Monotonia é uma palavra que anda bem longe da carreira de Danton Mello na TV. Aos 35 anos –25 no veículo–, o ator mineiro mal se despediu do irascível Amithab de"Caminho das Índias" e ressurge na pele do moderno Renato, astronauta que interpreta em "Tempos Modernos". O convite para a trama de Bosco Brasil foi feito pelo diretor José Luiz Villamarim e pegou Danton de surpresa. "Confesso que não esperava. Estava acabando a novela, com projeto para teatro, reestreando peça no Rio de Janeiro e com programação de uma turnê longa", relembra.
Mesmo sabendo com tanta antecedência da escalação, o ator tem visto o personagem surgir na história aos poucos, cerca de dois meses depois da estreia. "Consegui tirar umas férias para curtir minhas filhas e dar uma descansada, para entrar agora naquela batida louca até agosto", empolga-se. Danton entra no folhetim para bagunçar ainda mais a já tumultuada vida amorosa de Nelinha, Zeca e Nara –vividos, respectivamente, por Fernanda Vasconcellos, Thiago Rodrigues e Priscila Fantin. Educado e extremamente inteligente, Renato é um astronauta que carrega o título de segundo brasileiro a ter viajado em uma missão espacial.
"Quando ele chegar, acho que todos os personagens vão ficar admirados, assim como a Nelinha. Ela vai se encantar por ele", adianta, observando que o personagem, formado em Física e Astronomia, é uma referência a Marcos Pontes. Tenente-Coronel nascido em Bauru, no interior de São Paulo, ele se tornou conhecido em 2006, depois de viajar numa espaçonave Soyuz, da Rússia, até a Estação Espacial Internacional, que flutua na órbita terrestre. "O Bosco está brincando com isso. Acho legal porque ele está misturando ficção e realidade", diverte-se, simpático.
Como foi a sua preparação para viver um astronauta?
Participei do "workshop" da novela e fiz um trabalho pessoal também. Vi vários documentários, conheci físicos e astrônomos do Observatório Nacional e do Planetário da Gávea, comecei a ler um pouco mais sobre esse universo e assisti muito os canais a cabo Discovery Chanel e National Geographic. Acompanhei tudo, para entender o que esse cara estudou e qual é formação dele.
Existem alguns atores que não consideram o laboratório algo fundamental. Para você, ele faz diferença?
Acho importante. Em todo trabalho que faço, gosto de entender o universo do personagem. Entender o que ele pensa, qual é o mundo dele. Você constrói um tipo com o qual vai conviver por oito, nove, dez meses –às vezes, um ano até. É legal entrar um pouco nesse mundo para, quando estiver em cena, estar por inteiro. É uma viagem minha, eu curto. Estou sempre estudando um pouquinho.
Como está sendo entrar em uma trama que já está no ar?
É engraçado, porque o elenco já está totalmente entrosado. Estou tentando manter contato com os colegas e sempre que posso, vou aos estúdios para ver um pouco das gravações. Também sempre estou em contato com o José (Villamarim). O clima lá está excelente, muito divertido.
Mas você fez isso para entrar no ritmo ou para aplacar a ansiedade?
Rola um pouco de ansiedade, claro, mas acho que já tenho experiência suficiente para não ficar angustiado e entrar tranquilo. É mais para estar com a turma e entrar no ritmo. Apesar dessa experiência, sei que estou três ou quatro meses atrás dos outros atores. Então, tem de entrar com o ritmo forte. E estou pronto para isso.
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