quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Sessão de Terapia – 3ª Semana


Coisas simples como um atraso, uma cafeteira, um vaso, uma mancha ou uma ida ao banheiro,
em Sessão de Terapia tomam proporções inimagináveis!

Spoilers Abaixo:

A 3ª semana de Sessão de Terapia não decepcionou e desenvolveu novas situações. Uma coisa importante que deixei de comentar em minha última review, foi que eu não vi a série original israelense Be Tipul e a versão brasileira, está sendo o meu primeiro contato com essa trama e seus personagens.
Por isso, te convido a assim como eu, entrar no mundo e no inconsciente desses personagens tão complexos e humanos. Vamos ver o que rolou nessa 3ª semana?
 
Segunda- Júlia
O atraso de 10 minutos de Júlia adiantou mais um embate na relação terapeuta e paciente com Théo. O atraso foi justificado por ela querer ajudar um cachorro na rua, fato que intrigou Théo, e o fez refletir se já não era a hora de encerrar a terapia com Júlia. Para Théo, o fato de Júlia se atrasar pela primeira vez em um ano de terapia, é uma resposta de que seu trabalho não está mais dando certo, é como se ela estivesse desistindo de ser tratada. Para Júlia, Théo só estava esperando um deslize como esse para usar como desculpa para não ser mais seu terapeuta, afinal, é ele que está numa situação cômoda fingindo que aquela situação não existe e ela já está errada antes de abrir a boca, porque ele é o terapeuta.
 
Ao julgar pela cena inicial do episódio, em que Théo é observado pelo filho acordando no sofá do consultório, o casamento com sua esposa Clarice não vai bem. E Júlia após aceitar o pedido de casamento com André, declarou que ele parece a noiva no relacionamento, porque ela está indiferente em meio a tudo aquilo, ela nem sequer contou ao pai doente a notícia de que vai se casar. Júlia começou a pensar se valia a pena rodear a casa e a vida de Théo, como ela mesma disse, André a adorava, então por que ela continuava a desejar quem não a queria? Achei curioso Théo dizendo que ela se identificava com o cachorro, porque assim como cachorro estava perdido no trânsito, ela estava perdida na vida.
 
Théo ainda instigado com o atraso de Júlia, disse que o atraso era o reflexo da raiva da moça, raiva que ela sentia de não ser correspondida, raiva de não poder ter o que queria naquele momento. Ele estava certo de que para ela, ele não era mais seu terapeuta, era um homem que a humilhava e rejeitava a cada sessão. Júlia o lembrou de que provavelmente ela não era a primeira paciente a se apaixonar por ele, então por que ele não fazia o que era necessário? Ele não tinha obrigação de amá-la. Ou será que Théo também estava tentando fugir, porque o sentimento e atração era recíproco?
 
Nesse momento a câmera focou na reação de ambos, mas uma resposta de Théo não veio, apenas a constatação de que o horário de Júlia havia terminado. Sem os minutos a mais que pediu, ela saiu e encontrou com Breno (que estava com uma caixa na mão) na saída. Ela lembrou a ele de que ainda não era terça-feira, os dois reclamaram do terapeuta e o episódio terminou com Breno dando uma carona para Júlia. Como será que vão abordar essa interação de Júlia e Breno nos próximos episódios?
 
Frase do episódio- Júlia provocando mais uma vez Théo: “Por que você não pode me tratar? Por que você também está apaixonado por mim?” .
 
