Nova novela da Record, Máscaras fugiu do "esquemismo" que tomou conta da televisão. Apostou em uma narrativa "radical", em que um leque vai se abrindo lentamente, apresentando as tramas e os personagens sem pressa.
A inovação de Lauro César Muniz está saindo cara. Máscaras estreou com média de 11 pontos na Grande São Paulo, mesmo índice de sua antecessora, Vidas em Jogo. Mas, ao contrário da novela de Cristianne Fridman, não decolou nos capítulos imediatamente seguintes. Na média dos seis primeiros capítulos, tem nove pontos em SP. Vidas em Jogo cravou 12.
Apesar da queda, Muniz diz que não pretende alterar nada na história de Máscaras pelo menos até 0 40º capítulo. Mas já estuda uma forma de acelerar a narrativa. E avisa: máscaras vão cair mais cedo.
A seguir, entrevista exclusiva com o autor:
R7 - O sr. esperava algum estranhamento por parte do público?
Lauro César Muniz - Esperava, claro. Subverti o formato tradicional.
Não é a primeira vez que abro uma novela assim. Fiz pela primeira vez em Escalada (1975), e desde então sempre fiz o capítulo inicial como se fosse um teleteatro com força e poder em si. Em Máscaras, eu radicalizei, adotei uma estrutura de leque, ou seja, não apenas o primeiro capítulo não se abria para outros núcleos, como também os seguintes, sempre abrindo vagarosamente até chegar ao capítulo em que todos os personagens se encontram no navio.
Acreditei que a trama forte e instigante segurasse o telespectador. Houve uma perda de uns 20%. Muito grande.
R7 - Na sua opinião, por que a audiência de Máscaras caiu?
Muniz - Estou fazendo uma avaliação inicial. É uma novela com temas muito fortes: depressão pós-parto (DPP), um sequestro com bebês envolvidos, uma garota morrendo com câncer, uma festa de descasamento. Não acenei para a alegria e a felicidade. Fui radical e estou pagando por isso.
R7 - O público de novela é muito conservador?
Muniz - O público gosta de novidades, mas tantas foram as novelas de fácil comunicação, esquemáticas, simples demais, que os telespectadores tomaram o formato como padrão. Todos parecem querer ver a mesma coisa sempre, mudando um pouco a história mas mantendo sempre o maniqueísmo. Há exceções, claro. Mas não pesam pela avalanche de histórias simples demais.
Máscaras está contra a corrente dos mais acomodados, está mexendo um pouco com o universo dos telespectadores. É bom que isso aconteça, mas nós temos que ter paciência.
R7 - Estão sendo tomadas medidas para alavancar o ibope da novela?
Muniz - Eu já ultrapassei o capítulo 40. Não vou mexer em nada até aí. Seria desorganizar uma história que está bem amarrada.
A novela vai reagir. Calculo umas duas semanas ainda. Há que fazer alguns acertos (sempre normais) com relação à realização que ainda grava capítulos mais baixos: acelerar o ritmo das cenas, buscar mais dinamismo, cuidar de alguns detalhes no visual.
R7 - Vai haver mudanças na trama e na narrativa?
Muniz - Só a partir do capítulo 40. Trata-se de uma trama policial rigorosa. Mudar a trama seria fatal. Quanto à narrativa estou discutindo com meus companheiros de trabalho um formato ligeiramente mais explícito, para um público menos habituado aos thrillers (histórias policiais). Vou desmacarar alguns personagens mais cedo, esclarecer um pouco mais os enigmas (máscaras), fazer temporariamente algum balanço para o telespectador mais passivo.
Confio plenamente na percepção da grande maioria do nosso público. Tenho testado, conversado com pessoas mais simples, estão entendendo tudo, estão curiosos, querem saber o desenrolar da trama.
Vai dar certo!
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