O estado de saúde de Gregório (Milton Gonçalves) piora em "Insensato Coração". Ele tem um grave problema respiratório no capítulo 134, previsto para ir ao ar no dia 21. Carol (Camila Pitanga) está ao seu lado no hospital e, pela primeira vez, ele é carinhoso com a ex de André (Lázaro Ramos), que foi em casa apenas para tomar banho e deixou Carol com o ex-sogro. Gregório pede, inclusive, para ver uma foto do neto. No capítulo seguinte, ele morre nos braços de André. Gregório dorme, com máscara de oxigênio. André cochila na poltrona. Gregório acorda com muita dificuldade para respirar, tira a máscara.
Gregório - André...
André, que está cochilando, acorda e dá um pulo:
André - Que foi?
Gregório - Por que você está aqui?
André - Te fazendo companhia, pai.
Gregório - Mas por quê? Eu sempre achei que ia morrer sozinho. Sua mãe foi embora cedo, sua irmã me largou, eu tinha certeza de que você também... Por quê que você tá aqui?... Eu deveria estar sozinho agora... Você tinha razão...
André - Não, eu tava enganado, pai. Ninguém merece ficar sozinho numa hora destas. É por isso que eu estou aqui.
Gregório - Mas eu nunca te fiz nada de bom...
Nessa hora, a dificuldade de respirar aumenta, André aperta o botão para chamar a enfermeira.
Gregório - Segura a minha mão, filho...
André obedece e os dois se olham. André fica muito emocionado.
André - Ô pai...
Gregório - Te cuida, filho...
Ele morre. André, profundamente abalado. A enfermeira entra, constata rapidamente o óbito, olha seu relógio e sai apressada. Dr. Santana (ator ainda não escalado) e a enfermeira ficam ao lado do leito. O médico fala para a enfermeira:
Santana - Ele faleceu. Anotou a hora do óbito? André, não havia mais nada que a gente pudesse fazer. Meus pêsames.
André fica abalado coma morte do pai. André sai do hospital e vai para a casa de Carol. Ela abre a porta e ele entra, muito triste.
André - Obrigado, eu sei que está tarde, mas não ia dar pra ficar em casa sozinho.
Carol - Claro que não, eu sei... Já comeu?
André - Não. Passei um tempão resolvendo tudo com o cara da funerária, não tem nada melhor pra tirar o apetite.
Carol - Devia ter ligado pra mim, pro Beto... Cuidar sozinho de coisas práticas nesta hora é horrível... Senta aí que eu esquento a lasanha que a Haidê deixou, rapidinho. Alice não jantou, foi a um aniversário, sobrou quase tudo. Já volto.
Carol vai até a cozinha e deixa André na sala, meio perdido. Ele vê um porta-retrato com foto de Antônio e começa a chorar. Neste momento, Carol volta da cozinha.
Carol - Acho que em cinco minutinhos tá pronto, não gosto de botar no microondas por que...
Carol vê que ele chora, vai até André e dá um abraço no ex, solidária.
Carol - Ô, querido...
André chora muito.
Carol - Nem sei o que te dizer...
André - Não precisa dizer nada... Nada...
André desaba no ombro dela e chora mais. Os dois se abraçam forte. Depois jantam, bebem um vinho, mas André continua frágil.
André - Acho que pior do que ver ele morrer foi ver a solidão, sabe? Isso é o mais triste, é uma coisa que chega a doer.
Carol - Meu pai sempre diz que a gente nasce sozinho e morre sozinho.
André - Não é verdade. As pessoas que são queridas, que sabem fazer as outras pessoas gostarem delas... Estas não morrem sozinhas, não. A hora de morrer, em si, claro que é solitária, mas, se tiver alguém que te ama ao teu lado, é muito diferente.
Carol - Você estava ao lado dele.
André - Mas não amava ele. Foi por obrigação.
Carol - Se você sentia que tinha esta obrigação, era amor, de algum jeito.
André - Eu tenho medo... medo de ser mais parecido com ele do que eu imaginava, acho que eu também não sei criar laços, fazer as pessoas gostarem de mim... Na verdade, eu nunca quis isso, nunca entendi pra que servia... mas eu não quero morrer sozinho.
Carol - Isso nunca vai acontecer com você, André, você tem o Antônio, tem a mim.
André - Eu tenho você?
Carol - Você sabe que sim. A gente, querendo ou não, sempre vai ter uma coisa forte, a gente tem um filho e...
André beija Carol no impulso.
Carol - Não faz isso...
Ele a beija de novo, ela corresponde, num ímpeto.
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