sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Review: A Cura 1x07


Quanto mais se aproxima do fim mais complexa fica a história de A Cura. Essa foi a sensação de quem assistiu ao 7º episódio da temporada que foi exibido essa semana pela Rede Globo. Mesmo com 07 episódios é impossível se familiarizar com qualquer um dos personagens, é impossível saber quem diz a verdade e quem mente e muito menos possível ter alguma idéia de qual será o desfecho deste intrincado roteiro criado por João Emanuel Carneiro.

Mais do que a complexidade dos significados de cada pista dada pelo autor, o que torna a série ainda mais complicada é saber que há dois grupos que estão claramente divididos. A elite da cidade de Diamantina, controlada pelo Dr. Turíbio (Ary Fontoura) e o pessoal que se manteve durante 30 anos fiel ao Dr. Oto (Juca de Oliveira). Nesses dois grupos percebe-se claramente que não há um mentindo e outro dizendo a verdade, ambos defendem a sua própria verdade, aquilo que acreditam ser o real, e, como não conhecemos toda a história e toda a característica que os rodeiam, ficamos sem saber para qual lado torcer.

O sétimo episódio serviu para revelar muitas coisas, como por exemplo que, quanto mais Dimas (Selton Melo) grita para seus "inimigos" que é um curandeiro, que pode curar as pessoas, menos ele acredita nisso, pois seus conflitos internos se tornam quase impossíveis de conciliar mesmo diante das provas de seu dom. Conhecer Oto e saber que o homem forjou a própria morte e, mais, o acompanhou de longe a vida toda, é extremamente assustador para ele e isso fica claro a cada atitude. Como agir diante de tantas informações desencontradas? Um grupo, que conta com o apoio de sua própria mãe, Margarida (Nívea Maria) afirma categoricamente que Oto é um monstro e mereceu a morte, inclusive com a confissão dos assassinos, o outro grupo idolatra o Oto e apoiou quando o curandeiro forjou a própria morte. Todos mentem, todos mostram falhas no caráter.

Conflito que segue também para João Camilo (Caco Ciocler), sem noiva e descobrindo que não apenas seu pai, mas sua mãe também fez parte da conspiração para matar Oto, ele perde toda a estrutura emocional que contava, sentindo-se completamente sem rumo. E aqui cabe outra indagação: por que a família não contou toda a história a ele, mas contou a sua irmã?

Enquanto isso, no século XVI, José Silvério (Carmo Dalla Vecchia) seguia piorando de sua maldição lançada pelo índio e já dava sinais de fraqueza física para falar e andar. Ainda assim, recebeu uma tropa real e, novamente, tentou enganar a coroa, porém, não conseguiu, pois Ezequiel, aprisionado, conseguiu chamar a atenção do capitão e mostrar diamantes. Será o fim do monstro?

Neste penúltimo episódio vale destacar novamente o roteiro impecável que mostra o tamanho da genialidade de João Emanuel Carneiro, o melhor autor da televisão brasileira na atualidade, além de brindar o público com um elenco afinado e impecável, tão impecável que se torna impossível escolher um destaque, todos estão acima da média. E o destaque mesmo fica por conta da fotografia que nem de longe lembra outras séries brasileiras, estando muito superior.

Quais são os segredos de A Cura? Quem diz a verdade? Quem mente? Oto é um deus ou um monstro? Afinal, foi realmente ele quem deixou a mãe de Rosângela (Andréia Horta) naquela cama e aleijada? Quem é o herói e quem é o vilão? E Dimas? Santo ou problemático? O que está nas sombras de Diamantina neste roteiro que faz um pai matar o próprio filho para que ele não revele tudo que sabe? As respostas - esperamos que boas - encontraremos apenas no último episódio, que será exibido daqui duas semanas, já que na próxima terça não teremos exibição devido ao Debate Presidencial.

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