E chegou ao fim, nesta segunda-feira (09/04), mais uma saga da Record: a novela Vidas em Jogo, de Cristianne Fridman, com direção geral de Alexandre Avancini. Saga é um termo que bem poderia caracterizar as novelas da emissora – se considerarmos a duração delas, que ficam no ar por um ano, mais ou menos. Vidas em Jogo estreou há onze meses, em maio do ano passado, totalizando 243 capítulos. As novelas anteriores no horário tiveram o mesmo “formato saga”: Ribeirão do Tempo, de Marcílio Moraes, 250 capítulos; Poder Paralelo, de Lauro César Muniz, 237 capítulos; e Chamas da Vida, também escrita por Cristianne Fridman, 253 capítulos.
Este tem sido o maior problema da emissora na conquista pela audiência de suas novelas. Vidas em Jogo fechou com uma média de 12 pontos no Ibope. Poder Paralelo e Ribeirão do Tempo fecharam em 11 (médias arredondadas). As novelas eram até boas, bem escritas e bem dirigidas, com algumas histórias interessantes e bons elencos. Mas é difícil manter o público cativo por tanto tempo, ainda mais em um horário tão competitivo. Se em um ano no ar as atrações obtiveram 11, 12 pontos de média, supõe-se que conquistariam mais telespectadores se as novelas fossem mais enxutas, com tramas fluindo melhor, e duração reduzida a pouco mais da metade.
É muito difícil para o autor manter o fôlego inicial e o interesse do público em uma mesma história por um longo período. O arsenal de novidades tem que ser grande. As barrigas – aquele momento da trama em que nada acontece – são inevitáveis. A Globo entendeu bem isso e hoje reduz substancialmente a duração de suas novelas das seis e sete horas: Aquele Beijo (155 capítulos), A Vida da Gente (137 capítulos), Cordel Encantado (143 capítulos). Até as novelas das nove estão mais curtas: Fina Estampa e Insensato Coração fecharam em 185 capítulos cada.
Diante desta problemática toda, Vidas em Jogo chega ao seu fim com um último capítulo que refletiu essa longa trajetória. A revelação da farsa do tal palhaço assassino e de que os personagens não morreram, frustrou o telespectador. O entrecho poderia ser interessante, mas o texto que se seguiu, na sequência final da novela, refletiu o cansaço de toda a equipe diante de um ano de enrolação. O destaque ficou com Betty Lago, numa clara homenagem à atriz, que está doente.
Apesar da barriga e do seu final, Cristianne Fridman bem que tentou chamar a atenção do público, promovendo reviravoltas na trama policial e pontuando a novela com momentos chave ao longo desses onze meses – como os supostos assassinatos do palhaço serial-killer e os dramas dos personagens Andreia (Simone Spoladore) – que contraiu o vírus HIV após ter sido estuprada pelo vilão Cleber (Sandro Rocha) –, Augusta (Denise Del Vecchio) – que se revelou uma transexual – e Wellington (Ricky Tavares) – um jovem jogador de futebol viciado em crack.
Beth Goulart se destacou no papel da vilã Regina, a melhor interpretação da novela. As cenas de perseguição cansaram – reflexo da barriga da trama. Ao que parece, Máscaras, que substitui Vidas em Jogo a partir de terça-feira, também será mais uma saga da Record. Seu autor, Lauro César Muniz, é justamente o porta-voz de uma campanha para a redução da duração das novelas. Vamos torcer para que a Record assimile essas ideias.
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