domingo, 4 de abril de 2010

Nova série de humor da Globo, 'SOS Emergência' estreia


A cena se desenrola numa clínica. Pela porta da recepção, surge Ney Latorraca. Acostumados a vê-lo por ali, os funcionários começam a se retirar, um a um, sem paciência para ouvir mais uma de suas histórias. Eis que se aproxima um jovem médico e faz o diagnóstico rapidamente:

- O senhor tem uma unha encravada e inflamada - diz o doutor, para alívio do paciente, que, horas antes, em casa, achou que os calafrios que sentia eram o sinal de um tumor no cérebro.


Parece comédia, poderia ser mais um caso a se contar em "S.O.S. emergência", série de humor que estreia neste domingo, logo após o "Fantástico", na TV Globo. Mas aconteceu de verdade com Ney, um assumido hipocondríaco. Na nova atração, o ator vai interpretar Dr. Solano, o diretor de um hospital - um cara boa praça e um tanto enrolado.

- Eu adoro médicos. Tenho três. O Dr. Cláudio Domênico cuida do meu coração, o Dr. Raul Cutait, do meu estômago, e o Dr. Marcelo Kalichfztein me fez parar de fumar há sete anos. Acabei com essa história de querer morrer no palco - conta Ney.

Este ano, o ator completa 46 anos de carreira, sendo 36 deles dentro da Globo.

- Para chegar a provocar uma risada em alguém, você tem que ter base. Eu posso me dar ao direito de falar: "Agora vou fazer rir". Mas ainda fico tenso antes da estreia. Ando mais exigente - afirma. - Quando se faz comédia no teatro, a resposta é imediata. Na TV, não tem isso. O meu termômetro é a turma do estúdio. Uma vez, repetimos a cena porque o câmera riu e sacudiu o equipamento. Isso é um ótimo sinal.

Para convencer de jaleco e estetoscópio, Ney fez laboratório no hospital Copa D'Or, no Rio:

- Eu me comportei bem. Não pedi nem para tirar a pressão. Eu me senti em casa.

Segundo Marcius Melhem, autor da série ao de Daniel Adjafre, o nome de Ney para o papel foi uma sugestão do diretor Mauro Mendonça Filho, abraçada imediatamente pela dupla. Em cena, o ator conta com uma equipe de primeira. Entre os médicos de mentirinha, estão Marisa Orth, Maria Clara Gueiros, Bruno Garcia e Fábio Lago:

- Não existe um personagem principal. O que importa é a história que vai ser contada por um elenco especial como este - elogia Ney, que, pela terceira vez, vai dividir o estúdio com Marisa, com quem contracenou em "TV pirata" e "Bang bang".

- Estou com um baita frio na barriga. O dia em que não sentir mais isso, vou vender brigadeiro na praia - avisa a atriz.

Marisa, que se despediu de "Toma lá, dá cá" no final de 2009, não cogitou férias quando foi escalada para interpretar a obstetra Michele.

- Eu não podia perder esse bonde. É legal fazer palhaçada no hospital, avacalhar um pouco esse ambiente. Até hoje, os seriados que a Globo exibiu sobre o tema foram sérios e emocionantes. Agora, temos um diretor de hospital louco, interpretado por Latorraca - lembra Marisa, que ri da própria personagem: - Ela é uma médica séria, já fez o parto de todo mundo. Mas ainda não teve o seu próprio filho. Ela não pega ninguém, nem resfriado. Mas não é uma mulher amarga. Pelo contrário, é quase uma Hello Kitty.

Segundo Melhem, esse lado emocional da personagem foi criado de última hora.

- Marisa sentiu falta de uma falha trágica em Michele e a gente pensou na mulher que corre contra o tempo para encontrar o homem da sua vida - conta o autor.

Para ela, segurar a risada em cena é moleza.

- Já estou acostumada, depois de tantos programas de humor. Neste, a máscara de médico é uma aliada. Ajuda a disfarçar quando dá vontade de rir - admite Marisa, que só não conseguiu convencer até agora o seu ginecologista sobre o novo papel. - Ele já é um senhor, fez o parto do meu filho. Não levou a sério quando eu contei o que ia fazer. Acho que vai ter que me ver em ação para acreditar.

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