quarta-feira, 22 de julho de 2009

Som & Fúria - Episódio 9


Dante é um diretor brilhante. O seu brilhantismo confunde-se com a sua loucura em perfeitas proporções, o que torna o seu trabalho sensacional. Quando a “maldição de Macbeth” aumenta a sua loucura, a desproporção coloca o seu brilhantismo em dúvida.

O episódio foi basicamente focado na já citada maldição de Macbeth. De um lado, a loucura de Dante passou a prejudicar os ensaios da peça e também o seu relacionamento com Ellen. De outro, a nova campanha publicitária da Cia. De Teatro está conseguindo afundá-la. Outras cenas do episódio mostraram que a dita maldição não é só uma superstição, como quando a nova diretora de “Romeu e Julieta” quebra o pescoço, ou quando o substituto do Henrique fere a cabeça.

Achei o episódio excelente. Souberam levar as múltiplas tramas de forma singular. Pela primeira vez, a trama de Dante seguiu uma linha mais dramática do que cômica, tanto no seu relacionamento com Ellen, quanto no seu relacionamento com o fantasma de Oliveira. Na cena onde Ellen o presencia discutindo com o fantasma do Oliveira no teatro me mostrou que por mais que a gente ache essas conversas engraçadas, se trata de uma doença, e é mais grave. Presenciar uma discussão sua com o seu “coleguinha camarada” sem de fato ver o Oliveira, deu uma perspectiva de como os outro vêem Dante. E se torna ainda mais sério quando percebemos que ele prefere a companhia de uma alucinação a de pessoas, chegando ao ponto de negligenciar os problemas que Ellen está enfrentando.

Se Dante hoje mostrou toda essa carga dramática, o alívio cômico do episódio esteve a cargo do Ricardo. Já cansei de elogiar Dan Stulbach, mas desde a saída de Regina Casé, ele vem crescendo ainda mais. Ricardo já é o meu personagem favorito e hoje ele estava mais engraçado do que nunca. A dupla entre Dan e Santoro está perfeita. Sanjay e Ricardo são completamente diferentes, e ver os dois em cena, ver como Ricardo é influenciável, é algo que enriquece ainda mais a série. Outra dupla que dá muito certa é Ricardo e Ana. Os dois não se dão muito bem e Ana, sempre muito doce, desconta todo o seu estresse acumulado do serviço no Diretor Administrativo. A troca de farpas entre eles sempre foi ótimo, mas na medida em que Ana está mais estressada, está melhorando ainda mais.

Por falar em coisas engraçada, acho que nunca ri tanto num episódio da série quanto hoje. Desde a diretora sendo levada na maca dizendo: “Tá tudo bem, não to sentindo nada. Não to sentindo mão, não to sentindo pé, mas tá tranqüilo”, até o Dante dizendo: “Acidentes de carro também são fascinantes, mas não precisamos participar de um”. E aproveitando que estamos falando de frases, achei o supra-sumo do humor refinado as constantes citações à Sarney, coroado com a “ministra” falando para Ricardo: “Você quer que as pessoas confiem em você citando Sarney?”. O tipo de coisa que faz do roteiro da série uma obra-prima.

E por fim, quero destacar o meu momento favorito do episódio: Ricardo mostrando raiva para Sanjay. Sério, não acharia problema algum criarem uma spin-off só para o personagem de Dan Stulbach. Deixo essa dica para Fernando Meirelles.

Agora faltam apenas três episódios para Som & Fúria chegar ao fim, e há muito o que esperar. Débora Falabella e Leonardo Miggiorin apareceram, mas ainda não renderam muito… Os conflitos entre Dante e Henrique aumentam… Henrique está se interessando por Ellen, que está frágil… e Oswald Thomas is back and Life is Crazy !

As expectativas estão aumentando e a tristeza se aproxima, com o fim da melhor série que a TV Brasileira já foi capaz de produzir até então

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