domingo, 6 de março de 2011

VALE A PENA LER DENOVO


A Muralha foi uma telenovela brasileira, exibida entre julho de 1968 e março de 1969 pela TV Excelsior. Foi escrita por Ivani Ribeiro, baseada no livro homônimo de Dinah Silveira de Queiroz, e dirigida por Sérgio Britto e Gonzaga Blota.



Enredo

Através da família de Dom Braz Olinto (Mauro Mendonça), narram-se os fatos que levaram à Guerra dos Emboabas, por extensão, o choque dos paulistas que conquistaram terras e minas e os forasteiros de diversas procedências, principalmente baianos e portugueses, que queriam se apossar delas. A "muralha" significa a serra, como obstáculo às incursões dos bandeirantes nas suas buscas de novas terras e riquezas.

Na fazenda Lagoa Serena, rodeada pela "muralha" e desbravada pelos bandeirantes, mora Dom Braz, líder de uma bandeira, sua mulher, Mãe Cândida (Fernanda Montenegro), e seus filhos: Basiléia (Nathália Timberg), Tiago (Edgard Franco), Rosália (Maria Isabel de Lizandra), e Leonel (Gianfrancesco Guarnieri), que vive com a esposa, Margarida (Nicette Bruno). Ainda vivem ali uma sobrinha, Isabel (Rosamaria Murtinho), e um índio mestiço, Aimbé (Stênio Garcia).

Ao redor desses personagens flui toda a trama, iniciada com a chegada de Portugal de outra sobrinha de Dom Braz, Cristina (Arlete Montenegro), que se apaixonará por Tiago, apesar de latentes diferenças de cultura e mentalidade. Mas a jovem portuguesa terá de disputá-lo com Isabel, o braço direito de Dom Braz que o acompanha em suas bandeiras, uma menina que foi criada entre o convívio da família e dos índios, moldando, assim, uma personalidade arredia e selvagem. Mas o conflito maior será gerado por Rosália, ao se apaixonar pelo líder dos emboabas, o aventureiro e traidor Bento Coutinho (Paulo Goulart).


Elenco

Mauro Mendonça - Dom Braz Olinto
Fernanda Montenegro - Mãe Cândida Olinto
Arlete Montenegro - Cristina de Godói
Edgard Franco - Tiago Olinto
Nicette Bruno - Margarida Olinto
Gianfrancesco Guarnieri - Leonel Olinto
Maria Isabel de Lizandra - Rosália Olinto
Paulo Goulart - Bento Coutinho
Rosamaria Murtinho - Isabel Olinto
Stênio Garcia - Aimbé
Nathália Timberg - Basiléia Olinto
Nestor de Montemar - Parati
Cleyde Blota - Joana Antônia
Paulo Celestino - Mestre Davidão
Cleyde Yáconis - Bandeirante
Marcus Toledo - Toledo
Maria Aparecida Alves - Freira
Alex André - Padre Fabiano
Cláudio Corrêa e Castro - Dom Manuel Nunes Viana
Antônio Ghigonetto - Dom Júlio
Sílvio de Abreu - Abreu
Valdo Rodrigues - Tuiú
Edson França - Manuel Borba Gato
Silvana Lopes
Carlos Zara
Osmar Prado
Gonzaga Blota
Antônio Carlos Pires
Aldo de Maio
Gilberto Sálvio
Osmano Cardoso
Serafim Gonzalez
Rivaldo Perez - Apingorá



Curiosidades e Bastidores

Memorável trabalho da TV Excelsior. Superprodução orçada inicialmente em Cr$ 200 milhões mensais, uma fortuna para a época, em se tratando de orçamento para a TV; e possivelmente aumentou, dada as proporções que a novela assumiu.

Excepcional resultado final: adaptação explicando a História, sem deixar de criar um cuidadoso e envolvente clima novelístico. Apurado trabalho dos atores, perfeita produção de época e excelentes tomadas externas.

Duas sequências inesquecíveis: o ataque dos índios, quando se encontravam só as mulheres em casa; o cerco dos paulistas ao arraial da Ponta do Morro, onde estavam fortificados os emboabas. Com esta sequência, a telenovela atingia um estágio de produção nunca alcançado pelo cinema nacional. Foram mobilizadas 400 pessoas numa luta simultânea para mostrar, em 20 minutos de cena, o que fora o confronto entre os paulistas e emboabas.

A atriz Cleyde Yáconis apareceu num único capítulo, numa participação especial marcante: uma mulher de São Paulo que insufla as outras mulheres a não receberem seus maridos em casa enquanto eles não voltassem para a guerra contra os emboabas para vingarem os mortos paulistas.

Gianfrancesco Guarnieri comentou em depoimento ao livro Glória in Excelsior, de Álvaro de Moya:

"A Muralha foi uma novela realista, com cuidados muito grandes de reconstituição... de levantamento histórico, inclusive de figurinos (...) Ela foi muito bem dirigida pelo Sérgio Brito que valorizava tudo o que tinha... ele conseguia dar a idéia de espaço... você via a tropa lá no morro, contra a luz, mostrando a silhueta, depois outra câmera, lá em cima, mostrava de perto... a televisão não estava habituada a isso... A Muralha deu uma nova valorização ao uso da externa na TV."

Segundo a atriz Arlete Montenegro:

"A Muralha tinha cenários de dois andares, foi um trabalho de ator, de cenários, uma produção inesquecível... Imagine que o ator norte-americano Larry Hagman (...) veio passar umas férias no Brasil. Visitando São Paulo e a TV Excelsior ele viu o cenário de A Muralha e não entendia que aquilo pudesse ser só televisão. Ele perguntava: 'Mas é filme o que vocês estão fazendo? É para vender?' (...) ele não sabia o que era novela e dizia que aquele cenário, aquela multidão era só para fazer filmes, pois devia ser muito caro... Ele não se conformava com uma produção tão cara ser local e novela, coisa que não dava retorno financeiro."

Anteriormente duas versões simplistas já haviam sido levadas ao ar: a primeira em 1958 na TV Tupi, e a segunda em 1963 pela TV Cultura.

Em 2000 a Globo apresentou uma nova adaptação em forma de minissérie (escrita por Maria Adelaide Amaral), onde a história foi transportada para o século XVII e novos personagens foram criados. Nessa minissérie (um grande sucesso), Mauro Mendonça voltou a interpretar Dom Braz Olinto.

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