terá agora um "remake" comandado por suas filhas. Na época protagonizado por Kadu Moliterno e Cristina Mullins, o folhetim era ambientado numa pequena cidade do interior e o enredo gravitava de um amor proibido.

E fez grande sucesso. Mas por tocar em questões políticas em uma pequena cidade do interior, também enfrentou problemas com a censura. "Era só abordar política de algum jeito que mexíamos com os ânimos dos controladores. Sofremos com os cortes de várias cenas, mas não me queixo. Valeu a pena", resume Benedito.

O autor conta que, com todo o elenco montado, ainda não tinha o nome do ator que faria o "filho do diabo", protagonista e mocinho da história. Diretores e outras pessoas da equipe não acreditavam que Kadu Moliterno seria a pessoa mais indicada para o papel, mas Benedito bateu o pé.

"Tinha visto o Kadu em trabalhos anteriores e achava que ele era perfeito. Fiz o convite pessoalmente em um corredor da Globo. Ele nem sabia quem eu era de início. Foi um estouro", recorda o autor, em tom de satisfação.

Kadu elege Zé Eleotério como um dos principais personagens de sua carreira. Na história, ele era craque em montaria e não se separava de seu cavalo, o que rendeu momentos engraçados em viagens que o ator fez pelo interior.

"Por muito tempo, sempre que eu chegava em uma cidade interiorana, me davam o cavalo mais bravo para que eu montasse. Queriam ver se eu era bom mesmo", lembra o ator, aos risos. Mas Kadu também se lembra de passagens emocionantes do trabalho.

Como em uma cena que dialogava com o diabo, em frente a uma fogueira, reclamando ter perdido o amor de Santinha, personagem de Cristina Mullins. "Era uma cena muito forte em que eu dizia ser filho do diabo mesmo. Chorei bastante e me entreguei naquele momento, mas não foi ao ar por causa da censura", lamenta o ator.

Ao mesmo tempo em que Zé Eleotério era considerado filho do diabo, Santinha era vista como uma moça milagreira na cidade. Cristina Mullins conta que era comum as pessoas fazerem confusão entre atriz e personagem. "Muita gente achava que eu era uma mulher santa.

E até colegas do meio artístico me viram por muito tempo como uma pessoa extremamente religiosa, coisa que não sou, nem de longe", afirma a atriz.

Cristina diz que aprendeu várias rezas por causa da novela. "E me chamavam para estampar capas de revistas religiosas na época", completa.

A mãe de Santinha era a beata Mariana, uma inesquecível interpretação de Eloísa Mafalda, que depois fez sucesso com outras beatas, como a Dona Pombinha de Roque Santeiro. Elizângela também chamou a atenção na pele da moderna Maria Rosa. Ela era uma moça que voltava para a pequena Paraíso depois de estudar no Rio de Janeiro e estava por dentro de tudo o que era moda.

"Mas me lembro mesmo é de apoiar a minha mãe na história pela disputa da prefeitura da cidade", relembra a atriz. Sua mãe na ficção era Tereza Rachel, a Aurora, que concorria com o próprio marido Norberto, interpretado por Sérgio Britto. "Essa personagem queria mostrar que uma mulher era capaz de fazer política, o que era incomum na época", valoriza Benedito Ruy Barbosa.

O "remake" vai ser bastante fiel à história original. Benedito, no entanto, diz que deixará tudo nas mãos das filhas. Só vai acompanhar os trabalhos. Ao falar da opção da emissora por refazer a novela, ele diz que os tempos podem ser outros, mas uma história assim sempre funciona. "Ela tem poesia. Em qualquer tempo novela boa é a que tem conteúdo romântico bom. Nada anula o amor", acredita o autor.

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