sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Amores Roubados – Capítulo 9




Toda a tensão do momento que antecede o Grand Finale.

A esta altura de “Amores Roubados” tudo o que me resta é me impressionar com toda a estruturação narrativa da trama. Todos os atores do elenco principal já tiveram inúmeras chances de se provarem – e o fizeram com perfeição – a trilha sonora continua sendo impecável, assim como a fotografia de Walter Carvalho. Assim, perto do fim, tudo se volta novamente a George Moura e José Luiz Villamarim, pois é graças à estes dois – roteirista e diretor, respectivamente – que se imprimiu este ritmo à minissérie. Ritmo este que simplesmente arrematou o público.

De princípio tínhamos a introdução e durante três capítulos vimos Leandro envolver-se com suas amantes: primeiro Celeste, depois Isabel e por fim Antônia. Durante os dois capítulos posteriores vimos esses relacionamentos ruírem, causando a destruição do próprio Leandro Dantas. Sua morte, durante o sexto capítulo é o grande ponto de virada da trama que, a partir de então adotou ares de thriller e em uma trama policial, imprimiu um ritmo mais rápido, deixando o público sem fôlego. O oitavo capítulo foi a bomba que destruiu todas as estruturas restantes da trama, deixando para o final apenas a imprevisibilidade. E agora, neste nono capítulo, começamos a ver através da poeira, após a explosão, os contornos do que restou daquela trama. O final está ali, na nossa frente, mas inteligentemente este capítulo apenas nos entregou vultos, as imagens se materializarão no derradeiro capítulo.

O final não é muito difícil de prever. Desde e o começo de “Amores Roubados”, mesmo com as cenas românticas e a trilha sonora inebriante, era claro que a história da minissérie não era uma história de amor. Era uma tragédia. Sempre foi. Se enganou quem pensou que não seria, seja um telespectador ou até mesmo um personagem. A tragédia sempre esteve rondando cada um dos personagens da minissérie e continuará ali, até destruir todos os principais envolvidos. Leandro foi a primeira vítima, morto. Depois foi Isabel, que certamente preferia estar morta a viver consigo mesma, neste momento. Depois a tragédia atingiu Celeste, que perdeu o que de mais valioso tinha: a confiança do marido. O mundo de Celeste já acabou. Ainda devemos ver alguma coisa relacionada a personagem no capítulo final, mas o fim dela já está traçado.

No tabuleiro que era “Amores Roubados” sobraram apenas alguns peões e duas peças importantes: um Rei e uma Dama. O Rei, representado por Jaime, está a apenas uma jogada de um Xeque-Mate. Matar Leandro criou uma reação em cadeia do qual Jaime simplesmente não foi capaz de prever e não está sendo capaz de controlar. A morte do sogro foi apenas mais uma tentativa desesperada de evitar o inevitável. Jaime será preso, morto ou vai fugir. Fato é que ele não conseguirá simplesmente esconder tudo o que fez e prosseguir com sua vida como era antigamente. Esta vida não existe mais.

O Rei está morto, Xeque-Mate.

A dúvida que resta apenas é o destino de alguns dos peões mais leais ao rei, como João e Bigode. Este último é um pobre coitado e certamente será sacrificado antes mesmo que se chegue ao próprio Jaime, mas João é uma peça interessante nesse tabuleiro. O destino do personagem é, provavelmente, a maior surpresa que o último capítulo vai nos apresentar e eu realmente não sou capaz nem de arriscar nada.

Do outro lado do tabuleiro temos a última grande peça a resistir: Antônia, a bela e formosa Dama vivida por Ísis Valverde. Até então parada, sem ser acionada para absolutamente nada e apenas sofrendo os golpes deferidos contra seus parceiros e aliados, chegou finalmente a hora dela entrar no jogo. Na cena final do capítulo encontramos aquele que foi o maior – e provavelmente o último – grande gancho que a minissérie nos apresentou. Ao descobrir que o pai foi o grande responsável pela morte de seu amado, “Amores” já nos antecipou logo o grande último embate da minissérie: Antônia x Jaime. E se Isabel – que também descobriu tudo – não tem força psicológica para enfrentar o marido, a situação muda completamente quando vemos Antônia que desde duas primeiras cenas já enfrentava o pai e já chegou, inclusive, a indagar claramente o porquê de todo mundo ter medo de seu pai.

Fortunato cumpriu divinamente o seu papel de armar Antônia nesta guerra contra o pai e, infelizmente, como o bom peão que é neste tabuleiro, também deve ser eliminado antes que o jogo se encerre. No meio deste embate – que coloca como o grande protagonista da minissérie no seu capítulo final exatamente o núcleo da família Favais – ainda existem segredos a serem revelados (como a gravidez de Antônia e o próprio relacionamento que a moça tivera com Leandro) e creio que alguma surpresas também nos foram reservadas. A única coisa certa sobre este final é que a tragédia que já destroçou grande parte dos personagens também atingirá todos os membros desta família.

Aliás, admito não estar inteiramente correto em meus palpites acerca do final de “Amores Roubados”. A tragédia não atingirá a todos os personagens, mas apenas àqueles que colocaram suas peças no tabuleiro. Cavalcanti, que até então era uma peça no joguinho de sua mulher, já assumiu o controle da situação e está mais interessando em jogar seus próprios jogos com a mulher.

E Carolina… Bem, a esta altura do campeonato Carolina se mostrou ser a melhor jogadora de todos, nunca entrando diretamente no jogo, mas apenas observando tudo a distância. Não acho que seu final será a tragédia que foi o de seu filho, mas assim como no caso de João, não faço a mínima ideia de qual vai ser seu final… Torço para que seja o melhor possível.

::: Alguns Devaneios Finais:
- Osmar Prado continuou fantástico em sua vingança contra a mulher. A cena em que Cavalcanti obriga Celeste a ler os e-mails que escrevera para Leandro foi uma das melhores do capítulo. “Meu homem… Meu macho”.

- No que diz respeito a Ísis Valverde, não tenho muito o que adicionar. Mesmo “competindo” com Patrícia Pillar e Dira Paes, tem sido a dona da minissérie desde o começo dessa semana. Um dos melhores momentos da atriz em sua carreira. Seu texto é o mais complexo entre os personagens centrais e ela varia entre as diferentes nuances de Antônia com maestria. Confirma com todas as forças o posto de uma das melhores atrizes de sua geração.

- Por mais que a Globo tenha tentado evitar grandes quedas de audiência, “Amores Roubados” novamente ficou com 25 pontos – entrando ainda mais tarde do que na terça – o que ainda é impressionante (a média das 23h na Globo é 15 pontos), mas que certamente atrapalhará sua média-final que certamente seria superior a 30 pontos, não fosse o BBB.

- Na Globo há a vontade de continuar a ter minisséries de George Moura no início de ano da emissora. A ideia, novamente, era pegar um livro marcante de algum escritor nordestino brasileiro para a adaptação do roteirista. O problema é que George, no momento, só tem olhos para O Rebu, novela das 23h que estreia no segundo semestre deste ano e já disse também querer voltar-se para o cinema em breve.

- E mesmo para aqueles que não gostam de novela, “O Rebu” será um bom produto, pois contará com apenas 40 capítulos. E a dupla Moura/Villamarim promete imprimir um ritmo mais próximo ao de uma série à novela.

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