Kléber (Cássio Gabus Mendes), finalmente, vai reconhecer Sueli (Louise Cardoso) do tempo de juventude, em “Insensato coração”. Depois de beber um pouquinho a mais durante conversa com a quiosqueira, em que ela pergunta se ele não é o Garnizé da turma da Miguel Lemos, o jornalista tem um estalo: vai à casa da comerciante e pergunta se ela não é a Sula, que fazia parte da mesma patota.
Sueli brinca que até que enfim ele a reconheceu. Kléber fica euforico ao reencontrá-la, diz que foi no carnaval de 1985 e que a procurou a beça depois disso. Os dois relembram aquele momento entre risos e um climinha pinta quando ela afirma que eles se perderam, mas se reencontraram na terça-feira de carnaval. “Daquela noite, eu nunca esqueci. (...) Foi muito bom te reencontrar depois de tanto tempo”, afirma o jornalista, segurando a mão de Sueli. Os dois acabam dormindo juntos e reatando altiga relação.
Isso faz com que Sueli tome coragem e conte a Kléber que ele é pai de Eduardo (Rodrigo Andrade). Os dois estão conversando sobre a festinha que ela quer fazer para comemorar a assinatura do contrato de união estável do filho com Hugo (Marcos Damigo) e o jornalista pergunta se não é um pouco demais. A quiosqueira se irrita e acaba revelando seu segredo. Veja a cena:
Sueli — Esse papel representa a coragem do meu filho de ser feliz como ele é e com quem ele quer. Cê acha pouco? Difícil o preconceito ir embora, né?
Kléber — Sula, eu tô aprendendo a respeitar os dois, tô tentando respeitar todos eles, tô começando a entender que não tenho nada a ver com a vida dos outros. Mas bolinho, festa...?
Sueli — Tá, você respeita se ficarem escondidos, se não fizerem barulho. Não tem problema ser gay, desde que não seja seu chefe, seu amigo... (t) Desculpe, mas respeito é outra coisa.
Kléber — Sula, é um limite meu, eu sei que é seu filho, mas ...
Sueli — É seu filho também, seu idiota!
Kléber — Quê que é isso, pegadinha?...
Sueli — Antes fosse, era mais fácil.
Kléber — Se você inventou isso só pra me fazer ver as coisas de outro ponto de vista, pra eu aceitar mais fácil o que o teu filho vai fazer, eu nunca vi uma ideia de tamanho mau gosto!
Sueli — Desde que eu vim morar aqui e te vi, fiquei com a pulga atrás da orelha, não tinha certeza, preferi acreditar que não era. Mas, infelizmente, a vida adora pregar essas peças na gente e você é mesmo o Garnizé.
Kléber — Quer explicar isso direito?
Sueli — Quando nós começamos a ficar juntos, meu primeiro impulso foi pensar: “não vou contar, ele passou estes anos todos sem saber, deixa quieto”. Eu tinha certeza de que você ia ter essa reação triste. Eu engravidei naquele carnaval, Kléber. O resto, você junta dois e dois.
Kléber — Mas como?!... Por que você não me procurou?, por que não...?
Sueli — Eu tentei! Mas não tinha uma pista de como chegar em você!
Kléber — Eu também te procurei tanto, depois!
Sueli — O fato é que a gente não se encontrou, eu tava numa aflição danada, sozinha, morrendo de medo, cheguei a pensar em tirar... Mas resolvi ter o meu filho. E, vou te dizer, não tive um segundo de arrependimento estes anos todos! Na sua cabeça, o Eduardo pode ser um problema, um incômodo; pra mim, foi só alegria, só coisa boa. Como é que eu não vou ficar estourando de felicidade de ver ele encontrar um companheiro maravilhoso, coisa que eu mesma nunca tive?... Como é que eu posso sentir alguma coisa que não seja orgulho?
Sueli, muito emocionada. Kléber, em choque.
Kléber — Ele sabe?
Sueli — Não, eu disse que o pai morreu. E acho que, se ele soubesse hoje, ia ficar mais triste de ser seu filho do que você tá de saber que é pai dele.
Kléber — Isso tudo é demais pra mim...
Ele sai, atarantado. Sueli, emocionada.
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