Terça – Breno
Breno chegou à sessão (no dia certo dessa vez) com a mesma caixa na mão, surpreendendo Théo. Arrancou-me risos o fato dele ter dito que comprou a cafeteira porque o café de Théo era horrível, e pelo que ficamos sabendo, para Júlia, nem chá de saquinho o terapeuta sabe fazer. Aliás, o encontro de Júlia e Breno também foi explorado nesse episódio, mas vamos falar disso mais pra frente. Para Théo, a cafeteira foi a prova de que Breno estava tentando se familiarizar naquele ambiente, estava disposto a ser de fato, o seu paciente e fazer terapia. Mesmo com Breno tentando desconversar depois e dizendo que só estava emprestando a cafeteira, já deu pra perceber que agora era definitivo, já que ele contou mais um pouco de sua relação familiar.
A opinião de Breno sobre o seu filho foi no mínimo curiosa, porque ele disse que o garoto era especial, mas totalmente o seu oposto, já que seu filho pensava no próximo. Nesse caso, Breno julgou que seu filho era bom demais para ser comparado a ele, uma exceção numa família de homens problemáticos e que o garoto muito provavelmente, puxou à mãe, que é inteligente e moderna. Mais uma vez, Breno retornou à sua figura paterna, conta que seu pai traiu sua mãe por diversas vezes e Théo constatou que o fato de Breno sair de casa é uma maneira de agir ao contrário de seu pai.
Sim, Breno decidiu sair de casa e segundo ele, a esposa nem surpresa se mostrou com a atitude, apenas disse “Eu já esperava por isso”. Agora sem compromisso, Breno já tem alguém em mente: Júlia. Breno logo contou a Théo sobre seu envolvimento com Júlia e ela, mesmo sem aparecer no episódio, soube como provocar mais uma vez o terapeuta, já que ligou durante a sessão para falar com Breno, sabendo é claro que ele estaria lá naquele horário. Por fim, Breno buscou uma mais vez a opinião de Théo, questionando-o se em seu lugar se envolveria com Júlia, só que aí já era hora da sessão acabar.
 
Gostei dos detalhes desse episódio, como quando tudo ficou em silêncio só porque Breno estava colocando um pouco de café na xícara, ou o close nos olhos inquietantes de Théo e destaco a atuação de Zécarlos Machado que soube demonstrar para mim todo o desconforto e a irritação de Théo com aquela situação.
 
Frase do episódio- Breno questionando Théo sobre Júlia: “Se você estivesse no meu lugar, você se envolveria com ela?”.
 
Quarta- Nina
Quando Théo largou seu livro, abriu a porta e viu Nina com o pescoço enfaixado, eu tive a certeza que o episódio seria bem dramático. Depois que a moça explicou que o pescoço enfaixado era porque tinha dormido de mau jeito no sofá, ela entregou, bem alegre, um barco de presente para coleção de Théo. Théo entendeu que aquele presente demonstrava que a moça estava com medo que aquela fosse a última sessão e sugeriu que ela virasse de vez sua paciente. A troca de lugares (Nina na cadeira e Théo no sofá) e a moça imitando o terapeuta reforçou a ideia de que ela deseja que ele se coloque em seu lugar, tentando uma cumplicidade.
 
Nina começou desabafando sobre a separação de seus pais e como isso a afetou, levando-a a buscar refúgio na casa de Leon e Helena, que eram seus vizinhos. A complexidade de sua relação com Leon (que descobriu sua habilidade como ginasta) foi provada em suas palavras, como quando ela disse que ele a amava, mas ao mesmo tempo se distanciou dela com a volta de Helena ou gritou com ela nos treinos. Como Théo disse, devia ser muito difícil aguentar tudo isso, sem poder fazer nada e ainda contar com indiferença tudo aquilo.
Além de se sentir sozinha, como demonstrou na sessão passada, nessa sessão ela deixou claro que se sente culpada por tudo. Seja por estragar tudo com Leon e Helena, pelo acidente ou pela separação de seu pai e da madrasta que não a aceitava. O olhar deslocado e distante de Nina nos mostraram em como era difícil aquela situação e sem auto piedade, a moça revelou que acha melhor estar em casa, porque assim não pode estragar nada, mesmo que só se sinta verdadeiramente “em casa” nos treinos. Ficamos sabendo também que o acidente ocorreu na noite em que Nina saiu da festa de Tati, filha de Leon e Helena, onde se sentiu totalmente deslocada e saiu envergonhada com o presente que Helena deu a ela. Diante desse fato, fica difícil de imaginar que o acidente não foi uma tentativa de suicídio, mas com o passar dos episódios, vamos descobrir.
 
A trilha sonora esteve perfeita, passando o momento exato da mudança de comportamento e da tensão que foi instalada quando Nina questionou se Théo colocaria que ela foi culpada ou não do acidente, e mesmo com Théo dizendo que não acreditava nisso, a moça ficou bastante exaltada. Quando o tempo de Nina acabou, Théo ligou para Isabel, mãe da garota, já perguntando sobre a perícia e é óbvio que semana que vem, ela estará de volta. Destaco a imagem do vaso que Nina quebrou no banheiro, estilhaçado no chão, e a certeza que ficou em nós de que Nina também estava como aquele vaso, diante de tudo que estava passando na vida. O vaso não tem mais conserto, mas a garota, nós esperamos que tenha.
 
