Enquanto escrevia esquetes para o "Zorra total", a roteirista e atriz Natalia Klein, de 26 anos, sentiu falta de um espaço onde pudesse elaborar suas "coisas", como ela mesma diz. Foi assim que surgiu o blog "Adorável psicose", no qual, além de contar suas neuroses e situações do cotidiano feminino - com um olhar um tanto crítico e, por vezes, mordaz -, ela ainda imaginava como tudo aquilo ficaria se virasse uma sequência de cenas. O blog levou à série, e uma série levou a outra. Depois de uma primeira temporada que fez sucesso no Multishow, o segundo ano de "Adorável psicose" estreia na quinta-feira, às 21h30m, no mesmo canal. Ao mesmo tempo, ela bate ponto em "Macho man", na TV Globo (sextas, às 23h25m), na pele da exótica recepcionista Nikita.
- No "Zorra", o trabalho é coletivo. Você não pode ter apego autoral, é uma criação conjunta. Mas foi o programa que me tornou uma autora menos arrogante. Lá, eu aprendi a escrever para todo mundo entender e a sair do humor que é quase uma piada interna - avalia Natalia, vendo em "Adorável psicose" essa ponte entre dois estilos. - A série é para todo mundo, são situações pelas quais todas as pessoas passam.
Situações estas que incluem, por exemplo, encontrar um ex-namorado muito bem acompanhado no cinema e ter de disfarçar (ou não) a raiva. Ou, ainda, desfilar pelas ruas com a saia mal-ajambrada que deixa a calcinha aparecer - como na chamada da segunda temporada da série, que vem com "coisas absurdas" e inspiração no seriado de animação "Uma família da pesada" (no original, "Family guy"). O terceiro ano, aliás, já está encomendado pelo Multishow. Nada mal para quem ficou na dúvida se deveria botar a cara como atriz no próprio programa.
- Sempre dizia que, quando tivesse meu projeto, criaria uma oportunidade para mim mesma. Não queria esperar ninguém me descobrir. É muito difícil batalhar um espaço como ator, que é tratado como gado até conseguir ter visibilidade. E o autor iniciante é um pouco mais respeitado do que o ator iniciante - avalia a moça, que, sem coragem para prestar vestibular para Artes Cênicas, enveredou pela Comunicação e chegou a trabalhar como produtora.
Curiosamente, foi justamente a oportunidade que criou para si mesma que fez Natalia ser descoberta. Autor de "Macho man" ao lado da mulher, Fernanda Young, Alexandre Machado viu a moça em "Adorável psicose" e gostou. Foi assim que ela ganhou o papel de Nikita, que finge ser gótica para ser aceita pela sociedade: na verdade, ela é cantora de bossa nova em um piano-bar:
-Todos ali me ajudam como atriz. A Marisa Orth é hilária, e Jorge Fernando é incrível. No meu primeiro dia de gravação, ele já me deu vários toques. No começo, ficava nervosa por estar ali, mas agora já me divirto.
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