Foi aos 45 minutos do segundo tempo que o quase estreante Matheus Solano substituiu Rodrigo Lombardi em “Maysa” (2009). Em “Viver a vida”, trama que ocupará o horário de “Caminho das Índias” em setembro, ele ganha a chance de entrar no lugar do colega outra vez — não num papel qualquer, mas no posto de bonitão deixado pelo intérprete de Raj.
— Ninguém batalha para virar um galã — corrige o ator, elogiando a trajetória profissional de Lombardi: — O sucesso dele é merecidíssimo. Assim como Rodrigo, sou do teatro. Fico muito satisfeito em saber que encontraram nos palcos uma alternativa para a renovação de elenco.
Aos 28 anos, Matheus é, sim, um símbolo dessa mudança. Depois de uma série de pequenos papéis desde “JK” (2005), é a aposta declarada do autor Manoel Carlos para a nova novela das oito. E a responsabilidade virá em dobro, na medida em que dará vida aos gêmeos Jorge e Miguel:
— Eles se diferem sobretudo na maneira como veem a vida. Miguel é um médico bon vivant e paquerador, apesar de namorar Renata (Bárbara Paz). Já Jorge é o oposto, um arquiteto responsável, que é casado com Luciana (Alinne Moraes).
Matheus conta buscar uma maneira de fugir da caricatura — um pesadelo para todo ator escalado para um papel duplo:
— Dizem que Murilo Benício ainda tem taquicardia toda vez que lembra dos três personagens feitos em “O Clone” (1998). Manter a rotina inalterada com a sua estreia no produto mais valioso da emissora é outro desafio.
Mas ele jura que a repercussão em “Maysa” serviu de laboratório.
— Já experimentei um pouco desse sucesso — afirma ele, que, apesar do discurso em favor da arte, diz não sentir culpa por lucrar com a fama:
— Já paguei muito para trabalhar, em 12 anos de teatro. Acho justo que eu comece a receber algo em troca.
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