Frase do episódio- Nina sobre sua carência após a separação de seus pais: “Eu precisava de alguém pra cuidar de mim”.
 
Quinta- Ana e João
Nessa semana, todas as vezes que Théo abriu a porta do consultório, tivemos uma surpresa. Na quinta-feira não foi diferente. Dessa vez, só Ana estava presente. Depois de sofrer um aborto natural durante a sessão de terapia, ela retornou ao consultório querendo expor seus sentimentos sobre o ocorrido, sem a companhia de João. Entendi que a escolha de ir sozinha foi até porque os sentimentos de Ana no momento, não são os esperados de uma mulher que acabou de sofrer um aborto; ela disse que estava se sentindo feliz, radiante e até com vontade de dançar.
 
O mal estar de Ana não é por ter perdido o bebê e sim, por não se sentir culpada diante daquela situação, o que fez com que ela perguntasse a Théo se ele o achava fria. Achei incisiva a resposta do terapeuta, dizendo que ela só ela queria brigar com ele, até porque desde a primeira sessão, percebemos que Ana e João expressam seus sentimentos através das brigas. O comportamento de Ana durante a sessão me surpreendeu, tudo porque como Júlia, ela começou a provocar e paquerar Théo. O terapeuta logo percebeu e disse que aquele comportamento era uma tentativa de envolvê-lo numa briga com João, assim como ela envolvia seu chefe Veloso (com quem João acreditava que ela o traía). Vale lembrar que a relação do casal surgiu de uma traição (Ana era casada), é como se Ana tivesse a necessidade de formar um triângulo, como se ela não soubesse sustentar uma relação a dois e tivesse que envolver uma terceira pessoa.
Ao passar a mão sobre o sofá, Ana perguntou da mancha que ficou do aborto e se Théo demorou muito para tirá-la. Tudo porque no fundo, Ana não queria que a mancha e aquela situação fosse esquecida facilmente, queria que todos se lembrassem de sua agressividade em relação ao bebê, para que ficasse marcado que o que ela queria (o aborto) aconteceu. Após ligações ignoradas, João chegou ao consultório. Apesar de controlador, João se mostrou totalmente inseguro, com medo de ser traído, tudo porque é sustentado pela esposa e está sempre com uma opinião contrária à de Ana e Théo. Depois de Ana ir embora, Théo fala com João sobre ele ir ali não só pela esposa, mas por si próprio.
No fim do episódio, ainda ficamos sabendo mais sobre o que ocorreu depois que Clarice revelou estar traindo Théo. Ela desabafou dizendo que começou o caso por ela, está saindo todas as noites e ainda vai com o amante para Roma (o que ficou claro que era um lugar importante na sua história com Théo). A relação está insustentável, os filhos já estão percebendo e Théo permanece irritado.
 
Frase do episódio- Théo sobre a fixação de Ana em envolver mais uma pessoa na relação com João: “Você sente atração por triângulos?”.
 
Sexta- Dora
Imagine um terapeuta com problemas no casamento, que passa a semana toda ouvindo histórias de seus pacientes (sendo que uma está apaixonada por ele), que está irritado e resolver fazer terapia. É assim a sessão de sexta- feira. Ficamos sabendo logo no início, que o atraso de Júlia foi a desculpa perfeita encontrada por Théo, para seguir o conselho de Dora e encaminhá-la para outro terapeuta; embora depois ele tenha declarado estar arrependido.
Apesar de ter sido culpada por Théo pela conversa má sucedida com Júlia, Dora permaneceu intacta, irônica e incisiva em vários momentos. Como quando questionou o porquê de Théo se aproveitar de um deslize de Júlia para querer encaminhá-la a um terapeuta, ou usou o fato de Théo ter mudado de opinião e ter resolvido seguir o seu conselho de uma hora pra outra, como se quisesse fugir de fato da atração pela paciente. Achei bizarra (e engraçada) toda analogia que Théo fez de sua relação como terapeuta com Júlia, com quem vai ao ginecologista, ou no caso dele, quem vai tratar de uma dor nos testículos. O fato é que para ele, Júlia pode até não imaginar que ele a deseja, como ele confessou que fantasia após cada sessão, mas ela quer isso. Segundo Dora, Júlia já percebeu a atração de Théo e está usando isso a seu favor.
 
