segunda-feira, 5 de abril de 2010

'A vida alheia' fala sobre os bastidores das revistas de celebridades


Inspiração é o que não falta. Miguel Falabella estava jantando com a amiga Cláudia Jimenez no Leblon quando notou o movimento dos paparazzi do lado de fora do restaurante e teve a ideia de retratar os bastidores de uma revista de celebridades. Com estreia marcada para quinta-feira, dia 8, às 23h, o seriado "A vida alheia", escrito e dirigido pelo autor e ator, aborda o cotidiano de uma redação chefiada por Alberta Peçanha, papel de Jimenez. Editora poderosa, ela é capaz de tudo para estampar um escândalo na capa da publicação, com manchetes do tipo "vestido trai atriz em camarote de carnaval".

- O seriado tem um tom diferente de outras coisas que já fiz em televisão. Tem humor, mas nunca vendi como algo somente cômico. Será uma ironia fina - antecipa Falabella, que dividiu a direção do programa com Cininha de Paula e Marco Rodrigo. - Que o público não espere um novo "Toma lá, dá cá". Estou brincando de outra coisa agora - avisa o autor.

Mas engana-se quem pensa que essa nova investida de Falabella poderá ser interpretada como uma espécie de vingança contra parte da imprensa especializada em celebridades. Ele defende justamente o contrário.

- Não há nenhuma tentativa de tornar quem quer que seja vilão. A personagem da Danielle Winits, a jornalista que fica no sereno (para flagrar celebridades na saída de eventos), é adorável. Todos são muito humanos - garante Falabella, para logo em seguida alfinetar: - É uma série de ficção, não um reality. Mas se alguém quiser vestir a carapuça...

Com o sugestivo slogan "A vida alheia é mais interessante do que a sua", a revista da ficção, homônima ao seriado, é comandada por Catarina Faissol (Marília Pêra), que herdou a publicação do pai. Ela mantém um casamento de fachada e se envolve com o jovem João (Raoni Carneiro), a quem emprega como repórter na revista.

Catarina também faz a linha cúmplice da personagem de Cláudia Jimenez. As duas estão unidas, sempre de olho num furo para a próxima capa de "A vida alheia". Cada episódio da série mostrará o empenho da equipe para flagrar ou descobrir deslizes de celebridades como uma ex-participante de reality show.

- Catarina confia muito no foco da Alberta para faturar em cima do escândalo. Ela tem uma certa ética, que dura poucos segundos - revela Marília Pêra, pouco antes de entrar no estúdio para gravar a cena em que sua personagem autoriza a publicação de um teste de paternidade na revista. - O texto tem leveza sem cair na chanchada.

A atriz, que desistiu de interpretar uma das protagonistas de "Cinquentinha" depois de já ter gravado cenas da minissérie, explica sua motivação para voltar ao trabalho agora:

- Sou uma das parceiras do Miguel. Aceitei o trabalho por três razões: pelo texto dele, por termos diretores que sabem harmonizar no set e pelo elenco afiado - enumera Marília.

Durante a gravação acompanhada pela Revista da TV, Cláudia Jimenez se divertia na pele da editora capaz de mentir para conseguir uma entrevista. Numa das cenas, Alberta liga para o galã do momento dizendo que ele ganhou a eleição do homem mais sexy promovida pela revista. Mas nunca houve nenhuma votação - "um homem como Tadeu Bertini a gente pega pela vaidade", diz a personagem. A atriz reforça que o seriado não pretende ridicularizar a imprensa.

- É quase uma homenagem. Mas deixamos claro que minha personagem faz parte da imprensa marrom. É aquela que atropela e vende a própria mãe para conseguir uma manchete - conta Claudia.

De volta ao ar depois de atuar em "Negócio da China", novela de Falabella, Cláudia afirma que o texto do amigo é "azeitado". O seriado é escrito com a colaboração de Antônia Pellegrino, Carlos Lombardi e Flávio Marinho.

- Digo que o Miguel é o único bofe que manda em mim. Basta ele me chamar que eu venho fazer - afirma Cláudia.

Além de trabalhar novamente com o amigo e autor, Jimenez teve agora a oportunidade de contracenar pela primeira vez com Marília Pêra.

- Fiquei nervosa antes de gravar uma cena de bate boca com ela - admite Cláudia.

Estão previstos 15 episódios nesta primeira temporada de "A vida alheia". Na redação da série, o cenário impressiona pela riqueza de detalhes. Lá, circulam ainda as repórteres Manuela (Danielle Winits) e Olívia (Karen Roepke), que vivem disputando espaço nas páginas. Especializados em flagras de famosos, os fotógrafos Lírio (Paulo Vilhena) e Chico (Edgar Bustamante) também batem cartão na revista. O primeiro é o paparazzo de confiança de Alberta. Ele dirige um Fusca e divide o apartamento com Chico e Manuela, com quem mantém um relacionamento aberto.

Outra figura presente neste cenário é o advogado Duran (Sandro Christopher), que morre de medo de processo e vive tentando convencer Alberta de que suas pautas são arriscadas. No primeiro episódio, a equipe da revista estará em polvorosa com a suspeita de que o filho da famosa Verônica Moyana (interpretada pela modelo Isabeli Fontana) não é do relacionamento dela com o seu marido.

Manuela chega a se passar por babá do filho de Verônica para ter a notícia em primeira mão. Mas Falabella diz que seu objetivo não é ser polêmico.

- Falo de uma indústria antropofágica. Mas não mostro exemplos de atores que fazem arte visando a arte. Trato desses atores entre aspas, que gostam de se ver nessas revistas. É uma grande corrida de ratos - provoca.

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