Toda a tensão do momento que antecede o Grand Finale.
A esta altura de “Amores Roubados” tudo o que me resta é me
impressionar com toda a estruturação narrativa da trama. Todos os atores
do elenco principal já tiveram inúmeras chances de se provarem – e o
fizeram com perfeição – a trilha sonora continua sendo impecável, assim
como a fotografia de Walter Carvalho. Assim, perto do fim, tudo se volta
novamente a George Moura e José Luiz Villamarim, pois é graças à estes
dois – roteirista e diretor, respectivamente – que se imprimiu este
ritmo à minissérie. Ritmo este que simplesmente arrematou o público.
De princípio tínhamos a introdução e durante três capítulos vimos
Leandro envolver-se com suas amantes: primeiro Celeste, depois Isabel e
por fim Antônia. Durante os dois capítulos posteriores vimos esses
relacionamentos ruírem, causando a destruição do próprio Leandro Dantas.
Sua morte, durante o sexto capítulo é o grande ponto de virada da trama
que, a partir de então adotou ares de thriller e em uma trama policial,
imprimiu um ritmo mais rápido, deixando o público sem fôlego. O oitavo
capítulo foi a bomba que destruiu todas as estruturas restantes da
trama, deixando para o final apenas a imprevisibilidade. E agora, neste
nono capítulo, começamos a ver através da poeira, após a explosão, os
contornos do que restou daquela trama. O final está ali, na nossa
frente, mas inteligentemente este capítulo apenas nos entregou vultos,
as imagens se materializarão no derradeiro capítulo.
O final não é muito difícil de prever. Desde e o começo de “Amores
Roubados”, mesmo com as cenas românticas e a trilha sonora inebriante,
era claro que a história da minissérie não era uma história de amor. Era
uma tragédia. Sempre foi. Se enganou quem pensou que não seria, seja um
telespectador ou até mesmo um personagem. A tragédia sempre esteve
rondando cada um dos personagens da minissérie e continuará ali, até
destruir todos os principais envolvidos. Leandro foi a primeira vítima,
morto. Depois foi Isabel, que certamente preferia estar morta a viver
consigo mesma, neste momento. Depois a tragédia atingiu Celeste, que
perdeu o que de mais valioso tinha: a confiança do marido. O mundo de
Celeste já acabou. Ainda devemos ver alguma coisa relacionada a
personagem no capítulo final, mas o fim dela já está traçado.
No tabuleiro que era “Amores Roubados” sobraram apenas alguns peões e
duas peças importantes: um Rei e uma Dama. O Rei, representado por
Jaime, está a apenas uma jogada de um Xeque-Mate. Matar Leandro criou
uma reação em cadeia do qual Jaime simplesmente não foi capaz de prever e
não está sendo capaz de controlar. A morte do sogro foi apenas mais uma
tentativa desesperada de evitar o inevitável. Jaime será preso, morto
ou vai fugir. Fato é que ele não conseguirá simplesmente esconder tudo o
que fez e prosseguir com sua vida como era antigamente. Esta vida não
existe mais.
O Rei está morto, Xeque-Mate.
A dúvida que resta apenas é o destino de alguns dos peões mais leais
ao rei, como João e Bigode. Este último é um pobre coitado e certamente
será sacrificado antes mesmo que se chegue ao próprio Jaime, mas João é
uma peça interessante nesse tabuleiro. O destino do personagem é,
provavelmente, a maior surpresa que o último capítulo vai nos apresentar
e eu realmente não sou capaz nem de arriscar nada.
Do outro lado do tabuleiro temos a última grande peça a resistir:
Antônia, a bela e formosa Dama vivida por Ísis Valverde. Até então
parada, sem ser acionada para absolutamente nada e apenas sofrendo os
golpes deferidos contra seus parceiros e aliados, chegou finalmente a
hora dela entrar no jogo. Na cena final do capítulo encontramos aquele
que foi o maior – e provavelmente o último – grande gancho que a
minissérie nos apresentou. Ao descobrir que o pai foi o grande
responsável pela morte de seu amado, “Amores” já nos antecipou logo o
grande último embate da minissérie: Antônia x Jaime. E se Isabel – que
também descobriu tudo – não tem força psicológica para enfrentar o
marido, a situação muda completamente quando vemos Antônia que desde
duas primeiras cenas já enfrentava o pai e já chegou, inclusive, a
indagar claramente o porquê de todo mundo ter medo de seu pai.
Fortunato cumpriu divinamente o seu papel de armar Antônia nesta
guerra contra o pai e, infelizmente, como o bom peão que é neste
tabuleiro, também deve ser eliminado antes que o jogo se encerre. No
meio deste embate – que coloca como o grande protagonista da minissérie
no seu capítulo final exatamente o núcleo da família Favais – ainda
existem segredos a serem revelados (como a gravidez de Antônia e o
próprio relacionamento que a moça tivera com Leandro) e creio que alguma
surpresas também nos foram reservadas. A única coisa certa sobre este
final é que a tragédia que já destroçou grande parte dos personagens
também atingirá todos os membros desta família.
Aliás, admito não estar inteiramente correto em meus palpites acerca
do final de “Amores Roubados”. A tragédia não atingirá a todos os
personagens, mas apenas àqueles que colocaram suas peças no tabuleiro.
Cavalcanti, que até então era uma peça no joguinho de sua mulher, já
assumiu o controle da situação e está mais interessando em jogar seus
próprios jogos com a mulher.
E Carolina… Bem, a esta altura do campeonato Carolina se mostrou ser a
melhor jogadora de todos, nunca entrando diretamente no jogo, mas
apenas observando tudo a distância. Não acho que seu final será a
tragédia que foi o de seu filho, mas assim como no caso de João, não
faço a mínima ideia de qual vai ser seu final… Torço para que seja o
melhor possível.
::: Alguns Devaneios Finais:
- Osmar Prado continuou fantástico em sua vingança contra a mulher. A
cena em que Cavalcanti obriga Celeste a ler os e-mails que escrevera
para Leandro foi uma das melhores do capítulo. “Meu homem… Meu macho”.
- No que diz respeito a Ísis Valverde, não tenho muito o que
adicionar. Mesmo “competindo” com Patrícia Pillar e Dira Paes, tem sido a
dona da minissérie desde o começo dessa semana. Um dos melhores
momentos da atriz em sua carreira. Seu texto é o mais complexo entre os
personagens centrais e ela varia entre as diferentes nuances de Antônia
com maestria. Confirma com todas as forças o posto de uma das melhores
atrizes de sua geração.
- Por mais que a Globo tenha tentado evitar grandes quedas de
audiência, “Amores Roubados” novamente ficou com 25 pontos – entrando
ainda mais tarde do que na terça – o que ainda é impressionante (a média
das 23h na Globo é 15 pontos), mas que certamente atrapalhará sua
média-final que certamente seria superior a 30 pontos, não fosse o BBB.
- Na Globo há a vontade de continuar a ter minisséries de George
Moura no início de ano da emissora. A ideia, novamente, era pegar um
livro marcante de algum escritor nordestino brasileiro para a adaptação
do roteirista. O problema é que George, no momento, só tem olhos para O
Rebu, novela das 23h que estreia no segundo semestre deste ano e já
disse também querer voltar-se para o cinema em breve.
- E mesmo para aqueles que não gostam de novela, “O Rebu” será um bom
produto, pois contará com apenas 40 capítulos. E a dupla
Moura/Villamarim promete imprimir um ritmo mais próximo ao de uma série à
novela.
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