domingo, 13 de setembro de 2009

Venha Viver a Vida


Não é só a troca da Índia pelo bairro do Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro, que marca a grande diferença entre “Viver a Vida”, nova novela do horário nobre da Rede Globo, e a fantasia descabelada de “Caminho das Índias”, que nos dá adeus. O telespectador sai de um universo delirante, com histórias rocambolescas, danças, roupas e hábitos exóticos (até demais, para os próprios indianos) e acompanha, agora, histórias comuns desenvolvidas no cotidiano brasileiro. Como é sabido, o novelista Manoel Carlos, autor de “Viver a Vida”, repete alguns recursos em seus folhetins.

O Leblon é o endereço certo de vários personagens; Helena é sempre o nome da protagonista e é nas situações prosaicas do dia a dia que todos os conflitos e romances acontecem. Dessa vez, ele abriu espaço também para o charmoso balneário de Búzios, no Rio. Mas, apesar de repetir a fórmula, há novidades. Helena é, pela primeira vez, negra – e também mais jovem, beira os 30 anos. A atriz Taís Araújo, escolhida para o papel, viverá uma modelo internacional de sucesso que encontra sua cara-metade em Marcos (José Mayer), pai de uma de suas rivais na profissão.Também não faltarão histórias de superação.


COTIDIANO
Lília Cabral e Natália do Valle interpretam duas sócias em um estúdio de fotos.

Luciana (Alinne Moraes), a antagonista de Helena nas passarelas, ficará tetraplégica após um acidente de carro. Em contraste com cenas leves em paisagens exuberantes, seja no Rio, seja na Jordânia, em Paris ou em Israel – lugares em que a novela foi gravada -, o “lado B” da vida estará bastante presente. Dessa vez, o autor aborda os desafios da medicina paliativa, que dá conforto a pacientes terminais, as armações de uma vilã de apenas seis anos e o alcoolismo, que esteve presente em quatro de suas tramas e agora reaparece na modalidade de anorexia alcoólica. “O que torna uma novela atraente não é o grau de complexidade, mas o conteúdo. O público precisa se reconhecer nas personagens”, diz o diretor Jayme Monjardim. E, para aproximá-lo da trama, temas atuais estarão também mais presentes nos diálogos. Malu Trindade (Camila Morgado), uma jornalista de economia, pode até entrar ao vivo para dar informes na novela.

A mocinha Taís Araújo sabe o peso dessa identificação. “Vivendo no Brasil, não há como negar que todos os meus trabalhos têm uma função social”, diz a atriz, que não foi escolhida por sua cor, asseguram autor e diretor. Outros trunfos de “Viver a Vida” são Lília Cabral e José Mayer.

O ator está prestes a interpretar seu sexto galã e completar mil capítulos em novelas do autor: “Faço um trabalho mais econômico para saltar o conteúdo do que ele escreve.” Lília vive um bom momento e estourou nas bilheterias com o filme “Divã”. “Um papel, nas mãos dela, nunca fica banal”, diz Maneco, como é conhecido.

Ele não se incomoda de estar repetindo até o título de outro trabalho, uma minissérie que produziu para a extinta TV Manchete, em 1984: “A repetição é inevitável para um produto que se estende por mais de 200 capítulos, a cada três anos, por mais de 30 anos.” Sua preocupação central, como já declarou em outras oportunidades, é fazer sucesso. “Sou pago para dar ibope”, disse, certa vez. Com uma fórmula vencedora com a qual acostumou o público, melhor mesmo que não mude.

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