sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Enquanto isso, às margens do Rio Araguaia


E lá se vão duas semanas desde que o Araguaia ganhou espaço na telinha, através da nova novela das 18:00 da Rede Globo, de autoria de Walther Negrão. Felizmente, pude acompanhar a estreia – porque se eu não vejo o primeiro capítulo, dificilmente verei o seguinte – e a primeira reação foi de estranhamento. Muita paisagem e ações desenvolvidas sem pressa deram o tom do primeiro capítulo e, naturalmente, anunciaram o que estaria por vir: um trabalho esteticamente bonito, mas que não vai gerar tanta mobilização nem discussão, como fez sua antecessora Escrito nas Estrelas.

A tônica de Araguaia é basicamente, desde seu princípio, uma história romântica pura e simples. Um casal que se ama, mas precisa lutar contra a relutância do pai da mocinha, o noivo da mocinha, a ex-madrasta do mocinho que o ama... Com uma boa dose de superstição / misticismo, conferida pela história da maldição indígena.


Nestas duas semanas o cenário já se armou e os conflitos românticos estão colocados, com direito a um sotaque gaúcho que me lembrou um tanto A Casa das Sete Mulheres, pelo tanto que se falaram as palavras “prenda”, “peleia” e “guria”. Também já foi plantada a semente da (futura) cidade de Girassol, idealizada por Solano (Murilo Rosa); e é em torno dessa cidade em formação que a trama principal e as paralelas vão se desenvolver ao longo dos próximos meses. Nada de surpreendente, tudo dentro do modelo Walther Negrão de se fazer uma novela – vide a simpática Desejo Proibido e a razoável Como uma Onda, só para citar as mais recentes.

Mas vamos ao que interessa: o que Araguaia tem para merecer nossa atenção? O que salta primeiro aos olhos é obviamente o caráter estético: as imagens são bem bonitas (embora em dados momentos o campo de girassois fique um tanto gritantemente fake, o que foi o caso do capítulo deste sábado 16, que dedicou praticamente meia cena às flores). O segundo motivo é o elenco, que conta com boas atuações como a de Lima Duarte, Laura Cardoso, Júlia Lemmertz, Regina Duarte (em participação especial), Thais Garayp, entre outros; e também vale a pena dar uma conferida na atuação de Milena Toscano, que dá vida à primeira protagonista de sua carreira televisiva. Até o presente momento, não há motivos para reclamar da atuação da moça.

Logicamente, nem tudo são girassois belos e alegres. Araguaia tem problemas. Um deles, que me saltou aos olhos logo no primeiro capítulo foi a falta de gancho que acaba com alguns capítulos. Logo no primeiro capítulo, em vez de acabar com a batidíssima troca de olhares entre o casal principal, a cena foi desenvolvida e acabou sem qualquer tipo de tensão que fizesse o espectador se empolgar para acompanhar o capítulo seguinte. Tudo bem que o gancho era o mais clichê possível, mas antes isso do que nada, certo? Isto acabou se repetindo no capítulo do último sábado, que acabou com uma cena em câmera lenta pós-fora do Solano na Estela (Cleo Pires). Podia ter sido melhor, bem melhor.

Alguns núcleos e personagens ainda não me atraíram: inclua nessa lista a família da Pérola (Tania Alves), o galanteador fajuto Neca Tenório (Emílio Orciollo Neto). Nessa lista eu ainda incluiria a viúva Janaína (Suzana Pires), mas dentre estes, é a personagem que está mais próxima de sair da lista da chatice.

Se continuarei assistindo? Creio que sim; apesar de ter seus tropeços, não é um produto de se jogar fora. Para quem gosta de acompanhar uma história romântica e bucólica, Araguaia é uma boa pedida.

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