sexta-feira, 8 de março de 2013

Dona Xepa arma barraco à la faroeste americano em SP

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Bia Montez e Angela Leal se divertem em intervalo de gravação 
(Fotos: Daniel Castro/R7)

Com uma estrutura de 150 profissionais, mais frutas e legumes que somavam R$ 10 mil, a Record montou ontem de manhã uma feira livre na Ceagesp, um gigantesco entreposto de alimentos e flores na zona oeste de São Paulo.

Lá, foi gravada a segunda cena do primeiro capítulo da novela Dona Xepa, a estrear em maio, justamente a que apresenta a feirante Xepa (Angela Leal) e sua rival de comércio, Matilda (Bia Montez), no local em que elas abastecem suas barracas.

Como numa síntese do drama e do humor da personagem central, a cena termina em barraco. Xepa e Matilda quase se agridem por causa de maçãs.

Faroeste mudo
"Estou criando um zigue-zague", diz Zettel para Angela, Bia e Alessandra Loyola, mostrando o espaço dentro da feira livre cenográfica em que elas irão se movimentar. Ele não quer "contato físico" nem exagero no gestual no momento do confronto entre Xepa e Matilda.

Rápida, Bia Montez se antecipa à intenção do diretor.

"O início não é uma coisa de faroeste americano?", pergunta.

Já Angela quer saber se o diretor prefere Xepa cínica ou mais desafiadora ao encontrar Matilda. "Não. É quase Sergio Leone", responde Zettel.

A resposta remete à clássica introdução do faroeste Era Uma Vez no Oeste (1968), em que o diretor italiano Sergio Leone cria uma atmosfera de alta tensão baseada nos olhares dos gângsteres que tomam uma estação de trem e nos detalhes que os cercam (uma mosca, goteiras).

Sem trilha sonora e quase sem falas, alternando planos abertos com planos superfechados nos olhos dos personagens, são quase 13 minutos até um rápido tiroteio.

"É uma pra cima da outra", explica o diretor, encenando um lento movimento. "Só no olhar, né?", pergunta Bia, enquanto Angela ensaia uma expressão desafiadora com os olhos.

"É isso aí", aprova Zettel.

Bom humor
A protagonista Angela Leal esbanjou simpatia, espalhando bom humor pelo set.

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Angela Leal é maquiada para gravar chamada

Deu inúmeras entrevistas, posou para fotos, conversou com frequentadores do local, mandou beijinhos para fotógrafos, achou graça do texto de Gustavo Reiz, fez piadas com os colegas.

Ela não pensou duas vezes antes de interromper uma orientação do diretor com um comentário sobre uma peça da roupa de um operador de câmera, uma bermuda do Flamengo: "Que beleza de short, hein?".

Antes de começar o ensaio, fez uma rápida e silenciosa prece. E executou o diálogo da cena quase uma dezena de vezes, em diferentes tomadas de câmeras, com um sotaque paulistano italianado. Que ela aprendeu pelo YouTube.

Sotaque pela internet
"No Carnaval, eu me enfiei na internet. Ouvi Myriam Muniz [atriz paulistana, 1931-2004], estudei a história da Mooca, a história do Brás [bairros da zona leste de São Paulo onde a trama de Dona Xepa se ambienta]", contou.

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Área da Ceagesp é preparada para gravação

"Tenho muito orgulho de fazer essa personagem do povo, essa mulher brasileira", discursou Angela, que guarda fotografias da primeira encenação da peça que empresta seu nome à novela, em 1952, no teatro Rival, no Rio de Janeiro.

"É a história da mãe que se sacrifica pelos filhos, os filhos crescem e sobem e têm vergonha de ter vergonha dela", conta. "Ela sofre, mas tem humor".

A nova versão de Dona Xepa se passa em São Paulo por uma estratégia da Record, segundo o diretor Zettel.

Mas quase toda a novela será gravada no Rio, onde está sendo reconstruída uma típica vila paulistana.  As gravações em SP vão até domingo. Além da Ceagesp, serão captadas cenas na rua Oscar Freire, no Pacaembu e no viaduto do Chá.

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