É gol do juiz! Pode isso, Arnaldo?
Spoilers Abaixo:
O “sonho” que abre o episódio dessa semana, em que Juarez faz um gol de pênalti, denota o time de futebol do coração do árbitro: o Juventus (não o de Turim, mas o de São Paulo mesmo). E daí surge o dilema ético do capítulo: é possível apitar idoneamente uma partida para o time de seu coração?
Por motivos desconhecidos, talvez para testar a hombridade do árbitro, Camponero escalou Juarez para o “jogo da morte” entre Juventus x Recreativo, pela série A2 do Campeonato Paulista – algo estranho para um juiz que quer arbitrar a Copa do Mundo e, para isso, tem que “fazer sua fama” em jogos de times grandes. Para evitar a publicidade negativa, Juarez logo aponta que torcia pelo Juventus quando criança, mas que “não torce mais para time nenhum”. Claro que essa afirmação é política, desmentida logo na cena em que, em um barzinho (provavelmente da Mooca), Juarez é traído por sua expressão facial, que se ilumina ao ouvir o hino do time – apitar esse jogo seria mais difícil do que a encomenda. Além da pressão que sofria de si mesmo, Juarez ainda teve que lidar com “fatores externos”, como a camisa que o presidente do time, Gino Viale, lhe presenteara; ou o pedido do próprio filho para “dar uma mãozinha” ao Juventus.
Como bem asseverou Carvalhosa, qualquer que fosse o resultado, a culpa seria do juiz. Pra piorar, Juarez ainda se deixa posar para uma foto ao lado de Gino e do filho (com a camisa do “Moleque Travesso”) – olha a mancada, seu juiz! Para resolver o problema, e mostrando que amigo é pra essas coisas, Carvalhosa tratou de tascar um soco na cara de Juarez, arrebentando seu nariz. E digo uma coisa: esses “acidentes de última hora” só não são mais estranhos que gol de juiz. Achei digna a manobra do roteiro em afastar Juarez (todos sabemos que ele iria manter o decoro e não iria “roubar” para ninguém), ficando para Serjão a tarefa de apitar a peleja.
Daí brota uma situação impensável, pelo menos pra mim: o favorecimento de um time por motivos mais “íntimos” – mais especificamente, “o Brad Pitt do Recreativo”. É certo que os roteiristas pesaram um pouco a mão na arbitragem de Serjão: não aconteceria tanta roubalheira a um mesmo time, em um mesmo jogo. Mas o fato serviu para ilustrar como o ser humano é influenciável e como é importante manter o profissionalismo (ainda mais por um motivo fútil como esse). Espero que o fato não seja esquecido, e que Serjão seja punido pelos pênaltis e faltas marcados em equívoco, não bastando, para tal, os xingamentos que recebera da arquibancada. Talvez seu futuro no trio esteja ameaçado e conheçamos mais um bandeirinha nos episódios seguintes.
Com a derrota do Juventus (mais um jogo em (fdp) se decide por pênalti aos 45 do segundo tempo), o time cai à série A3 do campeonato – para a tristeza do protagonista, do filho e de Gino (o autor do xingamento do fim deste episódio). Ocorre que Juarez nem o merecia – muito mais filhos da puta foram Serjão e, mesmo com boas intenções, Carvalhosa.
Mudando de assunto, foi ótima a aparição do casal Rosali e Guzman (cuja falta foi sentida no episódio passado). Coitado do Juarez, que não pode nem assistir o programa do Neri Nelson em paz sem a mãe mudar o canal e lembrar, no maior cinismo do mundo, que ele não tem TV. Guzman, por sua vez, já encarnou o papel de pai (mas é muito folgado mesmo!), e deu uma aula de que pai “não é quem entra com espermatozoide, é quem te cria” – fazendo o protagonista pensar no seu rebento e tomar coragem para levá-lo à partida do Juventus, sem avisar à mãe do garoto – o que eu até entendo: ela não ia deixar mesmo…
Por falar em mãe, cada vez minha antipatia pela criatura aumenta mais, principalmente pela repetição, episódio após episódio, das falas “você nunca mais vai ver meu filho” e “você transou com uma prostituta e me deu sífilis”. Ok, Manu, já deu pra entender. Depois, fica fazendo “bola-gato” no namorado em plena luz do dia, no estacionamento da casa, com o portão aberto e diz não querer ser vista. Sei. Pior que, como já denotei acima, Juarez ainda dá combustível para o “mimimi”, levando o filho ao jogo sem avisar – agora aguente a chatice dos próximos episódios.
Fora isso, (fdp) continua com todos os elementos que fazem da série uma ótima comédia. De fato, nesta semana a quantidade de palavrões e de frases politicamente incorretas esteve ainda maior, o que deixa tudo mais realista (destaco o técnico do Juventus, reclamando de Serjão: “esse viado aí, que dá a bunda pro moleque!”). Se jogarem a Manu de um penhasco, aí fica perfeito.
- Foi desnecessária a substituição do bebum Afrânio Carlos por Gilda Marques (interpretada por Chris Couto). Os bordões avulsos relacionados ao universo feminino (como o inspirado “futebol é que nem bolsa de mulher, ninguém sabe o que vai sair de lá”), além de desprovidos de graça, não surpreenderam – todo mundo sabia que ela ia falar esse tipo de coisa. Mirou na inovação, acertou no choque velho.
- Suspeito que a dupla que escreve os episódios, José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta, já teve um trauma muito grande com advogado. Se no segundo episódio insinuaram que causídicos cobram caro demais, dessa vez, Juarez abomina a possibilidade de seu filho ser criado por outro homem – “homem não, advogado!”. Pera aí, quer dizer que advogado não é homem? Estou pessoalmente ofendido.
- Por falar em advogado, mais um erro jurídico: Rui disse que convenceu Manu a não “prestar queixa” do crime de sequestro. Ocorre que tal crime é de ação penal pública, não cabendo o instituto da queixa. Ademais, entendo não ter ocorrido tal crime (não houve cerceamento da liberdade de locomoção, nem dolo de sequestrar). Reitero: assessoria jurídica para ontem, Prodigo Films!
- No episódio, o Juventus joga pela série A2 do campeonato paulista e é rebaixado para a série A3. Na realidade, é o contrário: desde 2010, o “Moleque Travesso” disputava a terceira divisão do paulistão e somente este ano conseguiu garantir vaga para a segunda divisão do campeonato de 2013.
- “Ela pode dar pra quem ela quiser, inclusive pra mim.” (sobre Manu)
—–
- “Está escrito na Bíblia, não sei se tiraram, deve tá lá: não comerás a ex-mulher do seu amigo”.
—–- “Juarez, como é que você consegue se cagar tanto em cinco minutos?”
—–
Juarez: “Fudeu, cara, fudeu!”
Carvalhosa: “Quem fudeu quem?”
Juarez: “Eu me fudi!”
Carvalhosa: “Normal, né? Eu quando fico sozinho também topo uma fudidinha!”
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