segunda-feira, 30 de março de 2009

Promessas de Amor estréia com mais acertos que erros


O texto com ar didático, cheio de lições e sobre a força do "bem", ainda está presente. Mas Promessas de Amor, nova novela da Record, passa mais credibilidade ao telespectador que sua antecessora Os Mutantes.

A terceira - e, segundo o autor Tiago Santiago, provavelmente a última - temporada da trilogia Caminhos do Coração não deixa de lado por completo os seres fantasiosos e "bizarros".

A mistura de cenas de mutantes alternadas com os dramas da mocinha Sofia, de Renata Dominguez, é capaz de agradar a adultos e crianças, ampliando o público-alvo do folhetim. Isso depois de - vale lembrar - quase dois anos de mutações genéticas escritas pelo autor Tiago Santiago.

Construir uma mocinha que já começa a história envolvida no assassinato do namorado violento chega a ser inusitado. Ao contrário de Amadeus, mais um tipo "mauricinho" encarnado por Luciano Szafir.

Suas aparições, porém, podem ser encaradas como fantasiosas, diante da fase mais realista proposta pelo autor. Empinar o cavalo branco na primeira vez que vê a mocinha e correr para salvá-la da violência do namorado foi um exagero dispensável.

Ainda mais diante da interpretação impecável de Vinícius Zinn, que deixará saudades na pele do insensato Juan. O ator foi descoberto na série Alice, do canal pago HBO, onde interpretou o descolado Nicolas. E, em sua primeira aparição marcante na TV aberta, já mostra que pode ser aproveitado pela emissora.

Mas a grande "promessa" do folhetim parece ser o casal de vilões. Nestor e Armanda, bem defendidos por Léo Rosa e Bianca Castanho, parecem ser escritos com muito mais cuidado que os mocinhos. E, embora sejam interpretados por nomes que não aparecem na lista do "primeiro escalão" de contratados da emissora, já mostram equilíbrio nas atuações.

Juntos ou separados. Talvez a surpresa seja maior porque tanto Léo quanto Bianca ficaram marcados por personagens bonzinhos - e até chatos - em produções passadas. A atriz chegou a encarnar a antagonista da temporada de 2001 de Malhação, a maquiavélica Valéria. Mas na época não se via a mesma naturalidade com a qual conduz sua personagem atual.

Mesmo com um saldo positivo em seu início, não é fácil acreditar que o realismo fantástico perderá mesmo espaço para o naturalismo do casal principal. Desde a primeira temporada, todos os "caminhos" propostos pelo autor sempre terminaram em mutantes.

E estratégias que deram certo em determinada época voltam nas inúmeras tentativas de aumentar os 14 pontos de média já consolidados do projeto. Como o velho "quem matou", repetido no fim na segunda temporada.

E que, desta vez, trouxe de volta à trama o médico Sócrates Mayer, de Walmor Chagas, dado como morto no primeiro capítulo de Caminhos do Coração, em agosto de 2007, como o "tal" cérebro da iniciativa reptiliana para dominar o planeta. Ou mesmo a aposta na disputa entre a Liga do Bem e a Liga Bandida, que antes de serem denominadas dessa forma, já faziam o Ibope subir.

Tiago Santiago não assume que pensou em uma história realista por conta da proposta da concorrente Globo de levar ao horário nobre uma novela baseada em valores indianos, pouco convincentes no Brasil. Mas também não nega. E as dificuldades que Caminho das Índias enfrenta para elevar a audiência favorecem Promessas de Amor.

Até agora, a trama indiana não conseguiu ficar, em média, atingir a casa dos 40 pontos. Ou seja, se os conflitos com os mocinhos ou o carisma dos vilões de Promessas não pegarem, não será surpresa se Tiago decidir voltar à velha fórmula dos efeitos especiais e das batalhas entre extraterrestres e mutantes do bem. Ainda mais com alguns integrantes da Liga Bandida ainda vivos nessa história.

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