É claro que o assunto Breno não poderia ficar de fora. Algo curioso e que foi lembrado por Théo, é o fato de Breno, que sempre é tão certinho, errou o dia da sessão e isso fez com que ele conhecesse Júlia. É claro que Théo pensou que toda aproximação dos dois, era uma tentativa de Júlia para desafiá-lo, é como se a rejeição dele tivesse a empurrado para Breno. Nesse momento, em uma das melhores falas do episódio, Dora disse que isso estava direcionado ao homem com quem Júlia vai se casar, então porque Théo se sentia traído? Uma ida ao banheiro, pela segunda vez, foi o jeito que Théo encontrou de aliviar a tensão e fugir da pergunta tão direta.
 
A sessão de sexta-feira é maravilhosa, porque conhecemos mais do ser-humano Théo. Vemos que ele, como qualquer um de seus pacientes, também é afetado por problemas pessoais. Como o fato de seus filhos sentirem tudo o que está acontecendo em casa, ou de ter cuidado da mãe doente, ou ainda da sua raiva da mulher que vai pra Roma com o amante. Uma das coisas pessoais mais importantes é sua identificação com o pai que também era terapeuta, e seu pai ter fugido com uma paciente reforça sobre ele a necessidade de não cometer o mesmo erro. Dora, na sequência final, nos entregou a sua tese sobre o porquê Théo voltou ali e resumiu para ela cada um de seus pacientes; ele pensa em encaminhá-los a ela, por isso para ele é conveniente o fato de sua esposa ir viajar nesse momento, porque que ele quer abandonar tudo e ficar com Júlia. Até onde isso é verdade? É o que eu quero descobrir nas próximas sessões!
 
Uma coisa que sempre percebo nas sessões de sexta-feira é que algumas vezes, talvez pela tensão e ironia, falta naturalidade e os diálogos entre Théo e Dora, soam artificiais ou forçados. Semana passada, elogiei o episódio, mas nesse senti novamente um pouco disso. Espero que melhorem, porque sempre é bom ver esse duelo de titãs!
 
Frase do episódio - Théo sobre Dora pensar que ele estaria indo ao banheiro pra fugir de suas perguntas: “Dora, às vezes um mijo, é apenas um mijo”.
 
Resumo das impressões da 3ª semana:
A trilha sonora me agradou bastante essa semana, mas achei os cortes na edição muito bruscos em alguns momentos. É claro que eu não posso deixar de citar a novidade dessa semana: fato das histórias de Júlia e Breno se encontrarem. Isso me surpreendeu e contribuiu para uma agitação na história.
 
Cada personagem nessa semana teve uma evolução:
Júlia sem dar “show” e com um jeito mais desencanado e indiferente pareceu bem mais decidida e segura. Breno teve uma pitada de humor, o que aliviou a grosseria, que é uma de suas principais características. O fato de ele admitir que o filho seja bom por se parecer mais com a mãe é uma evolução para um personagem que sempre se julgou tão bom em tudo. Nina se permitiu interagir bem mais com Théo e até chegou a imitá-lo. Sem contar, que ela admitiu se sentir culpada. Ana começou a sessão sozinha, o que nos ajudou a conhecê-la mais, sem a pressão do marido. Descobrimos que ela ficou satisfeita com o aborto e de seu desejo de sempre querer incluir uma terceira pessoa na relação. João mostrou a sua insegurança por trás de seu lado agressivo. O medo de ser traído e a vergonha de ser sustentado pela esposa. Dora me pareceu uma mulher muito menos rígida do que a da primeira sessão. Seu sorriso com a pergunta de Théo sobre em que lado ficava o banheiro, nos permitiu acreditar que a volta de Théo para sessão também é significativa para ela. Théo teve um momento ótimo de confissão sobre o fato de sentir desejo por Júlia e fantasiar com ela, após cada sessão. Isso nos levou a ver além do grande profissional e descobrimos que a atração é recíproca.

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