segunda-feira, 23 de março de 2009

Elias Gleizer domina a cena na novela de Glória Perez


Mesmo um ator que o público acredita conhecer bem pode surpreender e muito. Falo de Elias Gleizer, o Cadore de “Caminho das Índias”. Seu mais frequente papel na televisão de uns anos para cá era o de padre. Só para citar alguns exemplos, ele foi religioso em “Salomé”, em “Terra nostra”, em “Sinhá Moça”.

Agora, em “Caminho das Índias”, ganhou de Glória Perez um aposentado semirabugento, que vive às voltas com os filhos que se odeiam.

Por outro lado, é também aquela única figura clarividente numa família complicada e sem calma para enfrentar os conflitos. E que conflitos. Com uma interpretação sem qualquer excesso mas longe de ser apagada, Elias vem se destacando em inúmeros momentos, muitos deles cenas em que Cadore seria apenas uma presença coadjuvante. Nas sequências de briga — uma casca de banana para muitos atores — Alexandre Borges (Raul) e Humberto Martins (Ramiro) têm tido altos e baixos. A gritaria e o gestual fora de controle às vezes traem os dois atores que ainda precisam fazer alguns acertos. Já Elias é impecável, transmite uma total segurança a respeito do caminho de Cadore. Com isso, está um passo à frente de quem ainda não achou o tom.

Mas nem tudo é drama na trama dele. Há romance e comédia também. Seria injusto não citar sua boa parceria com Luci Pereira, a divertida empregada da casa, Ondina. Cabe a ela realçar o aspecto mais reclamão de Cadore. Eles formam uma dupla divertida. Também não se pode deixar de esperar ansiosamente pelo seu romance com Cidinha, Eva Todor, a secretária que alimenta um amor frustrado por ele. Basta ver os filmes de Eva na época da Atlântida para constatar que ela vem se inspirando em antigas e eternas personagens para comover o telespectador. E está conseguindo.

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